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Drenagem de abcesso: quando é indicado e papel da enfermagem

Conforme descrito no Caderno de Atenção Básica n° 30 do Ministério da Saúde, o abscesso é caracterizado pela coleção de pus na derme e nos tecidos profundos adjacentes. O furúnculo, por sua vez, é uma infecção de um folículo piloso, com material purulento que se estende até as camadas mais profundas da derme e do tecido subcutâneo. Já o carbúnculo resulta da coalescência de folículos severamente inflamados, formando uma massa inflamatória com drenagem de secreção purulenta por vários orifícios. Entre as bactérias piogênicas infectantes, a mais comum é o Staphylococcus. O abscesso pode ocorrer em qualquer parte do corpo, inclusive internamente.

No exame clínico, deve-se investigar a história de quebra de barreira física (como picadas de insetos, mordeduras, traumas, etc.) e, no exame físico, identificar lesões com sinais flogísticos (dor, rubor, calor e edema). Abscessos maduros apresentam-se macios e flutuantes, enquanto os não maduros são eritematosos e endurecidos.

Indicações ou não de drenagem cirúrgica

Eventualmente, pode ocorrer drenagem espontânea. Quando isso não acontece, pode ser indicada a aspiração com agulha ou drenagem cirúrgica. No entanto, hematomas decorrentes de trauma não devem ser explorados ou puncionados na ausência de alta suspeita ou clara definição de infecção. O abscesso cutâneo não deve ser drenado se não houver flutuação, pois a infecção pode se aprofundar nos tecidos abaixo da lesão.

A drenagem de abscesso é um procedimento cirúrgico que deve ser realizado por um médico, e o enfermeiro não possui respaldo legal para tal. Porém, o enfermeiro precisa estar apto a reconhecer, avaliar, tratar antes e após a drenagem, e encaminhar para o médico quando houver indicação.

Para abscessos sem flutuação, o enfermeiro deve indicar a aplicação de compressas quentes e úmidas por 15 a 20 minutos a cada hora, para reduzir a dor e promover vasodilatação, acelerando a maturação e rompimento do abscesso para drenagem do material contido. O calor deve ser confortável, sem estar excessivamente quente. É importante também prescrever repouso, elevação do segmento afetado e proteção do local.

A drenagem cirúrgica é geralmente necessária quando o tratamento com antibióticos não é suficiente para resolver a infecção ou quando há um acúmulo significativo de pus. O procedimento ajuda a aliviar a pressão, reduzir a dor e a infecção, facilitando a cicatrização do tecido afetado. Abscessos maiores e profundos devem ser tratados em um centro cirúrgico, e abscessos cervicais devem ser cuidadosamente avaliados devido ao risco de mediastinite descendente. Em áreas do corpo onde há preocupação estética (face, mamas, pescoço) ou áreas como palma das mãos, planta dos pés e dobra nasolabial, a avaliação de um cirurgião plástico é apropriada. Sinais de gravidade incluem uma extensa área de celulite adjacente, febre e presença de múltiplos abscessos. Na maioria dos casos, incisão e drenagem sob anestesia local é o tratamento de escolha.

É importante atentar para locais especiais, como a face, principalmente o triângulo formado pelo nariz e pela extremidade do lábio, devido à facilidade de desenvolver flebite séptica e à possibilidade de extensão para a região intracraniana através do seio cavernoso. Abscessos com flutuação devem ser encaminhados ao médico para drenagem. Abscessos perianais e anorretais fogem a essa regra, devendo ser drenados mesmo sem flutuação, devido ao risco de evolução para infecção perineal extensa. Ao utilizar anestésico local, deve-se considerar que, no baixo pH tecidual do abscesso, o efeito pode ser menos satisfatório. A antibioticoterapia empírica é reservada para imunocomprometidos ou pacientes com extensa área de celulite, toxemia ou linfangite.

Como é feita a drenagem pelo médico?

O tratamento do abscesso cutâneo é feito através do esvaziamento do seu conteúdo e da lavagem da cavidade para remover completamente o pus e o tecido morto. Após antissepsia, a anestesia local é realizada de forma troncular ou por infiltração intradérmica direta na área de incisão, incluindo ou não o perímetro da lesão. A incisão deve ser feita no ponto de maior flutuação, respeitando as linhas de força, com bisturi ou agulha grossa. É prudente cobrir a área com gaze, visto que o abscesso está sob tensão, podendo ocorrer uma pequena explosão do conteúdo.

É fundamental explorar a cavidade com pinça hemostática para quebrar as loculações. Realiza-se compressão manual para drenagem do conteúdo purulento, seguida de irrigação copiosa com solução fisiológica. O uso de dreno (Penrose) não é rotineiro, mas pode ser necessário em lesões maiores, devendo ser fixado com ponto simples e removido pelo médico em 24 a 48 horas. É prática comum, ao se optar por não drenar, projetar a extremidade de uma gaze no interior da cavidade residual, mantendo-a até a primeira troca de curativos.

A drenagem do abscesso cutâneo traz alívio imediato da dor. Caso ela persista, poderá ser indicado o uso de medicação anti-inflamatória ou analgésicos até a dor ceder. Em alguns casos, pode ser necessária a prescrição de antibióticos para debelar a infecção, de acordo com a bactéria causadora. Neste caso, o pus colhido pode ser enviado para cultura e determinação do agente causador da infecção.

Cuidados de enfermagem pós-drenagem

A ferida resultante deve ser deixada aberta para que o pus continue drenando. Para evitar o fechamento prematuro e facilitar a drenagem, pode ser necessária a colocação de um dreno dentro do espaço deixado pelo abscesso cutâneo, cobrindo tudo com um curativo para absorver o material drenado. Após dois ou três dias, este dreno é retirado.

O curativo deve ser realizado e trocado diariamente, com limpeza incluindo soro fisiológico. A cobertura com creme ou pomada antibiótica deve ser mantida sobre a ferida até sua completa cicatrização, que se dará por segunda intenção (de dentro para fora).

Após a drenagem do abscesso, é importante seguir algumas orientações para garantir uma recuperação adequada e prevenir complicações, tais como:

  • Manutenção do curativo:
    mantenha a área limpa e seca, incluindo a troca regular do curativo, aplicação de pomadas antibióticas e limpeza com soro fisiológico ou outro produto indicado.
  • Observação de sinais de infecção:
    fique atento a sinais de infecção, como vermelhidão, inchaço, secreção com odor fétido ou aumento da dor. Procure atendimento médico imediatamente se notar esses sinais.
  • Medicação:
    siga a orientação para o uso de medicamentos prescritos, como antibióticos e analgésicos, conforme indicado pelo médico.
  • Repouso:
    reserve tempo para se recuperar, evitando atividades extenuantes e garantindo um repouso adequado.
  • Higiene pessoal:
    lave as mãos frequentemente e mantenha uma boa higiene pessoal para evitar a propagação de infecções.
  • Roupas confortáveis:
    utilize roupas soltas e confortáveis que não causem pressão sobre a área afetada.
  • Acompanhamento médico:
    siga as recomendações para consultas de acompanhamento e exames, a fim de monitorar a evolução da cicatrização e garantir que a infecção esteja resolvida.

O acompanhamento com o enfermeiro após a drenagem de abscesso é essencial para uma recuperação adequada e prevenção de complicações. A assistência do enfermeiro abrange a educação do paciente, o monitoramento clínico e os cuidados diretos e indiretos.

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