O Governo Federal, em 2018, aumentou de 6 mil para mais de 9 mil o número de vagas para o acolhimento voluntário de dependentes químicos por comunidades terapêuticas. A iniciativa promovida pela Secretaria Nacional de Política sobre Drogas custou cerca de R$ 90 milhões aos cofres públicos.

Mesmo com ações como essa, o país oferece 0,34% dos leitos que seriam necessários para tratamento de dependentes químicos, bem abaixo do número de vagas na área de saúde mental suficiente para internar 0,5% da população, conforme recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Com o número cada vez maior de casos de dependências químicas, cresce a demanda por profissionais que saibam como acolher e tratar os pacientes e, também, suas famílias que são diretamente afetadas. “A dependência química ou os transtornos relacionados ao uso de substâncias não possuem barreiras socioeconômicas, pois podem aparecer em todos os seguimentos etários da sociedade, em diferentes gêneros, em diversos contextos clínicos”, avalia a psiquiatra e especialista no tema, Alessandra Diehl.

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A empatia aliada à capacidade profissional são elementos importantes na avaliação inicial destes casos, afirma Alessandra. Por isso, é importante a atualização de agentes de diversas áreas, formando uma rede de cuidados. “É uma doença que está repleta de preconceitos. Lidar com o estigma e acreditar que as pessoas merecem conhecer uma outra vida sem drogas ou com menos danos para sua família, para si e para a sociedade são as grandes habilidades iniciais do profissional que deseja trabalhar com esta população”, completa.

A psiquiatra cita ainda exemplos de profissionais que devem focar na preparação do cuidado desses pacientes: “Um médico geriatra precisa estar atento a dependência de benzodiazepínicos e os riscos de queda pelo uso destas substâncias na terceira idade, além do reconhecimento do déficit cognitivo advindo do uso prolongado; um ginecologista precisa saber realizar um adequado pré-natal, afim de identificar o consumo de álcool durante a gestação e, então, evitar o desenvolvimento da Síndrome Alcoólica Fetal; uma enfermeira da oncologia deve saber reconhecer a dependência de analgésicos opioides em pacientes portadores de câncer; Quem trabalha com emagrecimento e obesidade deve ser capaz de identificar o consumo de anfetaminas, principalmente por mulheres jovens; e o fisioterapeuta pulmonar deve ser capaz de motivar a interrupção do tabagismo”.

Neste contexto, a importância da atualização profissional torna-se ainda mais evidente a medida que as complexidades de cada caso vão aparecendo.

“Quem trabalha com a população em situação de rua, por exemplo, deve ser capaz de manejar as vulnerabilidades sociais e o uso de crack, entre tantas outras situações clínicas importantes que permeiam diversas especialidades”, finaliza a psiquiatra.

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