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Conheça os tratamentos para parvovirose canina

Doença perigosa, a parvovirose canina é causada pelo vírus 
Parvovirus canino tipo 2
 
(PVC-2)
. A enfermidade se apresenta na forma aguda de gastroenterite hemorrágica, caracterizada por vômito, diarreia, prostração, anorexia e desidratação. A doença é propensa a cães não vacinados com até um ano de idade, principalmente das raças doberman, rottweiler, labrador, pastor alemão e pit bull.

A enfermidade é infectocontagiosa. “Geralmente ocorre por exposição oro-nasal a fezes, fômites ou ambientes contaminados”, explica Paulo Renato dos Santos Costa, doutor em Ciência Animal pela UFMG. Ou seja, basta que um animal sadio entre contato com excrementos ou com roupas e calçados infectados.

O diagnóstico de parvovirose canina pode ser feito com base no histórico (cães jovens sem vacinação), sinais clínicos e hemograma, mas uma posição definitiva só é admitida após testes específicos.

É o caso do ELISA, teste que detecta a presença de antígenos virais nas fezes e está disponível na forma de 
“Snap test”
 – de boa especificidade, fácil execução e interpretação qualitativa em poucos minutos. Se o resultado do ELISA for negativo, o recomendado é a realização de um segundo teste, como PCR, hemoaglutinação e microscopia eletrônica.

“Cães com parvovirose devem ser isolados e receber tratamento em local específico”, acrescenta Costa, que também é professor no Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa (MG). Donos ou profissionais que fizerem a limpeza e a desinfecção do ambiente e de equipamentos devem usar hipoclorito de sódio.

Para o manejo de parvovirose canina, a internação para fluidoterapia é um dos aspectos principais. Uso de antieméticos, antiácidos, protetores de mucosa, antibióticos, probióticos, analgésicos, antiespasmódicos, manejo nutricional e imunoglobulina Y complementam o tratamento. A taxa de sobrevivência é de aproximadamente 90%.

Confira como tratar a parvovirose canina

  • Fluidoterapia:
     método que corrige a desidratação provocada principalmente pelas perdas gastroentéricas. Pacientes com os sintomas persistentes e sem tratamento adequado podem evoluir para desidratação de 12% ou mais e complicar com hipovolemia (choque). Os tipos de fluidos mais utilizados são os cristalóides com eletrólitos (ex: Ringer lactato, Ringer simples, Solução fisiológica). O cálculo do volume de fluido segue a fórmula tradicional para reposição do déficit: peso do paciente x percentual estimado de desidratação x 10 para obter-se o volume em ml. Exemplo: um cão de 5 kg e 8% de desidratação condiciona a equação 5 x 8 x 10 = 400 ml.
  • Antieméticos:
     o controle dos vômitos ajuda a minimizar as perdas líquidas e eletrolíticas, melhora o conforto do paciente e cria condições favoráveis para a retomada da ingestão oral. O antiemético de primeira escolha é o citrato de maropitant. A ondansetrona é outra boa opção para terapia antiemética. A administração de citrato de maropitant deve ser de 1mg/kg/IV, uma ou duas vezes ao dia, conforme a necessidade. A ondansetrona é empregada na dose de 0,5 mg/kg/IV, de 12 em 12 horas.
  • Antiácidos:
     indicados no paciente com vômito pela alta incidência de esofagite de refluxo. O omeprazol é o mais utilizado. A terapia é feita por via endovenosa na dose de 1 a 1,5 mg/kg, uma vez ao dia. Após o controle da êmese, pode-se indicar a via oral. Os antagonistas H2, como a ranitidina, apresentam efeito antiácido discreto e não devem ser utilizados.
  • Protetores de mucosa:
     a administração de sucralfato para mucosa gástrica e esofágica deve ser de 0,5g/paciente, de 8 em 8 horas. O carvão ativado reduz a translocação de toxinas e micro-organismos, atuando como protetor de mucosa intestinal e na adsorção de toxinas.
  • Antibióticos:
     a associação de um β-lactâmico (ampicilina ou amoxicilina ou cefalotina ou ceftriaxona) com um aminoglicosídeo (amicacina, gentamicina) ou com o metronidazol oferece ampla cobertura antibiótica. Os aminoglicosídeos apresentam potencial nefrotóxico e só devem ser administrados após a correção da desidratação.
  • Probióticos:
     microrganismos vivos que fazem parte da flora normal, eles agem por competição contra agentes patogênicos, evitando que proliferem e causem doença. Sua utilização está indicada na fase de recuperação, quando os cães retomam a alimentação. O tratamento deve ser mantido por quatro a seis semanas, ou até a recuperação total do paciente.
  • Analgésicos e antiespasmódicos:
     em casos de cólica (espasmos intestinais), podem ser usados analgésicos opioides e atropina. Contudo, se o paciente apresentar íleo, essas medicações podem exacerbar a hipomotilidade gastrintestinal e agravar o quadro clínico.
  • Manejo nutricional:
     a falta de nutrientes na luz intestinal causa atrofia da mucosa e inativação dos mecanismos enzimáticos de digestão/absorção dos cães com parvovirose. É necessária uma quantidade mínima de nutrientes para manter a integridade desses mecanismos e estimular o fluxo sanguíneo local, melhorando a barreira de proteção intestinal e propiciando um retorno mais rápido das funções digestivas – 0,1mL/kg dessas soluções. Assim que os vômitos forem controlados, deve-se tentar a introdução de um alimento enteral mais completo.
  • Imunoglobina:
     recentemente, foi desenvolvido um produto com nutracêuticos e com Igγs específicas contra a parvovirose canina. Ele é extraído do ovo de galinhas poedeiras que tiveram contato com o vírus. Os anticorpos Igγ se ligam aos vírus, além de bactérias e protozoários, inibindo a fixação e a replicação dos agentes patogênicos na parede intestinal. Recomenda-se uma dose de ataque de AIG® de 4 comprimidos via oral, e, após, um comprimido para cada 10kg de peso, de 6 em 6 horas, durante 15 dias.

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