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Curativo em Cirurgias Abdominais: Principais Cuidados pela Enfermagem

1. Avaliação da ferida cirúrgica abdominal
 

A ferida cirúrgica abdominal demanda de avaliação e monitorização constantes para acompanhamento da evolução da cicatrização e identificação precoce de possíveis complicações. Os parâmetros avaliados incluem: 

  • Aspecto geral
    : A ferida deve apresentar-se limpa, sem sinais de necrose ou tecido desvitalizado. 
  • Coloração
    : A coloração normalmente varia do vermelho ao rosado. Alterações podem indicar complicações. 
  • Presença de exsudato
    : A quantidade e características do exsudato devem ser monitoradas para identificar possíveis infecções ou complicações. 

Estudos indicam que a avaliação clínica regular da ferida cirúrgica abdominal é fundamental para a detecção precoce de complicações, como infecção do sítio cirúrgico (ISC) e deiscência da ferida. 

Escalas e Instrumentos de Avaliação Padronizados

 Existem diferentes instrumentos para avaliar feridas cirúrgicas, como: 

  • Bates-Jensen Wound Assessment Tool
     (BWAT)
    : Uma escala Likert de cinco pontos, onde a pontuação mais alta indica pior condição da ferida. Avalia a ferida em relação à sua condição e cicatrização.  
  • Wound Bed Score
     (WBS)
    : Avalia a cicatrização de feridas com foco em parâmetros como cicatrização das bordas, necrose, granulação, exsudato, edema e pele circundante. Pontuações mais altas indicam melhor condição de cicatrização.  

A utilização desses instrumentos permite uma avaliação sistemática e objetiva da ferida, facilitando a comunicação entre os profissionais de saúde e a implementação de intervenções adequadas. 

Identificação Precoce de Sinais de Infecção ou Complicações

Para a implementação de intervenções eficazes, é crucial a detecção precoce de sinais de infecção ou complicações. Os principais sinais de infecção em feridas cirúrgicas incluem: 

  • Vermelhidão e aumento de temperatura ao redor da ferida
    : Indicativos de inflamação local. 
  • Inchaço excessivo ou aumento de dor na área
    : Podem sugerir infecção ou acúmulo de exsudato. 
  • Secreção com pus ou com odor forte
    : Sinal clássico de infecção bacteriana. 
  • Febre e sensação de mal-estar geral
    : Podem indicar disseminação da infecção. 

Além disso, a presença de deiscência parcial ou total da ferida, com possível exposição de órgãos internos, é uma complicação grave que requer intervenção imediata. 

A implementação de protocolos de cuidados, como o uso de coberturas adequadas e a monitorização regular da ferida, tem se mostrado eficaz na prevenção de complicações e na promoção de uma boa cicatrização. 

 

2. Escolha do curativo

A escolha do curativo adequado depende de diversos fatores, incluindo o tipo de incisão, presença de dreno e condições da lesão e do paciente. Os principais tipos de curativos utilizados incluem: 

  • Curativos Oclusivos:
    como filmes e hidrocolóides, que promovem um ambiente úmido que favorece a cicatrização. 
  • Curativos Absorventes:
    como espumas. Indicados para feridas com exsudato moderado a abundante. 
  • Curativos Secos:
    como gazes. Utilizados em feridas com pouca secreção. 

Outros fatores que influenciam na escolha do curativo: 

  • Tipo de Incisão:
    incisões lineares podem exigir curativos diferentes das incisões em "T" ou "L". 
  • Presença de Dreno:
    a presença de dreno pode aumentar a quantidade de exsudato, influenciando na escolha do curativo. 
  • Condições do Paciente:
    comorbidades como diabetes podem afetar a cicatrização e influenciar na escolha do curativo. 

Estudos indicam que o uso de coberturas modernas, como espumas e hidrocolóides, oferecem vantagens como maior conforto e menor necessidade de trocas frequentes, além de reduzir o risco de infecção e promover uma cicatrização mais rápida. 

