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Recuperação pós-anestésica: atuação da enfermagem evita complicações

A necessidade de anestesia geral é um dos fatores responsáveis por elevar o nível de complexidade de uma cirurgia. Dessa forma, a intervenção requer atenção redobrada por parte do corpo médico – e os enfermeiros exercem uma participação vital nesse processo. Fundamental em todo o perioperatório, a atuação do profissional ganha ainda mais importância na etapa posterior ao procedimento. A recuperação pós-anestésica é a fase na qual o paciente requer um maior nível de cuidados, especialmente no que diz respeito ao aparecimento de complicações clínicas – as chamadas de DEs.

Tudo começa na admissão do indivíduo na Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA). Nesse momento, o enfermeiro deve realizar uma avaliação completa dos aspectos físicos e emocionais do paciente. Ele precisará estar munido de informações sobre diagnóstico, anestesia empregada e tipo de cirurgia proposta e realizada, além das possíveis intercorrências verificadas no procedimento.

A Recuperação Pós-Anestésica

O artigo Assistência de Enfermagem na Recuperação Pós-Anestésica, elaborado pelos docentes de Enfermagem Amanda Margatho, Carina Dessotte, Daniele Pompeo, Lídia Rossi e Renata Silveira, instrui a realização de uma avaliação padrão por parte do profissional. “O enfermeiro deve inspecionar rapidamente o paciente, observando inicialmente as necessidades de oxigenação, circulação, termorregulação, integridade tecidual, sensopercepção, eliminação, movimentação, higiene e terapêutica”, aconselham os especialistas, em um trecho do trabalho científico.

Atenção à respiração

A anamnese inicial, realizada durante o Pós-Operatório Imediato (POI), pode indicar a existência estabelecida ou potencial de DEs, embora haja o risco de os problemas se manifestarem ao longo da estadia do paciente na SRPA. O espectro de complicações se relaciona a cada uma das fases da avaliação. Em relação à oxigenação, por exemplo, o enfermeiro pode encontrar um padrão respiratório ineficaz, associado ao uso de medicamentos anestésicos.

Os indivíduos que passaram por anestesia prolongada tendem a apresentar sensopercepção alterada e relaxamento muscular intenso, características que os tornam suscetíveis à depressão respiratória. Nesses casos, o enfermeiro deve estar atento às alterações de expansão da caixa torácica e da frequência respiratória.

A cabeceira da cama deve ser mantida elevada – entre 30º e 45º. Já a vaporização de oxigênio pode ser acionada. Dependendo da necessidade, a requisição de um cateter de O2 será necessária. A saturação de oxigênio também é um indicativo importante: níveis abaixo de 92% exigem uma intervenção imediata do profissional.

Intercorrências circulatórias

Os cuidados dos enfermeiros em relação às complicações do pós-anestésico também incluem a circulação do paciente. Uma das DEs relacionadas a essa função é o débito cardíaco diminuído, decorrente de cardiopatia pré-existente ou de sangramento originado pelo trauma cirúrgico.

A hemorragia, aliás, é mais comum no POI. Aqui, o quadro pode exigir a reposição volêmica ou uma intervenção médica mais ostensiva, a depender da extensão da debilidade coronária e da própria perda sanguínea.

Também há o risco de desequilíbrio de volume de líquidos (hipovolemia ou hipervolemia). A diminuição é uma condição comum no POI e pode derivar de uma série de choques, como o cardiogênico e o séptico, ou de vasodilatação provocada pelo bloqueio de nervos simpáticos. O volume excessivo também é prejudicial e pode estabelecer edema agudo de pulmão em pacientes cardiopatas ou idosos. Ambos os quadros prejudicam o processo de recuperação do paciente.

O planejamento de assistência do enfermeiro para esses casos estabelece as seguintes medidas:

  • Avaliação da pressão arterial sistêmica (PAS) e PA média e frequência cardíaca, comparando-as com os níveis pré-operatórios;
  • Realização do controle hídrico;
  • Controle rigoroso do gotejamento e volume das soluções infundidas;
  • Verificação da permeabilidade dos drenos e presença de obstrução ou acotovelamento;
  • Avaliação de prováveis perdas de líquidos por curativos, drenos e sondas;
  • Observação da coloração e volume urinário.

Além disso, o enfermeiro deve estimular a circulação do paciente com exercícios para as pernas e por meio da mudança frequente da posição no leito. Os procedimentos mitigam o risco de tromboses e de escaras. As meias antiembólicas também são úteis nessa condição, pois auxiliam o retorno venoso. Já a deambulação precoce tem efeito significativo na recuperação pós-anestésica e na prevenção de complicações circulatórias surgidas no pós-anestésico.

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