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Nova puericultura: o que deve mudar na atuação do pediatra?

A dinâmica dos atendimentos prestados por pediatras mudou. Novas diretrizes alteraram a atuação do profissional, cujo objetivo é proporcionar o acompanhamento mais completo e acolhedor para a criança e sua família. É exatamente disso que trata a nova puericultura, tema destacado no 39° Congresso Brasileiro de Pediatria, realizado em outubro em Porto Alegre (RS).

De acordo com o médico Tadeu Fernandes, presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), ainda que as novas diretrizes existam desde 2016, somente agora estão sendo amplamente divulgadas.

As mudanças envolvem aspectos como a avaliação do crescimento e do desenvolvimento da criança e do adolescente, bem como a relação entre pediatra, paciente e família.

As atualizações na puericultura partem de novos contextos familiares e de novas descobertas científicas e demandas nos consultórios de pediatria. São os casos de orientações sobre identidade de gênero, contracepção na adolescência, bullying e ciberbullying.

As novidades que surgem constantemente na pediatria exige que os médicos estejam sempre buscando mais conhecimento. Por esse motivo, é importante conhecer produtos como a Atualização Profissional em Terapêutica Pediátrica que possui chancela da SBP.

Prevenção na gravidez

Na nova puericultura, o primeiro atendimento pediátrico ocorre ainda na vida intrauterina, no terceiro trimestre da gestação. Antes, isso era feito apenas após o nascimento. A data da última consulta também mudou e, agora, deve ocorrer no final da adolescência, aos 21 anos.

As novas orientações se estendem para as mães. “Mulheres que engordam demais na gestação têm um risco muito grande de ter um filho obeso”, observa Fernandes.O mesmo acontece quando a programação metabólica na vida intrauterina é de fome ou alimentação restritiva: desenvolve-se um fenótipo poupador e após o nascimento, os bebês continuam “agindo como poupadores” e diante de uma oferta maior, poupa-se mais e engordam acima do normal. O alerta surge em meio à atual epidemia global de obesidade, condição que causa diabetes tipo 2, hipertensão, infartos precoces, derrames e outros problemas de saúde.

Em 2018, a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) mostrou que 19,8% da população brasileira é obesa, enquanto 55,7% apresentou sobrepeso. Em relação às crianças, um estudo publicado em 2017 na revista científica The Lancet estimou que, até 2025, 11,3 milhões delas serão obesas no Brasil.

Outros problemas de saúde podem ser prevenidos durante a gravidez com a ajuda da mãe. A composição da microbiota fetal, que antes se pensava ocorrer durante o parto vaginal, acontece ainda na vida intrauterina.

Segundo Fernandes, evidências científicas comprovam que mulheres com desequilíbrio da microbiota intestinal, frequentes infecções urinárias e que tomam muito antibiótico na gravidez têm bebês com mais transtornos gástrico-intestinais.

Novos modelos de composição familiar

Com a crescente inserção das mulheres no mercado de trabalho (o que inclui as avós), muitas vezes não há figuras familiares para cuidar das crianças em casa. Agora, o papel de acompanhar e educar é dividido com profissionais que atuam em creches.

Consequentemente, o fenômeno gera o que Fernandes chama de “síndrome da creche”. Isso porque nessa tenra idade o sistema imunológico ainda está imaturo e será exposto a inúmeros agentes agressores. São comuns problemas como diarreia, doenças dermatológicas, virais, respiratórias, sarna e piolho.

O médico destaca, ainda, as doenças comportamentais. “É nessa faixa etária que a criança precisa ser acolhida, abraçada, conviver com a família”, diz ele. A institucionalização leva ao crescimento com pouco apego e depressão.

Além disso, com a legalização do casamento homossexual e a abertura da possibilidade de adoção, os pediatras atendem novos modelos de famílias. “Abolimos os gêneros na nossa anamnese”, orienta Fernandes. “Não se usa mais paizinho, mãezinha, nem se fala ‘vozinha’. Falamos o nome da pessoa. E não se coloca mais gênero, se fala bebê.”

Outras orientações

A nova puericultura ainda orienta que seja dada preferência ao parto normal, à amamentação exclusiva nos seis primeiros meses de vida do bebê e, quando possível, até dois anos – conforme recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A alimentação da criança também foi atualizada. Até o primeiro ano de vida, a “papinha” não pode conter açúcar nem sal, prevenindo, desse modo, doenças no futuro como a hipertensão arterial e o diabetes tipo 2.

A partir dos seis meses, a alimentação complementar se iniciava com suco de frutas (alto teor do açúcar da fruta, a frutose). Agora, a orientação da nova puericultura é de não dar o suco, mas ofertar da fruta na integra, raspada ou amassada, em que se associa a frutose às fibras e outras vitaminas e sais minerais desse alimento.

Enquanto isso, a introdução do ovo deve iniciar antes, aos seis meses, não necessariamente após os nove meses. “Os novos estudos mostram que nessa idade abre a janela de tolerância imunológica, sendo a melhor fase pra prevenir alergias alimentares”, observa Fernandes.

Outras demandas de pais e crianças nos consultórios abarcam Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), dermatite atópica, alergia à proteína do leite de vaca e constipação intestinal. “O pediatra deve estar atento e preparado para lidar com essas doenças e tratá-las para que essas crianças atinjam a vida adulta de forma mais saudável”, também destaca o pediatra da SBP.

Com o objetivo de auxiliar pediatras, nós preparamos um material gratuito com 6 aplicativos que o profissional deve ter para facilitar a rotina e a tomada de decisões.