Como montar uma bandeja de punção arterial e punção venosa profunda
A punção arterial é um procedimento muito realizado na rotina hospitalar, tanto em enfermarias quanto em UTIs. Por meio dela, pode-se monitorar alguns parâmetros como pH sanguíneo, PaCO², PaO², SatO², níveis de bicarbonato, pressão arterial, entre outros.
Algumas das indicações para esse procedimento são:
- monitorização contínua da pressão arterial;
- acompanhamento dos parâmetros em pacientes portadores de distúrbios metabólicos, cetoacidose diabética, doença renal crônica, pancreatite aguda, ;
- pacientes em uso de ventilação mecânica;
- introdução e posicionamento de Balão Intra-Aórtico (BIA);
Os locais mais comuns de punção são as artérias radial, pediosa, femoral e braquial, sendo a femoral pouco utilizada devido a maiores chances de infecção e circulação contralateral insuficiente.
No momento da escolha, o profissional deve considerar pontos como facilidade do acesso ao local e segurança, anatomia, facilidade de compressão da região em casos de hemorragia, adequada circulação contralateral. Levando isso em consideração, artéria que melhor preenche os requisitos é a artéria radial e, por isso, tornou-se a mais puncionada. Para puncioná-la com segurança, os profissionais devem realizar o Teste de Allen para se certificar quanto à presença e qualidade da circulação contralateral pela artéria ulnar.
Teste de Allen
O Teste de Allen consiste na oclusão do fluxo das artérias ulnar e radial por meio da digito-pressão até a palma da mão se tornar pálida e fria. Depois, deve-se realizar a descompressão da artéria ulnar e observar o enchimento sanguíneo em até 5s – se isso ocorrer, significa que a oclusão da artéria radial não causará grandes problemas, como, por exemplo, uma isquemia.
Figura 1. Teste de Allen.
Materiais para punção arterial
- 1 par de luvas para procedimento;
- Algodão;
- Gaze estéril;
- Solução alcoólica a 70%;
- Seringa de 1 ou 3 ml heparinizada com 0,1 mL de heparina;
- Anestésico local (ex.: lidocaína a 1% sem vasoconstritor);
- Agulha para anestesia (ex.: 0,30 x 13 mm);
- Agulha para punção (ex.: 1,20 x 40 mm);
- Material para curativo.
Possíveis complicações
As complicações geralmente estão relacionadas a infecção e isquemia. Dentre as principais, estão trombose, vasoespasmo, embolização, hematomas, infecção local e infecção sistêmica.
É importante ressaltar que o enfermeiro é respaldado pelo COFEN a realizar a punção arterial por meio da Resolução COFEN 390/2011. Porém, o profissional que normalmente faz o procedimento é o médico, ficando a cargo do enfermeiro a montagem da bandeja com o material e o auxílio durante a punção.
Acesso venoso central
O acesso venoso central é um procedimento muito realizado em unidades de terapia intensiva. Em definição, consiste em um acesso venoso em que sua extremidade atinge a veia cava superior ou inferior.
As principais indicações para esse procedimento são:
- pacientes com veias periféricas ruins;
- infusão de medicamentos vesicantes, irritantes, hiperosmóticas;
- monitorização hemodinâmica invasiva;
- acesso vascular de longo prazo.
Os locais de inserção são as veias jugular, subclávia e femoral, sendo a femoral a última na escala de prioridades devido à sua proximidade com a região íntima, o que acarreta um maior risco de infecção.
Tipos de cateteres venosos centrais (CVC)
- CVC Semi-Implantado de Curta Permanência:inserido através de punção percutânea, indicado para utilização por no máximo de 4 a 6
- CVC Semi-Implantado de longa permanência (tunelizado):inserido pelo tecido subcutâneo, possui cuff que auxilia na fixação. Indicado para terapia de longa duração. Ex.: Perm-CathⓇ.
- CVC Totalmente Implantado:cateter tunelizado conectado a dispositivo oco (port) implantado em tecido subcutâneo. Permite punção através da pele diretamente no port. Ex: Port-a-cathⓇ, PortocatⓇ.
- Cateter Central de Inserção Periférica (PICC):cateter de longa permanência inserido através de veia periférica.
Tabela 1. Tipos de cateter mais utilizados.
Fonte: Ministério da Saúde, 2021.
A técnica mais comumente utilizada para punção venosa profunda é a Técnica de Seldinger, que consiste em puncionar com uma agulha longa de baixo calibre, que possui um compartimento pelo qual permite passar um fio-guia. Este fio-guia tem um dilatador, que permite a passagem e o posicionamento correto do cateter. O calibre do cateter é de 3-5 Fr para recém-nascidos, 4-7 Fr para lactentes e 7-12 Fr para crianças maiores de 12 anos e adultos.
Materiais para punção venosa central
- 1 kit de campo estéril;
- 1 capote cirúrgico estéril para o profissional que fará o procedimento;
- 1 capote simples para o profissional que vai auxiliar;
- 1 par de luva estéril;
- 1 par de luva de procedimentos;
- Cateter mono-lúmen/duplo-lúmen/triplo-lúmen 7,0 Fr (para adultos) ;
- 1 escova de clorexidina 2%;
- 3 pacotes de gaze estéril;
- 4 seringas de 10mL;
- 1 seringa de 20mL;
- 1 agulha 40x12 ou de aspiração ;
- 1 agulha 13x4,5;
- 1 soro fisiológico 0,9% 250mL frasco
- 1 Clorexidina alcoólica 0,5% almotolia ;
- 1 conector de sistema fechado;
- 1 curativo transparente com borda reforçada estéril 10x12 cm ;
- 1 torneira 3 vias (three way);
- 1 equipo macrogotas;
- 1 fio sutura mononylon 3-0;
- 1 lâmina de bisturi nº 11;
- 1 Lidocaína 2% sem vaso de 5ml ;
- 1 agulha 25x7;
- 1 seringa 5ml.
Importante:
é necessário analisar junto da equipe multiprofissional a necessidade de cateteres com menos lúmens possível, devido ao risco de infecção maior em cateteres com mais lúmens. Além disso, confirmar materiais extras que o profissional que fará o procedimento queira usar.
Também é importante ressaltar também que o enfermeiro é amparado pelo COFEN a puncionar
acesso venoso em jugular externa
e
PICC
, desde que habilitado para isso. No entanto, na maioria das vezes é o profissional médico quem faz o procedimento, ficando o enfermeiro com a função de montagem da bandeja de materiais e o auxílio no preparo e durante o procedimento.
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