Protocolo de IAM: o que todo enfermeiro precisa saber
Dentre as doenças cardiovasculares existentes, o infarto agudo do miocárdio (IAM) é o que mais acomete os brasileiros de qualquer idade. O IAM é uma afecção isquêmica abrupta caracterizada por necrose tecidual do miocárdio, que ocorre após o desequilíbrio de algum vaso, resultando na obstrução de artérias coronárias que comprometem a oferta e demanda de nutrientes ao tecido.
O IAM causa vários defeitos locais no miocárdio, prejudicando a sua funcionalidade, resultando em necrose tecidual e isquemia. Esse problema acaba reduzindo o preenchimento ventricular, interrompendo o fluxo sanguíneo e o transporte de oxigênio. Causando a morte do musculo e lesão permanente das células do cardíacas, prejudicando a homeostase de todo os órgãos.
Essa condição pode deixar sequelas físicas, psicológicas e sociais e, até mesmo, levar o indivíduo a morte. Sendo assim, é necessário que o atendimento ao sujeito com IAM seja imediato e os cuidados permaneçam mesmo após a alta hospitalar, com objetivo de minimizar os riscos de complicações e agravos a curto e médio prazo.
A principal causa do IAM é a aterosclerose, doença em que placas de gordura se acumulam no interior das artérias coronárias, chegando a obstrui-las. Na maioria dos casos, o infarto ocorre quando há o rompimento de uma dessas placas, levando à formação do coágulo e interrupção do fluxo sanguíneo. Os fatores que predispõem o IAM estão relacionados à idade, colesterol alto, diabetes, tabagismo, obesidade e fatores hereditários.
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Sintomas do IAM
Os sinais e sintomas mais frequentes do IAM são:
- falta de ar;
- dor torácica;
- dor epigástrica;
- desmaios e tonturas;
- cianoses em extremidades;
- fraqueza;
- sudorese;
- náusea;
- vômito;
- palidez;
- e síncope.
A dor torácica é persistente, de início súbito e forte intensidade, localizada sobre a região esternal com irradiação para o braço esquerdo e mandíbula. Essa dor geralmente começa no tórax e se estende entre as costas e ambos os braços, sendo mais comum no lado esquerdo.
A dor característica do infarto se dá pela diminuição do fluxo de sangue, acarretada pela resistência ou obstrução de uma ou mais artérias coronarianas, impossibilitando a chegada de oxigênio em quantidade necessária para as células cardíacas.
Vale ressaltar que se pode confundir essa dor com alguns sintomas rotineiros, tais como: má digestão, dores musculares e tensões.
Embora, a dor torácica que acomete pacientes com IAM seja característica, a avaliação da dor segue como um desafio aos profissionais de saúde nos serviços de emergência e hospitalar devido à subjetividade e dificuldades em sua mensuração.
Papel do enfermeiro
Na triagem de uma pessoa com dor precordial em uma unidade de saúde, o enfermeiro é o primeiro a realizar os procedimentos. Assim, ele deve ser competente, hábil, humanista e saber reconhecer os sinais e sintomas de várias doenças cardíacas, inclusive do IAM. É importante que os achados sejam confirmados através de eletrocardiograma, para que seja repassado a equipe médica, a fim de que se iniciem as condutas.
Cabe ressaltar que no âmbito da equipe de enfermagem, a classificação de risco e priorização da assistência em serviços de urgência é privativa do enfermeiro, observadas as disposições legais da profissão.
A assistência ao paciente com suspeita de infarto agudo do miocárdio deve focar em dois momentos críticos. O primeiro momento é aquele em que ocorre o maior número de mortes, abrangendo o intervalo entre o início dos sintomas e o atendimento médico, durante o qual é crucial restaurar o fluxo sanguíneo e a perfusão do miocárdio. O segundo momento começa quando o paciente recebe o primeiro atendimento médico e se estende até a sua transferência para uma unidade especializada.
Portanto, é de suma importância que o reconhecimento dos sintomas seja imediato. Na maioria dos casos, o diagnóstico do IAM pode ser realizado através da coleta da história clínica, eletrocardiograma (ECG), análise das enzimas cardíacas CK (MB, mioglobina e troponina).
