O número de pacientes de notificações de hepatites virais caiu 7% no Brasil na última década, segundo o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais de 2019. Tipo mais letal da doença, no entanto, a hepatite C continua preocupando profissionais de saúde. Mesmo com o comprometimento do país diante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em eliminar as hepatites virais até 2013, estima-se que 500 mil pessoas vivam com o vírus sem saber. A inflamação no fígado é assintomática na fase inicial e pode evoluir para cirrose, diabetes tipo 2 e até câncer.

No Brasil, 76% das mortes por hepatites virais registradas entre 2000 e 2007 estavam relacionadas ao tipo C. Por isso, o diagnóstico precoce deve ser o foco da atenção. Como não existe vacina capaz de prevenir a patologia, muitos médicos têm solicitado exames não apenas para grupos de risco, mas também para pacientes em avaliação de rotina.

A medida, inclusive, já provoca efeitos. Segundo a médica Maria Lúcia Gomes Ferraz, secretária geral da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), a prevenção da doença e o tratamento médico melhoraram consideravelmente na última década.

“O que observamos foi um aumento no número de registros de casos antigos de contaminação, mas com diagnóstico mais recente. Como temos mais medicamentos e tratamentos disponíveis, cresceu o número de notificações”, explica.

Transmitida pelo vírus HCV, a hepatite C tem maior incidência entre pessoas que vivem nas capitais, com destaque para Porto Alegre e São Paulo. A capital gaúcha tem um índice de detecção de 91,1 casos para cada 100 mil habitantes, enquanto a paulista é de 37,3 casos por 100 mil habitantes. A taxa brasileira é bem mais baixa: 12,6 casos a cada 100 mil habitantes.

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Transmissão da hepatite C

De acordo com SBH, a adoção de medidas de controle em bancos de sangue, intensificada nas últimas décadas, ajudou a frear a disseminação da hepatite. Ao longo desse período, foi introduzido o teste anti-HCV, o que diminuiu a transmissão da doença em transfusões de sangue.

Entretanto, ainda é necessário que os profissionais de saúde estejam atentos às formas de transmissão da hepatite C. Por isso, é recomendado sempre:

Investigar se o paciente pratica compartilhamento de materiais como seringas no uso de drogas;
Revisar se houve recebimento de transfusão de sangue antes de 1993;
Perguntar sobre relação sexual desprotegida;
Considerar a exposição a material cirúrgico ou odontológico contaminado;
Questionar sobre utilização de alicates de unha, aparelho de barbear ou depilar e escova de dentes contaminados,
Atentar para tatuagens e piercings, questionando a origem e data da realização.

Diagnóstico

Em muitos casos, a hepatite C é assintomática. Por isso, os efeitos costumam aparecer em um estágio avançado da doença. Daí a importância da prevenção. Segundo Ferraz, o médico deve buscar o diagnóstico precoce mesmo em pessoas sem sintomas, principalmente pacientes que estiveram expostos a sangue antes de haver maior controle das transfusões. “Todo médico, seja clínico ou de outra especialidade, quando se deparar com um paciente com mais de 40 anos, deve solicitar o teste.”

O teste anti-HCV é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os sintomas abaixo podem facilitar o diagnóstico precoce:

Cansaço
Febre
Mal-estar
Tontura
Enjoo
Vômitos
Dor abdominal
Pele e olhos amarelados
Urina escura e fezes claras.

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Hepatites virais: tipos, causas, prevenção, diagnóstico e tratamento