Lançado nos anos 1960, o anticoncepcional deu mais liberdade e autonomia à vida sexual das mulheres. A possibilidade de escolher o melhor momento para engravidar impulsionou o boom das pílulas, mas também levou ao seu uso indiscriminado e sem orientação médica.

Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), 25% das mulheres em idade fértil no Brasil adotam a pílula como método contraceptivo, em sua maioria sem a instrução e apoio de um ginecologista.

Para reduzir os riscos inerentes a medicações de uso contínuo, é importante realizar uma anamnese detalhada da paciente antes do início do tratamento. E se você deseja ter uma tomada de decisões mais segura nesse processo, conheça a Atualização em Ginecologia e Obstetrícia (PROAGO) desenvolvida pela Febrasgo.

Confira, a seguir, os principais exames e fatores de riscos a serem considerados na hora de definir o anticoncepcional.

Procedimentos na consulta

Quando a paciente chega ao consultório ginecológico para iniciar métodos contraceptivos, o ginecologista deve considerar seu histórico familiar, dando atenção especial a problemas circulatórios, casos de pressão alta e enxaqueca crônica.

Também é preciso observar faixa etária, uso concomitante de outros medicamentos e hábitos como sedentarismo e tabagismo. As recomendações são da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O ginecologista pode solicitar exames laboratoriais se houver suspeita de risco genético à trombofilia. De acordo com pesquisas do Hospital Albert Einstein, de São Paulo (SP), mulheres que possuem mutações no gene V de Leiden, no gene da Protrombina (fator II) ou no MTHFR tem de 7 a 8 vezes mais risco de desenvolver trombose venosa profunda.

O risco se eleva pelo menos 30 vezes quando essas mutações são associadas ao uso de anticoncepcionais com hormônios combinados. Segundo a instituição, a mutação não é rara – está presente em pelos menos 5% da população. O teste para detectar esse tipo de alteração é realizado através da coleta de saliva.

Exames para avaliar a coagulação, como hemogramas com contagem de plaquetas ou tempo de protrombina (TP), geralmente não são eficientes para indicar um risco aumentado de trombose. Esses resultados podem ser facilmente alterados, inclusive por períodos de baixa imunidade, apresentando um falso-positivo que pode levar a medidas desnecessárias.

Riscos e vantagens da pílula anticoncepcional

Como qualquer fármaco, o uso do anticoncepcional pode trazer riscos à saúde. A maior preocupação das pacientes costuma ser a trombose venosa profunda, mas os índices são relativamente baixos: de cada 2 mil mulheres que utilizam a pílula por ano, apenas uma poderá desenvolver a doença devido ao anticoncepcional.

Logo, sua eficácia é bem mais expressiva: dessas mesmas 2 mil mulheres, 1.820 não engravidarão ao usar o fármaco corretamente por um ano.

Em mulheres fumantes acima de 35 anos está contraindicado o uso de anticoncepcional com estrógeno, devido a um aumento de chances de infarto do miocárdio. Existem mais de 150 tipos de pílulas de hormônios combinados, assim como diferentes dosagens.

Assim que se constata não haver fatores de risco individuais, o ginecologista e a paciente devem testar a adaptabilidade com diferentes fórmulas. Existem ainda outros dez métodos contraceptivos, que podem ser adotados por mulheres de todas as idades, de acordo com preferência e indicação.

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