Os cânceres de próstata, de mama e de pulmão estão entre as neoplasias mais comuns no Brasil segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). É nessas enfermidades que a hipercalcemia mais se manifesta. A condição diz respeito ao excesso de cálcio no sangue e acomete cerca de 30% dos pacientes oncológicos – e, por isso, acaba sendo um dos principais indicadores para o diagnóstico de malignidades.

O cálcio é o mineral em maior quantidade no organismo. A substância atua na formação de ossos e dentes e regula a coagulação, além de participar de funções neuromusculares. Tanto a deficiência quanto o excesso de cálcio no sangue são condições potencialmente graves.

A hipercalcemia humoral maligna é associada ao câncer pela produção irregular do hormônio da paratireoide (PTHrP), que se expressa na maioria dos tecidos. Ao mesmo tempo em que o tumor secreta essas substâncias em altas concentrações no organismo, elas aceleram a absorção do cálcio. O fenômeno gera o acúmulo do mineral em ossos e rins.

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Hipercalcemia e câncer

A hipercalcemia não ocorre apenas na fase inicial da neoplasia. “É indicada a avaliação periódica da dosagem de cálcio no sangue durante o curso da doença, mesmo em pacientes assintomáticos”, comenta o oncologista Alexandre Palladino, chefe de Oncologia Clínica do Inca.

Outros fatores que tornam a hipercalcemia recorrente em pacientes oncológicos são as metástases osteolíticas, que podem liberar cálcio ósseo, além de di-hidroxivitamia D pelas células tumorais.

Entre os sintomas mais comuns da hipercalcemia estão náuseas, vômitos, contraturas musculares e quadro neurológico de sonolência e até mesmo desorientação. No entanto, essas manifestações clínicas dependem do nível sérico de cálcio e da velocidade em que ocorre a elevação. Por isso, em alguns casos, a condição pode ser assintomática.

“A hipercalcemia é uma emergência oncológica grave e deve ser tratada prontamente. Caso contrário, pode levar a complicações como arritmias e insuficiência renal. Além disso, pode estar associada a quadros neurológicos graves”, comenta Palladino.

Diagnóstico

Por ser comum entre pacientes oncológicos, a análise dos níveis de cálcio deve ser adotada na avaliação inicial do paciente oncológico. Cabe ao médico solicitar a dosagem sérica de cálcio total, com correção pela albumina, ou, ainda, de cálcio ionizado – ideal em alterações do pH sérico.

Em caso de hipoalbuminemia, é possível haver níveis de cálcio falsamente baixos. Por isso, o valor do cálcio deve ser corrigido adicionando 0,8 mg/dL ao cálcio total, dosado para cada mg/dL que a albumina for menor que 4mg/dL.

Em seguida, é preciso avaliar o PTH sérico, que é suprimido na maioria das hipercalcemias associadas ao câncer. Se o nível de PTH constar normal ou alto em paciente com diagnóstico de câncer, o médico precisa avaliar a hipótese de hiperparatireoidismo primário.

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Como tratar

O tratamento da hipercalcemia não promove resposta contra os tumores. Ainda assim, o processo é fundamental para melhorar as condições clínicas do paciente e evitar comorbidades. O primeiro passo é a hidratação vigorosa. Em função de náuseas e vômitos, é comum que o paciente chegue desidratado à emergência. Além disso, a hipercalcemia por si só reduz a capacidade renal de absorção de água.

Outras medidas, como reposição de fosfato (bifosfatos), e uso de diuréticos de alça podem ser necessárias. Em geral, as recomendações para pacientes hospitalizados se referem à remoção do cálcio na alimentação parenteral e interrupção de medicamentos que contribuem para a hipercalcemia (como suplementação de cálcio e vitamina D, lítio e tiazídicos).

Hipercalcemia em pacientes oncológicos: como tratar

Como tratar hipercalcemia?