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Como farmacêuticos devem promover o uso racional de medicamentos na pediatria

Frequentemente, o processo de administração de medicamentos para pacientes pediátricos esbarra em dificuldades. Nem sempre os fármacos possuem apresentações apropriadas, faltam pesquisas voltadas à administração das substâncias para crianças e questões como o abuso de remédios podem vir à tona. Por isso, discutir o
 uso racional de medicamentos
 na infância é questão central para a promoção de melhorias na área.

Em 2017, o Ministério da Saúde produziu o guia 
Assistência Farmacêutica em Pediatria no Brasil
. O documento traça um panorama sobre a pesquisa e a oferta de fármacos para a população pediátrica brasileira. A publicação também consolida diretrizes de atenção à saúde da criança no Sistema Único de Saúde (SUS).

Junto à responsabilidade médica, surge também a importância de outra figura no processo de medicalização: o farmacêutico. O profissional deve atuar na conscientização sobre a responsabilidade ao administrar medicamentos a crianças – seja por parte de profissionais da saúde, pais ou mesmo da escola.

Além disso, visando o uso racional de medicamentos, os profissionais da área da farmácia podem fomentar a pesquisa e desenvolvimento de novas drogas, mais adequadas e que atendam melhor o público infantil.

Confira, a seguir, os principais pontos em relação à assistência farmacêutica ao paciente pediátrico:

Pesquisa

De acordo com 
levantamento realizado pelo Ministério da Saúde
 em 2015, de todas as pesquisas registradas em andamento no mundo, apenas 8% envolviam medicamentos pediátricos. Ou seja, a carência de estudos com crianças é uma situação que não envolve apenas o Brasil.

Isso ocorre especialmente porque a participação do público infantil em pesquisas levanta complexas questões éticas. A ausência de critérios mais claros afeta a produção científica e, por consequência, o atendimento a esse público. Segundo o Jornal de Pediatria, estima-se que Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal (Utin) utilizem entre 40% e 80% dos medicamentos off-label ou não licenciados.

Para decidir sobre a inclusão de crianças em estudos, alguns aspectos costumam ser levados em consideração. São eles:

  • Relevância da pesquisa
  • Riscos aos participantes
  • Consentimento
  • Divulgação dos resultados
  • Confidencialidade

Regulamentação para o uso racional de medicamentos

Não existem no Brasil, até o momento, leis que regulamentem a classe de medicamento para o paciente pediátrico. Assim, aplicam-se a eles as mesmas regras que para os demais fármacos. Se um remédio possui registro para adultos e deseja validar seu uso infantil para a mesma indicação terapêutica, 
deve ser apresentado estudo fase II
. Os resultados obtidos têm que dar suporte à posologia indicada.

Medidas assim não incentivam a indústria e nem chegam a proteger adequadamente a segurança do paciente pediátrico. Ao redor do mundo, surgem iniciativas para sanar essa lacuna. Na União Europeia, entrou em vigor em 2007 um regulamento que facilita o desenvolvimento e a disponibilização de fármacos para crianças de 0 a 17 anos.

Pequenas doses

Um dos métodos mais adotados pelos médicos para a administração de medicamentos para crianças são as formas farmacêuticas líquidas. Mais fácil de ajustar em pequenas doses, a posologia também é mais simples de ser ministrada. Porém, nem todos os medicamentos possuem concentrações e apresentações adequadas para os pacientes pediátricos.

Isso faz com que alguns profissionais recorreram à adaptação dos fármacos, como a diluição e derivação. Não raramente, a dose do remédio é obtida triturando um comprimido ou particionando o conteúdo de uma cápsula. Tais práticas comprometem o uso racional de medicamentos e podem colocar o paciente em risco, pois não garantem a concentração correta da substância ativa e oferecem risco de contaminação.

Educação farmacológica

Promover a educação sobre o uso racional de medicamentos em casa, na creche, na escola e em outros ambientes que a criança frequenta é de extrema importância. Com pais e tutores, vale destacar a obrigatoriedade de contar com uma receita médica para utilizar fármacos com os filhos.

Abusos e erros com remédios têm maior probabilidade de ocorrer em situações de medicação sem a devida orientação. Com o intuito de nortear os públicos envolvidos, o Departamento Científico de Saúde Escolar da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) desenvolveu a cartilha 
Uso criterioso de medicamentos na Creche e na Escola
.

Veja, a seguir, algumas recomendações:

  • Encaminhar a receita médica junto à anotação na agenda da criança a fim de evitar enganos na hora de dar a medicação;
  • Enviar os remédios nas embalagens originais e identificados com o nome da criança;
  • Manter contato com a equipe escolar para os devidos esclarecimentos. Em casos de medicamentos de uso contínuo, é importante que o pediatra, a escola e a família conversem para encontrar a alternativa mais segura de garantir o tratamento sem prejudicar as atividades escolares;
  • Deixar para o horário escolar o menor número de doses possível. Isso reduz a possibilidade de enganos, atrasos e esquecimentos.