A Covid-19 vem se revelando uma doença mais grave para o sexo masculino. No entanto, a qualidade de vida de milhões de mulheres também foi duramente afetada. Violência e trabalho doméstico despontam como os principais ônus colaterais para o sexo feminino em meio à pandemia. As mulheres, aliás, também correspondem a 80% da força de trabalho na linha de frente do combate ao coronavírus. Entre as áreas que atendem transtornos relacionados a saúde da mulher está a fisioterapia ginecológica.

A especialidade recobra as funções causadas por disfunções sexuais femininas, sintomas do climatério e menopausa, ciclo menstrual e dor pélvica crônica. As intervenções fisioterapêuticas procuram avaliar e tratar os impactos funcionais e no movimento da mulher. Durante a pandemia, muitos desses atendimentos foram suspensos. Alguns, mesmo após a reabertura gradual, seguem interrompidos.

Ainda em março o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito) regulamentou a teleconsulta, o teleatendimento e o telemonitoramento em fisioterapia. Assim, a permissão de serviços de fisioterapia a distância possibilitou a retomada, ao menos em parte, dos cuidados com os pacientes. Nessa linha, a Associação Brasileira de Fisioterapia em Saúde da Mulher (Abrasfim) também elaborou recomendações sobre a fisioterapia na saúde da mulher.

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O que dizem as novas recomendações

Por tratar de assuntos delicados, como rotina sexual e comportamentos atrelados ao ciclo menstrual, a anamnese na fisioterapia ginecológica requer sensibilidade do fisioterapeuta. No momento em que a consulta passa para o ambiente virtual, é importante orientar a paciente sobre privacidade e segurança dos dados e informações trocados no teleatendimento.

A Abrasfim recomenda que o profissional explique todos os procedimentos que serão realizados na sessão, deixando claro os objetivos da intervenção. Nesse aspecto, é importante a certificação de que a paciente tem familiaridade com equipamentos tecnológicos para garantir o melhor andamento do processo.

Para avaliar a mobilidade e questões cinéticas da paciente, é necessário que o fisioterapeuta oriente a mulher sobre o espaço necessário para a reprodução de movimentos. Além disso, deve-se explicar a necessidade de distanciamento da câmera para avaliação global do corpo da paciente.

A avaliação do assoalho pélvico exige maior atenção. As evidências vigentes orientam a avaliação fisioterapêutica presencial, já que as mulheres não têm boa percepção da autocontração. No caso da teleconsulta, esse tipo de avaliação pode ser constrangedor para a mulher diante de uma câmera.

Assim, cabe ao fisioterapeuta sugerir alternativas mais confortáveis à paciente. Entre elas, a auto palpação e a visualização da contração por espelho, em local privativo. O uso de questionários e escalas (validadas por evidências) auxiliam o fisioterapeuta na condução da melhor abordagem diagnóstica e terapêutica.

Indicações terapêuticas para fisioterapia ginecológica na pandemia

Em caso de dor na região pélvica, o fisioterapeuta pode conduzir uma discussão sobre a postura e do manejo da dor em momentos de exacerbação.

Em relação aos transtornos do ciclo menstrual, é possível indicar exercícios físicos, acupressão, termoterapia e estimulação elétrica nervosa transcutânea. Para disfunções sexuais, as recomendações enfatizam sobre instruir a mulher quanto à anatomia e a função do seu assoalho pélvico, e que o controle da musculatura perineal é fisiologicamente voluntário – ou seja, é possível treinar para contrair ou relaxar a musculatura.

Para os sintomas do climatério, o fisioterapeuta pode orientar exercícios combinados, com componentes aeróbios e resistidos apresentaram melhores resultados para diminuição dos sintomas vasomotores, melhora do humor e da função cognitiva, diminuição de sintomas depressivos e melhora da qualidade do sono.

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