A atuação do enfermeiro é primordial no sentido de agilizar o processo de trabalho visando o atendimento qualificado, identificando os sinais e sintomas do paciente com IAM, bem como os encaminhamentos e as intervenções assistenciais que se seguem.
As intervenções priorizadas pelo enfermeiro devem incluir eletrocardiograma, monitorização cardíaca, coleta de enzimas cardíacas, instalação de oxigênio, realização da anamnese e do histórico breve, glicemia capilar e punção de acesso venoso periférico de grosso calibre.
O enfermeiro atua desde a admissão na unidade hospitalar até a recuperação do paciente. Para tanto ele precisa prestar uma assistência sistematizada e individualizada. O processo de enfermagem é uma ferramenta importante para garantir uma assistência de qualidade, respaldado em evidências científicas, promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo.
Protocolo de IAM para enfermeiros
No IAM, o gerenciamento do processo do cuidado baseia-se no diagnóstico rápido, desobstrução imediata da artéria coronária afetada e manutenção do fluxo sanguíneo ideal.
Essas ações estão diretamente ligadas ao prognóstico do paciente e devem ser realizadas o quanto antes, a fim de reduzir a lesão do miocárdio e aumentar as chances de sobrevivência.
Ao chegar um paciente com dor precordial na classificação de risco:
- Coletar sinais vitais:pressão arterial, frequência cardíaca e frequência respiratória. Os sinais clínicos a seguir caracterizam sinais deRISCO: hipotensão arterial (PA sistólica <80mmHG), bradicardia (FC <50 bpm), taquicardia (FC >120 bpm), rebaixamento do nível de consciência, taquipnéia (FR .25 IRPM), SAT <92%);
- Exame clínico:alergias; medicamentos em uso; passado médico; ingestão recente de líquidos e alimentos; ambiente em que estava;
- Orientar para quenão seja realizada nenhuma ingesta oral;
- Avaliar a queixa principal:aperto/pressão/ queimação, Irradiação para MSE, acompanhada de dispneia (sinais de alerta);
- Realizar ECG em até 10 minutos do início do atendimento;
- Comunicar ao médico de plantão;
- Instalaracesso venoso periférico de grosso calibreem membro superior;
- Manter apermeabilidade das vias aéreas e a ventilação adequada;
- Administraroxigênio suplementar por cateter nasal ou máscara, se saturação de oxigênio se for < 94% (atentar para pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica);
- Medir a glicemia capilar:se a glicemia for < 70 mg/dL, administrar 30 a 50 mL de Glicose 50%, intravenoso/intraósseo; repetir glicemia capilar em 10 minutos e administrar glicose conforme recomendação acima, em caso de persistência dos sintomas;
- Após ECG de 12 derivações,avaliar se o paciente apresenta infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento STe preenche critérios paratrombólise pré-hospitalar, em caso positivo realizar coleta de sangue para sodagem de marcadores bioquímicos de dano miocárdico;
- Administrar AAS o mais precocemente possívelem todos pacientes sem contraindicação, emdose inicial de 150 a 300 mg(pacientes sem uso prévio de AAS);
- Administrarclopidogrel de 200 - 300 mg VO para pacientes com idade ≤ 75 anos. Para aqueles com mais de 75 anos administrar 75 mg VO (contraindicações: hipersensibilidade conhecida, sangramento patológico ativo, intolerância a galactose);
- Administrarbetabloqueador à critério médico;
- Administrarnitrato sublingual, podendo repetir a dose em 5 a 15 min (15 mg no máximo) a critério médico;
- Ouso de morfina endovenosa está reservado para pacientes com dor intensae refratária e a critério médico. Administrar doses de 2 a 4 mg, podendo ser repetida em 15 minutos na dose de 2 mg;
- Monitorização cardíaca contínua.
Atenção:
pacientes hipotensos, bradicárdicos, ou que tenham feito uso de inibidores da fosfodiestarese-5 nas últimas 24 horas (sidenafila) ou 48h (tadalafina), não devem receber nitrato, assim como em pacientes com suspeita do ventrículo direito.
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