O tremor essencial (TE) é um distúrbio neurológico do movimento que compromete o controle das mãos, pernas, cabeça e voz. Apesar de não haver consenso sobre sua origem e causa, sabe-se que a condição está ligada a anomalias dos canais iônicos e que gera alterações elétricas no tálamo e no córtex cerebral.

Mesmo não sendo uma patologia fatal, o tremor essencial reduz significativamente a qualidade de vida do paciente, uma vez que o indivíduo perde a capacidade de desenvolver tarefas do dia a dia, como dirigir ou até trabalhar.

De acordo com o Instituto de Pesquisa HCor, 20% das pessoas acima de 65 anos sofrem com os sintomas da doença. Ainda que se manifeste com mais frequência após os 50 anos, o distúrbio pode acometer pacientes de qualquer faixa etária. O problema também está diretamente relacionado a fatores genéticos, sendo que 50% dos portadores possuem histórico familiar.

Ainda que não tenha uma cura, o distúrbio pode ser manejado com o acompanhamento de um neurologista e com a escolha da melhor alternativa terapêutica.

Sintomas e diagnóstico

Na maioria dos casos, os pacientes esperam até que haja perda de funcionalidade para buscar auxílio médico. Nas primeiras consultas, são comuns os relatos de dificuldade para assinar documentos, se vestir e segurar talheres.

Em quadros de tremor essencial, é comum que os sintomas iniciem num lado do corpo e, com o passar do tempo, afetem ambos os hemisférios. Existem dois tipos de tremores essenciais: os de ação, que se mostram mais intensos durante o movimento voluntário; e os posturais, que aumentam em situações de posicionamento contra a gravidade. Eles podem se manifestar individual ou conjuntamente.

Condições como Parkinson, esclerose múltipla, doenças da tireoide, tumores cerebrais e sofrimento emocional extremo geram reações semelhantes às do tremor essencial. O Instituto de Pesquisa HCor recomenda que, para fazer a diferenciação, o profissional avalie a presença de rigidez articular e relato de quedas – sinais que excluem a possibilidade de tremor essencial.

Em seu próprio portal, o neurocirurgião Erich Fonoff, que é especialista em tremores, explica que o diagnóstico deve ser feito com base na avaliação clínica, no histórico familiar e em exames de imagem.

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Opções de tratamento

O tratamento pode ser iniciado sempre que a patologia provocar situações de constrangimento ao paciente. Em um primeiro momento, o ideal é recorrer à terapia medicamentosa, normalmente sedativa. Os fármacos mais utilizados são propranolol, primidona, gabapentina, topiramato e benzodiazepínicos. Indivíduos que apresentam reações mais intensas na cabeça e na região vocal também se beneficiam de aplicações de botox.

Quando a medicação não for suficiente ou os seus efeitos adversos forem intoleráveis, pode-se considerar a alternativa cirúrgica, priorizando os procedimentos menos invasivos.

Ainda conforme o HCor, são quatro as operações recomendadas:

>> Marca-passo cerebral: implante de eletrodos na região do tálamo ou sutalâmica. Permite tratar os tremores em ambos os lados do corpo.

>> Talamotomia: pequena lesão na mesma área, capaz de alterar a atividade elétrica e impedir a estimulação da parte do cérebro que causa o tremor.

>> Lesão com ultrassom: alternativa não invasiva. Usa um ultrassom de alta frequência, através da ressonância magnética, para realizar uma pequena coagulação no cérebro.

>> Gamma Knife: alternativa não invasiva. Por meio da ressonância magnética com aro, faz-se uma lesão pontual no tálamo com radiocirurgia.

Na avaliação da equipe do HCor, o ideal é que sejam escolhidos procedimentos reversíveis, como o marca-passo. Pessoas que não preenchem os requisitos de saúde necessários para se submeter a essa cirurgia podem alcançar bons resultados com o método Gamma Knife.

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