Luxações são lesões musculoesqueléticas comuns. Normalmente, a luxação afeta ombros, dedos, punhos ou joelhos, mas podem ocorrer em qualquer articulação – bem como no pescoço e na coluna. A prevalência das lesões em ombros, por exemplo, afeta em torno de 2% da população mundial.

As principais causas são trauma, esforço excessivo e desgaste por repetição. Em casos mais raros, entretanto, podem decorrer da Síndrome de Ehlers-Danlos, doença hereditária que aumenta a flexibilidade das articulações e tecidos.

Como provocam dor extenuante e podem gerar sequelas, as luxações são consideradas como urgência ortopédica. Por vezes, surgem acompanhadas de fraturas, danos nos vasos sanguíneos, hemorragias, lesões nervosas e infecções.

Independentemente da gravidade do caso, o tratamento precisa ser imediato, para tornar a reabilitação o mais completa possível.

Como identificar a luxação

O primeiro fator a ser observado é o aspecto da região lesionada. Os ossos podem estar visivelmente fora de lugar e a articulação, parecer deformada ou torcida. O local também costuma ficar inchado e apresentar manchas roxas ou descoloração. Os pacientes normalmente relatam dor intensa, dormência e dificuldade de movimentação.

Quando a pessoa se lembra do acidente, é importante tentar entender como a lesão ocorreu e em qual direção houve o tensionamento. O início da dor também é um indicativo da gravidade. Se o paciente sentir dores mais fortes do que o esperado para o quadro, ou houver agravamento contínuo, pode-se cogitar síndrome compartimental.

Depois do exame físico, devem ser solicitadas radiografias de pelo menos dois ângulos; angiografia, para descartar problemas no fluxo sanguíneo; e eletromiografia, para verificar se existem nervos danificados. Os resultados também vão evidenciar se a luxação é completa (com separação total dos ossos) ou parcial (apenas fora de posição).

Como realinhar a articulação

Depois que o tipo de luxação é definido, a medicação do paciente pré-realinhamento deve ser feita da seguinte forma:

Redução fechada de lesões menos graves: administração de anestésico local, como lidocaína.
Redução fechada de luxações mais graves: sedativo ou analgésico por via venosa e anestésico local.

Assim que as substâncias forem administradas, o médico deve manipular o membro, puxando ou virando de acordo com a direção da lesão. O ideal é solicitar mais uma radiografia, para avaliar se as partes lesionadas retornaram à posição correta.

De acordo com os consensos da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), a redução aberta é indicada quando a manobra do osso ou articulação for inviável e quando a luxação estiver acompanhada por fratura, síndrome compartimental ou rompimento de nervos. Recomenda-se o emprego da técnica, também, quando for necessário remover detritos da região.

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Tratamento e prognóstico

Para o alívio dos sintomas, o médico deve prescrever analgésicos ou anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). O mais importante no tratamento das luxações é a imobilização. Nos quadros graves, recomenda-se a aplicação de gesso e sua manutenção por pelo menos três semanas. Casos mais leves podem ser imobilizados com o uso de talas ou tipoias.

Os pacientes devem ser orientados a manter o membro elevado, principalmente nos primeiros dois dias. Conforme a diminuição da dor e o retorno da mobilidade, a recomendação é de que os indivíduos realizem movimentos suaves de flexão e extensão, para prevenir inchaços.

O Protocolo PRICE pode ser benéfico para pessoas nessa condição, com proteção da área, descanso prolongado, aplicação de compressas de gelo por 15 minutos, compressão com bandagens (quando o local permitir) e elevação constante para facilitar o retorno venoso. O prognóstico está diretamente relacionado a fatores como idade, local e gravidade da luxação. Indivíduos mais jovens não costumam apresentar complicações, mas adultos e idosos podem desenvolver rigidez e atrofia muscular, dor crônica ou perda de função. Sessões de fisioterapia podem ser essenciais na reabilitação do membro.

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