Para entendermos melhor como a atualização reflete na área da saúde, a redação do Secad conversou sobre o assunto com o presidente da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE), Prof. Dr. Fábio Sprada de Menezes. Veja o que o profissional declara como imprescindível para o aprimoramento constante de fisioterapeutas.

Fábio Sprada de Menezes é fisioterapeuta. Mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina. Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Professor do Centro Universitário Estácio de Santa Catarina. Presidente da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física (SONAFE Brasil).

Como a SONAFE ajuda os fisioterapeutas esportivos a se manterem atualizados?

Nós temos hoje uma série de regionais estabelecidas, espalhadas pelo Brasil inteiro, que realizam reuniões científicas gratuitas durante todo ano. Existe uma obrigatoriedade de eventos para que essas regionais se mantenham ativas. Nos anos pares, além das reuniões, cada estado organiza sua jornada. Nos anos ímpares, temos o congresso brasileiro. Nós sempre damos apoio a cursos, além da parceria que a gente tem com o PROFISIO do Secad. É uma parceria importante para a atualização dos profissionais. Além disso, o sócio da SONAFE tem direito a assinatura de duas das principais revistas de fisioterapia esportiva do mundo: Journal of Orthopedic and Sports Physiotherapy e Physical Therapy in Sport.

Pode dar exemplos de tratamentos, tecnologias e protocolos atuais da fisioterapia esportiva que não eram utilizados até alguns anos atrás?

O desenvolvimento das técnicas de terapia manual mudou muito. Na época que eu me formei, em 2001, praticamente não existiam as escolas de terapia manual. Fazia-se muito pouco. Alguns aparelhos de eletroterapia, como o infravermelho, que na época era moda, hoje em dia não se usa mais. E outros, como, por exemplo, as mantas de laser e led, que hoje são respaldadas por evidências científicas, naquela época nem existiam. Técnicas de exercício físico nós vamos aperfeiçoando com o tempo e vão cada vez mais evoluindo. Os próprios sistemas de avaliação mudaram muito. Hoje em dia, temos acesso a várias técnicas como dinamometria, eletromiografia, plataformas de força, filmagem, etc. Hoje nós filmamos um atleta com um celular na mão, então, tudo mudou muito.

O fisioterapeuta sempre esteve nas equipes multidisciplinares do esporte mais popular brasileiro, o futebol. Mas, com esse avanço dos tratamentos e tecnologias, a valorização da profissão nesse meio ficou mais evidente.

Sim, o profissional da fisioterapia está cada vez mais sendo valorizado. Os clubes grandes, antigamente, contavam com um ou dois fisioterapeutas. Hoje em dia, clubes de série A têm cinco, seis, sete fisioterapeutas nos seus quadros de funcionários: dois ou três no futebol profissional e, em cada categoria de base, mais um ou dois. E, além disso, hoje temos muito mais suporte de confederações e federações para poder atuar. Não só no futebol, como em outros esportes também. Nas Olimpíadas, por exemplo, o fisioterapeuta teve um papel muito importante. A fisioterapia brasileira deu um show nas Olimpíadas do Rio 2016 e a SONAFE teve um papel superimportante na capacitação dos profissionais que atuaram nos jogos. A Sociedade promoveu cursos e eventos e, inclusive, o PROFISIO foi nosso parceiro.

Hoje é possível fazer pesquisa na Internet de conteúdos na área da saúde com muita facilidade. Mas como saber se as informações têm qualidade e credibilidade?

Existem literaturas confiáveis e literaturas não confiáveis. Primeiro é preciso buscar fontes de base de dados que são reconhecidas, como PubMed, e outras que são consagradas na pesquisa acadêmica. Ao usar mecanismos de buscas tradicionais, não entender que aquilo que achou é um artigo científico, porque não é. Então, deve-se observar e verificar a qualidade da revista. E, logicamente, buscar informações como no PROFISIO, por exemplo, que a gente sabe que tem controle de qualidade, tem editores que são indicados pelas próprias associações. Eu sei, porque já fui autor de capítulo do PROFISIO, então sei a dificuldade que é. A gente passa pelo mesmo crivo de uma revista. Eu costumo publicar artigos em revistas científicas e o crivo é bem similar. Os profissionais que vão escrever são escolhidos por mérito, geralmente são professores, doutores ou com vivência na área de pesquisa. Nós tivemos a honra de ter um artigo publicado que teve entre os autores Peter O’Sullivan, um fisioterapeuta estrangeiro muito bem conceituado na área. Também está para ser publicado um artigo do Mario Bizzini, que até pouco tempo era chefe do Setor de Pesquisas em Fisioterapia da FIFA. Então, o PROFISIO além de contar com nomes nacionais, que são excepcionais, também estamos conseguindo trazer gente de fora para publicar.

Quais os benefícios de um profissional obter um certificado de atualização profissional?

Certificados, como o do PROFISIO, são aceitos e pesam muito. A prova da SONAFE para obtenção do título de especialista é composta por três etapas: as questões de múltipla escolha, as questões discursivas e a prova de títulos. Então, o profissional tem que apresentar uma determinada quantidade de pontos para poder efetivamente ser aprovado, não adianta simplesmente ir bem na prova. Além disso, são muitas vezes aceitos para a progressão de carreira e, também, em concursos públicos, se o edital pontuar comprovantes de educação continuada. E, quando se entrega um currículo em algum lugar, a atualização sempre é considerada.

E como o fisioterapeuta pode se programar de modo a conciliar a atualização profissional à rotina quase sempre intensa?

Eu sou um profissional que trabalha mais de 40 horas semanais, assumi a presidência de uma entidade tão importante quanto a SONAFE e acabei de terminar meu doutorado. Então, não tem desculpa para não se atualizar. É preciso encontrar tempo. Se o fisioterapeuta não consegue realizar uma atualização presencialmente, tem que ser a distância ou, ainda, tem que estudar por conta própria. O que não pode, o que é inaceitável, é um profissional atender um paciente sem estar devidamente por dentro dos assuntos mais atuais da especialidade.

Presidente da SONAFE enfatiza: “Não tem desculpa para não se atualizar”

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