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Papel do enfermeiro no centro cirúrgico: rotinas e cuidados

O centro cirúrgico (CC) é uma unidade hospitalar onde são realizados procedimentos anestésico-cirúrgicos de diferentes complexidades, eletivos ou emergenciais. O contexto de crescente desenvolvimento e evolução tecnológica nos processos de trabalho nesse setor compõem um cenário em que inúmeras práticas interagem e se integram para a efetiva prática assistencial ao paciente.

Ao considerar aspectos organizacionais do CC, verifica-se que a integração entre o gerenciamento do cuidado ao paciente, dos recursos materiais, dos processos de trabalho desenvolvidos pela equipe multiprofissional, da educação permanente dos profissionais e o estímulo ao desenvolvimento de pesquisas científicas são atribuições do enfermeiro que atua nessa área.

Embora seja possível pontuar especificidades e particularidades institucionais que interferem no papel do enfermeiro em CC, uma de suas principais competências consiste em
gerenciar a assistência perioperatória em interrelação com diferentes profissionais e setores
da instituição, incluindo ações que promovam a gestão dos recursos disponíveis de forma a aprimorar a qualidade e segurança assistencial.

A gestão e o planejamento desta unidade demandam um profissional dinâmico, com habilidade para tomar decisões rápidas e assertivas, assegurando a eficiência no atendimento a procedimentos de urgência e emergência. Esse papel envolve a reorganização das escalas e a coordenação da equipe de enfermagem, garantindo um fluxo de trabalho ágil e bem estruturado.

No Brasil, não há legislação específica que disponha sobre as atividades do enfermeiro no CC. Na prática assistencial, a inexistência de especialização não impede a atuação do enfermeiro no CC. No entanto, há uma recomendação da entidade de classe para que o enfermeiro seja especialista na área em que atua. O enfermeiro pode atuar no CC coordenando o cuidado ou diretamente na assistencia. Ele está presente no pré, trans e pós-operatório.

Checklist de cirurgia

O checklist de cirurgia segura da Organização Mundial da Saúde (OMS)
é uma ferramenta que visa reduzir eventos adversos em hospitais
. Ele é dividido em três momentos:

  • Entrada (antes da indução anestésica)
  • “Time Out” ou Pausa (antes da incisão)
  • Saída (antes do paciente deixar o centro cirúrgico)

Atribuições do enfermeiro assistencial

  • Realizar escala de atividades diariamente, além de supervisionar ou monitorar a prática da equipe;
  • Priorizar o atendimento mediante o grau de complexidade;
  • Certificar o preenchimento correto dos prontuários, impressos e pulseiras de identificação;
  • Fazer avaliação pré operatória com sinais vitais e inspecionar o paciente na entrada do CC, remover adornos, administrar medicações pré-operatórias quando prescritas, bem como ajudar na mudança de maca;
  • Providenciar, nortear o encaminhamento, organizar e analisar o funcionamento dos recursos e instrumentais na sala de Operação;
  • Conduzir/receber o paciente para/na SO e Sala de Recuperação pós Anestésica (RPA);
  • Contribuir no ato anestésico, bem como assistir o paciente no término da anestesia e/ou cirurgia e realizar o plano de cuidado.

Atuação do enfermeiro assistencial no período trans e intraoperatório

  • Conferir a pulseira de identificação e prontuário no recebimento do paciente no Centro Cirúrgico (CC) e fazer o checklist seguro;
  • Conferir jejum, alergias conhecidas, medicamentos utilizados e doenças ou cirurgias anteriores;
  • Analisar: sinais vitais, nível de consciência, padrão respiratório, instalar acessos venosos, drenos, sondas, curativos e imobilizações necessárias;
  • Auxiliar nas trocas de macas, manter o paciente aquecido, se necessário colocar meias elásticas em membros inferiores;
  • Garantir o direito à privacidade do paciente, além de instalar placa do eletrocautério;
  • Controlar as secreções gástricas, diurese e perdas sanguíneas durante a cirurgia;
  • Identificar a peça anatômica e encaminhá-lo para o serviço anatomopatológico e registrar as ações de enfermagem realizadas.

