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Assincronias ventilatórias: identificação, manejo e impacto na terapia respiratória

Assincronias ventilatórias referem-se a uma descoordenação entre o paciente e o ventilador mecânico durante a ventilação assistida. Esse fenômeno ocorre quando a demanda respiratória do paciente não é atendida de forma adequada pelo ventilador, resultando em desconforto e ineficácia no suporte ventilatório.

Existem diferentes tipos de assincronias, como as de disparo, ciclagem, fluxo e limitação de fluxo.

Identificação de assincronias ventilatórias

Assincronias de disparo

Ocorrem quando o ventilador não inicia a inspiração no momento certo, atrasando ou antecipando o esforço respiratório do paciente.

Assincronias de ciclagem

Acontecem quando a transição entre a fase inspiratória e expiratória é inadequada, levando a uma inspiração prolongada ou uma expiração precoce.

Assincronias de fluxo

Ocorrem quando a quantidade de ar fornecida pelo ventilador não corresponde à demanda do paciente, gerando desconforto respiratório.

Limitação de fluxo

Por fim, a limitação de fluxo se dá quando o ventilador não consegue fornecer um fluxo suficiente para atender às necessidades ventilatórias.

As assincronias mencionadas podem impactar negativamente o desmame ventilatório, aumentar a duração da ventilação mecânica e piorar os desfechos clínicos, sendo essencial seu reconhecimento e manejo adequado para otimizar o tratamento.

O monitoramento e detecção das assincronias ventilatórias são fundamentais para otimizar o suporte ventilatório e melhorar os desfechos clínicos dos pacientes em ventilação mecânica. Existem várias abordagens e ferramentas para essa finalidade, envolvendo tanto a observação clínica quanto o uso de tecnologias avançadas.

A observação cuidadosa do paciente é o primeiro passo na detecção de assincronias. Isso inclui a avaliação visual da sincronização entre os esforços respiratórios do paciente e a ativação do ventilador.

A percepção de desconforto, respiração rápida ou ineficaz, e o uso excessivo de músculos acessórios podem ser indicativos de assincronia. As curvas de pressão, fluxo e volume exibidas nos monitores dos ventiladores mecânicos fornecem informações valiosas.

Desvios característicos nas curvas, como ondas duplas ou interrupções bruscas, podem sinalizar a presença de assincronias, como as de disparo ou ciclagem. O uso da capnografia, que mede a concentração de dióxido de carbono no ar expirado, pode ajudar a detectar mudanças na ventilação alveolar e sugerir a presença de assincronias ventilatórias.

Tecnologias mais avançadas, como softwares específicos acoplados ao ventilador mecânico, permitem uma análise contínua e detalhada das variáveis respiratórias. Esses sistemas são capazes de identificar automaticamente padrões de assincronias e fornecer alertas em tempo real, auxiliando na intervenção precoce. Uma vez detectadas, as assincronias podem ser minimizadas ajustando parâmetros ventilatórios, como a sensibilidade do disparo, o tempo de ciclagem ou o fluxo inspiratório, de acordo com as necessidades específicas do paciente.

O monitoramento contínuo e a capacidade de ajustar rapidamente o suporte ventilatório são cruciais para reduzir as assincronias e melhorar o conforto e a eficácia da ventilação mecânica.

Causas das assincronias ventilatórias

A assincronia entre o paciente e o ventilador ocorre quando há um desalinhamento entre o esforço respiratório do paciente e o suporte oferecido pela máquina. Vários fatores contribuem para essa descoordenação, incluindo características da patologia do paciente, configurações inadequadas do ventilador e condições fisiológicas.

Pacientes com doenças pulmonares como DPOC, asma ou fibrose pulmonar podem apresentar dificuldades respiratórias específicas que exigem ajustes personalizados no ventilador. A hiperinflação, resistência aumentada das vias aéreas e complacência pulmonar reduzida são exemplos de fatores que podem desencadear assincronias. Os parâmetros como sensibilidade de disparo, tempo inspiratório, fluxo e ciclagem podem não estar ajustados de acordo com as necessidades do paciente, resultando em assincronias.

Por exemplo, uma sensibilidade de disparo inadequada pode fazer com que o ventilador não detecte ou responda de forma atrasada ao esforço respiratório do paciente, levando a desconforto e ineficácia na ventilação.

Condições como sedação excessiva ou insuficiente, ansiedade, dor e fadiga muscular também podem impactar na capacidade do paciente de sincronizar-se com o ventilador.

Configurações precisas e um entendimento profundo da patologia e do estado fisiológico do paciente são essenciais para minimizar assincronias, melhorando o conforto, a eficácia da ventilação e, consequentemente, os desfechos clínicos.

Manejo das assincronias ventilatórias

As intervenções fisioterapêuticas desempenham um papel crucial na redução da chance de assincronia ventilatória, otimizando a interação entre o paciente e o ventilador mecânico.

Fisioterapeutas especializados em cuidados respiratórios podem realizar uma avaliação detalhada do paciente, identificando fatores que contribuem para a assincronia e implementando estratégias para corrigi-la.

Exercícios específicos podem fortalecer os músculos respiratórios, melhorando a capacidade do paciente de gerar um esforço adequado durante a ventilação assistida, o que contribui para uma melhor sincronização com o ventilador. O fisioterapeuta pode colaborar com a equipe multidisciplinar para ajustar parâmetros do ventilador, como sensibilidade de disparo e fluxo inspiratório, de acordo com as necessidades do paciente, reduzindo assim o risco de assincronia.

A mobilização precoce e o posicionamento adequado do paciente na cama podem melhorar a ventilação pulmonar e a eficiência respiratória, contribuindo para uma melhor interação com o ventilador.

A remoção de secreções acumuladas através de técnicas como drenagem postural e vibração torácica pode melhorar a ventilação alveolar e reduzir a resistência das vias aéreas, facilitando a sincronização.

Essas intervenções, combinadas com uma abordagem individualizada, são essenciais para reduzir a incidência de assincronias ventilatórias e promover uma ventilação mecânica mais eficaz e confortável.

Impacto na terapia respiratória

As assincronias ventilatórias podem ter impactos significativos na recuperação do paciente, influenciando negativamente tanto o processo de ventilação mecânica quanto os desfechos clínicos.

Assincronias podem causar desconforto respiratório e aumentar a sensação de falta de ar, o que, por sua vez, pode gerar ansiedade e estresse no paciente. Esse desconforto não apenas compromete a experiência do paciente, mas também pode dificultar a colaboração com a terapia, tornando o processo de desmame ventilatório mais desafiador.

Quando o paciente e o ventilador não estão sincronizados, a eficácia da ventilação é reduzida, o que pode levar à necessidade de um período prolongado de suporte ventilatório. Isso aumenta o risco de complicações associadas à ventilação mecânica prolongada, como infecções respiratórias e lesões pulmonares.

Assincronias podem resultar em uma ventilação inadequada, comprometendo a troca gasosa. Isso pode levar a hipoxemia (baixo nível de oxigênio no sangue) ou hipercapnia (acúmulo de dióxido de carbono), condições que podem afetar negativamente a função orgânica e retardar a recuperação.

A luta constante contra o ventilador para respirar de forma adequada pode levar à fadiga dos músculos respiratórios, dificultando ainda mais o processo de desmame e prolongando a necessidade de ventilação assistida.

A combinação desses fatores pode resultar em um aumento da mortalidade, maior tempo de internação na UTI e piora geral dos desfechos clínicos. Portanto, a identificação e correção precoce das assincronias são cruciais para melhorar a recuperação do paciente.

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