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Emergências psiquiátricas: estratégias de intervenção para enfermagem

A Reforma Psiquiátrica no Brasil marcou uma mudança fundamental na abordagem da saúde mental, substituindo o antigo modelo centrado no manicômio por uma rede diversificada de cuidados, focada na liberdade e na autonomia dos pacientes. Essa transformação restringiu as internações psiquiátricas a pessoas com transtornos mentais graves e agudos, por períodos breves, visando à resolução das crises.

Os princípios do novo modelo de atenção à saúde mental resultaram em uma redução significativa no número de leitos psiquiátricos hospitalares e em um aumento dos investimentos na rede extra-hospitalar. Esta inclui uma variedade de serviços, como a Atenção Primária à Saúde (APS), os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), ambulatórios e serviços de urgência e emergência psiquiátrica, além de opções na rede privada, que oferece ambulatórios e internações.

Nesse contexto de transformação do sistema de saúde mental, é crucial abordar adequadamente as emergências psiquiátricas, garantindo intervenções eficazes e humanizadas.

Este artigo se propõe a explorar estratégias específicas de intervenção para enfermagem em situações de emergência psiquiátrica, contribuindo para uma assistência mais qualificada aos pacientes.

Emergências psiquiátricas mais comuns

As emergências psiquiátricas englobam uma variedade de condições, incluindo crises de ansiedade, ideação suicida, surtos psicóticos, abuso de substâncias, automutilção, heteroagressividade e outros transtornos mentais agudos que requerem atenção imediata.

É importante a identificação precoce dessas emergências, ressaltando que a intervenção oportuna pode reduzir significativamente o risco de resultados adversos, como tentativas de suicídio e automutilação.
A triagem adequada é o primeiro passo crítico no manejo dessas situações.

Tais quadros podem ser caracterizados como uma condição em que há um distúrbio de pensamento, emoções ou conduta, na qual um atendimento médico se faz imediatamente necessário, objetivando impedir maiores danos à saúde psíquica, física e social do indivíduo ou eliminar possíveis riscos à sua vida ou à de outros.

Vale destacar que fazem parte dessa clientela tanto pessoas que possuem história de transtorno psiquiátrico crônico quanto pacientes sem história psiquiátrica pregressa, que apresentam uma crise aguda.

A seguir, apresentamos mais detalhes sobre as emergências psiquiátricas mais comuns.

Crises de Ansiedade

A ansiedade é uma das principais causas de apresentação das emergências psiquiátricas. Estratégias de manejo imediato ajudam a reduzir os sintomas agudos e prevenir recorrências. Intervenções farmacológicas, como benzodiazepínicos, são amplamente utilizadas, embora também sejam exploradas intervenções não farmacológicas, como Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e técnicas de relaxamento.

Ideação Suicida

A avaliação e manejo da ideação suicida enfatiza a importância de uma abordagem multidisciplinar que considere fatores de risco individuais e desenvolva planos de segurança personalizados, além de redes de apoio. Estratégias de intervenção, como o planejamento de segurança, são associadas a reduções significativas no risco de suicídio.

Surtos Psicóticos

Surtos psicóticos representam uma emergência psiquiátrica grave que requer intervenção imediata. Existem diferentes abordagens para o manejo agudo de surtos psicóticos, incluindo o uso de antipsicóticos típicos e atípicos, bem como intervenções psicossociais para reduzir a agitação e melhorar o engajamento no tratamento.

É importante reconhecer que o manejo de emergências psiquiátricas levanta considerações éticas específicas, incluindo o respeito à autonomia do paciente, a necessidade de consentimento informado e a proteção da confidencialidade.

Intervenções da equipe

Entre os profissionais de saúde que compõem as equipes multidisciplinares que atuam no acolhimento a situações de emergência psiquiátrica, destacam-se o médico psiquiatra, o psicólogo, o assistente social, o enfermeiro e sua equipe de enfermagem. Por conseguinte, essas equipes precisam estar aptas para atuar em situações de crise, tentativa de suicídio, auto e heteroagressão e, quando possível, depois de passado o momento de crise, realizar a avaliação do estado mental e físico, adotando postura ativa, convincente e de apoio ao paciente e seu familiar.

O cuidado aos pacientes requer dos profissionais de enfermagem, em específico o enfermeiro, uma visão extensa, que lhes permita perceber o ser humano como um todo, criando vínculos pautados na ética, compromisso e respeito.

A relação entre o profissional de enfermagem e o paciente com transtorno mental tem influência significativa na obtenção de informações, mesmo em situação de emergência. Nesse sentido, um relacionamento com a finalidade de ajudar o paciente necessita ser desenvolvido de forma estruturada, por meio de interações esquematizadas, utilizando-se de conhecimentos da comunicação terapêutica como a escuta ativa, na qual o profissional oferece ajuda, comodidade, informação e desperta sentimento de confiança e autoestima.

As ações executadas pelos profissionais necessitam abranger avaliação de fatores de estresse precipitantes, do estado físico e mental, do potencial suicida ou homicida e do uso de drogas. Posteriormente, requer um planejamento da intervenção, para que seja feita uma análise final da resolução da crise. Deste modo, a
melhor abordagem em situação de emergência é escutar
, pois quase sempre os pacientes em crise revelam o quanto precisam de ajuda e usam palavras para explicar o significado de sua crise, possibilitando encontrar caminhos para a resolução.

A liderança da equipe de enfermagem envolve a elaboração da escala de enfermagem, de forma a promover o melhor atendimento e satisfação do profissional, além de promover capacitações em saúde mental e questões clínicas, com treinamento sobre Parada Cardiorrespiratória (PCR), contenção mecânica, interações medicamentosas, eventos adversos, limiar de toxicidade das medicações mais usadas, tipos de abordagem e escuta qualificada, psicopatologia dos transtornos, leis de proteção às pessoas em sofrimento mental, entre outros.

A execução de uma abordagem adequada no processo das emergências psiquiátricas tem papel significativo na aceitação e a adesão do paciente ao tratamento. Esse contato deve seguir alguns critérios como:

  • acolhimento integral ao cliente;
  • promoção de escuta qualificada;
  • enfoque no sentimento da pessoa;
  • tom de voz equilibrado e sem alterações;
  • observação contínua do paciente no leito ou no espaço em que se encontrar;
  • orientação à família quanto a necessidade de possível contenção física ou química;
  • orientação e encaminhamento ao serviço especializado em saúde mental pós alta para dar continuidade ao tratamento.

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