3. Técnica correta para troca de curativo

A troca adequada do curativo é essencial para prevenir infecções e promover a cicatrização. As etapas incluem: 

  • Preparo do material e ambiente:
    organizar todos os materiais necessários e garantir um ambiente limpo e bem iluminado. 
  • Higiene das mãos e técnica asséptica:
    realizar a higienização das mãos antes e após o procedimento, utilizando técnica asséptica para evitar contaminações. 
  • Etapas da troca: 
  1. Remoção do curativo antigo:
    com cuidado para não traumatizar o tecido. 
  2. Limpeza da ferida:
    utilizar solução salina para remover secreções e detritos. 
  3. Inspeção da ferida:
    avaliar a evolução da cicatrização e identificar sinais de complicações. 
  4. Aplicação do novo curativo:
    escolher o curativo adequado e aplicá-lo conforme as diretrizes. 
  5. Registro adequado em prontuário:
    registrar informações como tipo de curativo utilizado, características da ferida e observações relevantes para acompanhamento. 

4. Fatores de risco e complicações associadas

Diversos fatores podem predispor o paciente a complicações pós-operatórias.
Entre os fatores identificados como significantes para o desenvolvimento de complicações das feridas cirúrgicas abdominais, destacam-se: 

  • Técnica cirúrgica:
    procedimentos realizados com técnica inadequada podem aumentar o risco de complicações. 
  • Tipo de incisão:
    incisões em áreas com maior tensão ou movimento podem predispor a complicações. 
  • Tabagismo:
    o tabagismo está associado a um aumento no risco de complicações nas feridas cirúrgicas. 
  • Uso de dreno:
    a presença de dreno pode aumentar a quantidade de exsudato e o risco de infecção. 
  • Condições do paciente:
    comorbidades como diabetes, obesidade e imunossupressão aumentam o risco de complicações. 

Complicações comuns incluem

  • Infecção do Sítio Cirúrgico (ISC):
    caracteriza-se por sinais como aumento da dor, calor local, secreção purulenta e febre. 
  • Deiscência e evisceração:
    abertura parcial ou total da ferida, com possível protrusão dos órgãos internos. 

O enfermeiro desempenha um papel crucial na identificação precoce de sinais de complicações e na implementação de medidas preventivas, pois é ele quem avalia a ferida e sabe a progressão da cicatrização. Por esse motivo, o correto registro em prontuário é o que garante a continuidade do cuidado pelas equipes subsequentes. 

5. Orientações ao paciente e continuidade do cuidado

A educação do paciente também é fundamental para a continuidade do cuidado e prevenção de complicações. As orientações devem incluir: 

  • Cuidados domiciliares com o curativo:
    instruir sobre a frequência e técnica adequada para a troca do curativo. 
  • Sinais de alerta:
    informar sobre sinais de complicações, como aumento da dor, secreção anormal ou febre, e quando procurar atendimento médico. 
  • Importância da adesão às orientações:
    enfatizar a importância de seguir as orientações para promover uma cicatrização adequada e prevenir complicações. 

6. Considerações finais

Além do cuidado diário com a ferida operatória, a educação em saúde ofertada para o paciente e cuidador, o papel do enfermeiro é fundamental também na prevenção de complicações pós-operatórias. A atuação efetiva inclui: 

  • Avaliação contínua:
    monitorar constantemente a ferida e identificar sinais precoces de complicações. 
  • Escolha adequada do curativo:
    selecionar o curativo apropriado com base nas características da ferida e condições do paciente. 
  • Educação do paciente:
    orientar o paciente sobre cuidados domiciliares e sinais de alerta. 
  • Atualização constante:
    buscar atualização contínua sobre novas tecnologias e práticas baseadas em evidências. 

A colaboração com estomaterapeutas e outras especialidades é essencial para o manejo eficaz das feridas cirúrgicas abdominais.