Atuação do enfermeiro assistencial no período pós-operatório

  • Analisar as condições de infecção de sítio cirúrgico, mediante sinais flogísticos ou de exames;
  • Verificar as intercorrências quanto ao posicionamento de drenos e cateteres;
  • Esclarecer e reforçar as orientações ao paciente e familiares;
  • Registrar no prontuário do paciente;
  • Verificar as atribuições da enfermagem e se estas precisam ser aprimoradas ou modificadas.

Atribuições do enfermeiro coordenador do centro cirúrgico

  • Avaliar e prever os materiais e equipamentos, além de supervisionar, orientar o uso dos mesmos;
  • Tomar decisões administrativas e assistenciais com base em evidências científicas;
  • Manter o controle técnico, administrativo e ético das atividades do setor;
  • Verificar o agendamento de cirurgias, orientar a montagem da SO e realizar a SAEP;
  • Proporcionar medidas que objetivem a prevenção de complicações;
  • Notificar reações adversas ao paciente ou solucionar possíveis problemas de enfermagem;
  • Verificar a presença dos profissionais, analisando faltas, atrasos, licenças, entre outros;
  • Participar das atividades científicas e incentivar os colegas a participar.

Durante o transoperatório cirúrgico, o enfermeiro também gerencia a circulação dos profissionais, os materiais e medicamentos utilizados, ordena os funcionários e as salas cirúrgicas, confere a identificação do paciente e a cirurgia que acontecerá, instala acessos venosos e cateteres vesicais, quando indicado, e garante que não faltem recursos.

Uma vez que as principais causas de eventos adversos estão relacionadas a fatores humanos, é importante que a equipe de enfermagem busque se capacitar e se especializar para avaliar possíveis riscos. Tais ações são essenciais para que se reduza danos e riscos e outras complicações que possam vir a comprometer a segurança e a saúde dos pacientes.

Sistematização da assistência de enfermagem perioperatória

A enfermagem desempenha suas atividades com base na Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP), um instrumento fundamental para assegurar uma assistência planejada e segura. A cirurgia segura envolve a implementação de medidas que reduzem o risco de eventos adversos em todas as fases do período perioperatório — antes, durante e após a cirurgia.

A SAEP tem como principal objetivo prevenir complicações e danos ao paciente, orientando-se por processos bem definidos, como o checklist de cirurgia segura. Essa ferramenta é amplamente utilizada por toda a equipe de enfermagem, garantindo a redução de riscos e promovendo uma assistência contínua, humanizada e de qualidade em cada etapa do cuidado cirúrgico.

Essa assistência sistematizada se constitui de 5 fases:

  1. Visita pré-operatória de enfermagem;
  2. Planejamento da assistência;
  3. Implementação da assistência;
  4. Avaliação da assistência;
  5. Reformulação da assistência.

O objetivo da SAEP é:

  • desenvolver uma assistência integral, continuada, participativa, individualizada, documentada e avaliada;
  • promover uma assistência mais científica e menos empírica;
  • permitir um cuidado humanizado e particularizado e identificar as intervenções de enfermagem de acordo com as necessidades de cada paciente.

Salienta-se que tal sistematização leva a um atendimento individualizado e eficaz, que reduz riscos e complicações pós-operatórias.

A enfermagem é responsável por garantir um ambiente seguro, confortável e limpo durante todo o procedimento cirúrgico. Após a cirurgia, o enfermeiro deve inspecionar os equipamentos utilizados, identificando possíveis falhas ou problemas, a fim de solucioná-los e assegurar que estejam em perfeitas condições para a próxima intervenção.

O papel do enfermeiro de centro cirúrgico vai muito além da atuação na sala de operações. Ele começa no planejamento do espaço e dos materiais, estendendo-se até o acompanhamento no pós-operatório. Além de assegurar o funcionamento eficiente do setor, o enfermeiro desempenha um papel fundamental na promoção da segurança do paciente e da equipe multidisciplinar.

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