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Fisioterapia em oncologia: intervenções no manejo do paciente oncológico

O câncer e seus tratamentos, como quimioterapia, radioterapia e cirurgia, impactam significativamente a funcionalidade de pacientes oncológicos, afetando aspectos físicos, emocionais e sociais. Estudos demonstram que sintomas como dor, fadiga, perda de força muscular e limitações de mobilidade são frequentes, comprometendo atividades diárias e a participação social. Por exemplo, 69,2% dos pacientes relatam dor crônica, e 61,5% apresentam dificuldades para caminhar, com redução da estabilidade postural e aumento do risco de quedas. 

A quimioterapia, em particular, está associada a déficits neuromusculares, incluindo perda de massa muscular e resistência aeróbica, que persistem mesmo após o término do tratamento. Além disso, efeitos colaterais como náuseas, depressão e alterações cognitivas agravam a incapacidade funcional. Pacientes submetidos a múltiplos ciclos de quimioterapia apresentam pior desempenho físico, com impacto direto na capacidade laboral e na independência. 

Barreiras geográficas e socioeconômicas também limitam o acesso a serviços de reabilitação, perpetuando o ciclo de dependência. Intervenções como fisioterapia oncológica e pré-habilitação emergem como estratégias essenciais para mitigar esses efeitos. Programas de exercícios personalizados, terapia manual e treinamento respiratório melhoram a capacidade funcional, reduzem a fadiga e otimizam a qualidade de vida. Estudos recentes destacam que a reabilitação precoce pode preservar até 30% da força muscular durante o tratamento, além de melhorar parâmetros como equilíbrio e resistência.

Principais intervenções fisioterapêuticas na oncologia

As estratégias terapêuticas para melhorar os sintomas em pacientes oncológicos, como dor, fadiga, fraqueza, redução da mobilidade e linfedema, são multidisciplinares e focadas na qualidade de vida. O manejo da dor inclui analgesia farmacológica, com uso de opioides, anti-inflamatórios e adjuvantes, além de terapias complementares como fisioterapia, acupuntura e técnicas de relaxamento. 

A fadiga oncológica é tratada com exercícios físicos supervisionados, que melhoram a resistência e reduzem o cansaço, além de intervenções nutricionais e suporte psicológico. Para a fraqueza e redução da mobilidade, exercícios funcionais e voltados a necessidade e condição do paciente são importantes para a promoção de força e resistência muscular, além de alongamentos e melhora da amplitude de movimento. 

O linfedema, comum após tratamentos cirúrgicos e radioterápicos, é manejado com drenagem linfática manual, compressão elástica e exercícios específicos para estimular o retorno venoso e linfático. Além disso, o suporte nutricional, psicológico e o controle dos efeitos colaterais dos tratamentos oncológicos são fundamentais para otimizar a recuperação e minimizar sintomas. A abordagem integrada entre oncologia, fisioterapia, nutrição e psicologia proporciona melhora significativa na funcionalidade e qualidade de vida dos pacientes.

Fisioterapia em diferentes fases do tratamento oncológico

O exercício físico é um fator comprovadamente eficaz na prevenção do câncer, na redução do risco de recorrência e na melhora dos desfechos em pacientes já diagnosticados. Estudos epidemiológicos mostram que indivíduos fisicamente ativos apresentam menor incidência de diversos tipos de câncer, incluindo mama, próstata, cólon e bexiga, com redução de 10 a 20% no risco em comparação a sedentários. 

Além disso, o exercício após o diagnóstico está associado a menor taxa de complicações, recidivas e mortalidade, especialmente em câncer de mama, próstata e colorretal. Os mecanismos biológicos subjacentes envolvem modulação de vias metabólicas e hormonais, redução da inflamação, melhora da função imune e aumento da expressão de genes relacionados à reparação do DNA e apoptose. O exercício também promove redução dos níveis séricos de estrogênio e leptina, hormônios ligados à progressão tumoral, além de melhorar o perfil antioxidante e reduzir o estresse oxidativo. 

Embora evidências clínicas robustas ainda sejam necessárias para confirmar causalidade e definir protocolos ideais, o artigo reforça que o exercício é uma intervenção segura, acessível e eficaz, recomendada como parte integrante do cuidado oncológico para prevenção, tratamento e reabilitação. A reabilitação física em pacientes oncológicos é fundamental em todas as fases do tratamento - antes, durante e após a quimioterapia e radioterapia - para minimizar sequelas, preservar a funcionalidade e melhorar a qualidade de vida. 

Antes do tratamento, a chamada pré-habilitação visa fortalecer a musculatura, melhorar a capacidade respiratória e preparar o paciente para os impactos do tratamento, reduzindo complicações futuras. Exercícios específicos e orientações são planejados para otimizar a condição física e emocional, facilitando a recuperação pós-tratamento. 

Durante a quimioterapia e radioterapia, a reabilitação foca em manter a força muscular, controlar a fadiga e prevenir complicações como linfedema e limitações articulares. Programas personalizados ajudam a minimizar efeitos colaterais, promovendo a manutenção da autonomia e do bem-estar. Após o tratamento, a reabilitação intensifica-se para restaurar a mobilidade, força, resistência e função respiratória, além de oferecer suporte psicológico. 

Técnicas de fisioterapia auxiliam na recuperação da amplitude de movimento, no controle da dor e na reintegração social e funcional do paciente. Assim, a reabilitação em pacientes oncológicos é um componente essencial do cuidado integral, promovendo melhor prognóstico e qualidade de vida ao longo de toda a jornada do paciente.

Conclusão

A fisioterapia desempenha papel importante no cuidado integral de pacientes oncológicos, atuando na prevenção e tratamento das sequelas causadas pelo câncer e seus tratamentos. Ela contribui para a redução da dor, melhora da força muscular, mobilidade, controle do linfedema e da fadiga, promovendo maior autonomia e qualidade de vida. 

Além disso, a fisioterapia oncológica também atua na equipe multiprofissional com suporte físico e emocional, auxiliando na adaptação às mudanças corporais e na manutenção da funcionalidade durante todas as fases do tratamento.