*Autor: Eric Rosa Pereira – Enfermeiro. Mestrando em Enfermagem na Escola de Enfermagem Anna Neri (EEAN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Enfermagem Urgências e Emergências. Integrante do Grupo de Pesquisa e Extensão em Segurança e Sustentabilidade em Saúde (GPESEG) – EEAN/UFRJ.

Atualmente, as instituições de saúde têm se preocupado cada vez mais com a segurança do paciente e a qualidade da assistência prestada. Considera-se cuidado seguro aquele livre de danos relacionados à assistência à saúde. Nesse sentido, a adoção e um olhar mais atento com o intuito de monitorar indicadores de qualidade assistencial podem ser importantes instrumentos para melhorar a segurança do paciente e auxiliar em medidas preventivas para a ocorrência de incidentes com ou sem danos (ANVISA, 2017).

Para garantir um cuidado seguro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem incentivando a adoção das metas internacionais para a segurança do paciente a saber: prevenir situações de erros de identificação do paciente; falhas de comunicação; erros de medicação; erros em procedimentos cirúrgicos; infecções associadas ao cuidado e quedas do paciente. Nesta reflexão, serão abordadas as duas primeiras metas.

A identificação do paciente deve ocorrer no momento de sua entrada ao serviço de saúde de modo a garantir uma identidade ao indivíduo, pois o mesmo não deve ser tratado de acordo com a sua doença de base, leito de internação ou procedimento a ser realizado.

A falha na identificação do paciente pode acarretar sérios danos à sua saúde. Grande parte dos erros na administração de medicamentos está associada a uma incorreta identificação. Equívocos no cadastro de admissão de pacientes, tais como: nomes difíceis, nomes oriundos de outras nacionalidades, imprecisão na data de nascimentos de pessoas idosas podem favorecer a ocorrências de falhas (ANVISA, 2017). Pessoas com nomes iguais ou parecidos, internadas no mesmo quarto, são fontes prováveis de erro de medicação, exames e procedimentos cirúrgicos.

A prática recomendada para reduzir estes incidentes envolve a utilização de pulseiras em todos os indivíduos que buscam atendimento no serviço de saúde. A identificação deve ocorrer no momento da admissão e ser retirada somente ao sair da unidade de saúde. A pulseira deve conter, no mínimo, dois dos seguintes indicadores: nome completo do paciente; nome completo da mãe do paciente; data de nascimento do paciente e número do prontuário do paciente. Quanto mais informações estiver presente, menor a chance de erro na identificação.

Conheça a atualização em Gestão de Enfermagem desenvolvida pela ABEn

É indicado que, antes de qualquer procedimento, o profissional da saúde deve conferir os dados de identificação contidos na pulseira. Assim, estará garantindo que o cuidado correto será prestado ao paciente correto.

A segunda meta refere-se a comunicação, sendo este considerado um processo complexo e dinâmico, pois através dele as pessoas compartilham pensamentos, sentimentos, ideias, crenças, valores e atitudes, em especial nos serviços de saúde (COWIN, JOHNSON, 2013). A comunicação pode ser praticada por meio verbal e não verbal, ou seja, através da fala, da escrita e das expressões corporais e faciais.

O atendimento à saúde é proporcionado por profissionais de diversas equipes e especialidades, desse modo, a dinâmica do trabalho e o alto fluxo das informações podem acarretar eventos adversos relacionados à comunicação não efetiva entre estes trabalhadores. As possíveis falhas relacionadas ao processo de comunicação podem estar atreladas uma má interpretação das informações compartilhadas que levam a: suspensão de cirurgias, de procedimentos, de exames agendados e atrasos da liberação de dieta ao paciente.

Outro ponto importante na comunicação entre a equipe de saúde é a falta de informação, ou a incompleta informação, que são repassadas no momento da troca de plantão. A continuidade da terapêutica do paciente pode ser prejudicada, caso um dado não seja informado verbalmente, ou relatado em prontuário (BRASIL,2014). Pode-se citar como exemplo o fato de um exame estar agendado para o horário do plantão seguinte, caso essa informação não chegue, corre o risco do exame sofrer atrasos ou então ser cancelado por falta de preparo específico para a realização do mesmo.

Uma forma de diminuir a chance de erro na comunicação é a passagem de plantão leito a leito, utilização de quadros e painéis de informação ou relatórios orais gravados ou escritos (ANVISA,2017). Porém, atrasos constantes, uso de celulares, conversas paralelas e intercorrências no momento da passagem de plantão podem ser agentes que dificultam a comunicação efetiva na troca de turnos.

Enfim, as duas primeiras metas internacionais para garantia da segurança do paciente é um processo que se inicia desde a admissão do paciente pela equipe administrativa que realiza o cadastro. Ao ser atendido pela equipe de saúde deve-se ser identificado com pulseira e a mesma permanecer até a alta e saída do paciente da unidade. A comunicação entre a equipe de saúde deve ser efetiva e a informação repassada por todos que prestam cuidados ao paciente. A diminuição de ruídos e interrupções durante a passagem de plantão são meios de garantir que a informação chegue ao receptor da mensagem.

Referências

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Gestão de Riscos e Investigação de Eventos Adversos Relacionados à Assistência à Saúde: ANVISA, 2017.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente. ANVISA, 2014.

COWIN, L.S; JOHNSON, M. Nurses discuss bedside handover and using written handover sheets. Journal of Nursing Management. v. 21; n. 1. Jan. 2013.

*As informações deste artigo são de responsabilidade do autor, que faz parte do Grupo de Pesquisa e Extensão em Segurança e Sustentabilidade em Saúde da Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ.

Identificação e comunicação: ações em prol da segurança do paciente

Como manejar corpos das vítimas de Covid-19 com segurança