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Segurança do paciente em UTI: o papel da enfermagem

A expressão “segurança do paciente” tem sido amplamente empregada na área da saúde, tornando-se tema prioritário e inovador nas últimas décadas. 

Ela se refere às ações que possibilitam evitar, prevenir e minimizar possíveis erros cometidos por profissionais. Isso ocorre enquanto buscam prestar uma assistência de qualidade. Além disso, visa prevenir complicações e eventos adversos que causem danos desnecessários à vida dos pacientes

Segundo Reason (2009), existem duas abordagens do erro. A primeira refere-se ao próprio sujeito, ou seja, ao profissional. Consiste nos atos inseguros, como desatenção, descuido, negligência e imprudência. A segunda abordagem refere-se ao sistema, ou seja, às instalações, organização, entre outros, que levam a falhas ativas e, consequentemente, à ocorrência de eventos adversos e/ou incidentes.

Na unidade de terapia intensiva (UTI), os eventos adversos são bastante preocupantes. Eles podem levar, principalmente, ao aumento da permanência hospitalar e da taxa de mortalidade.

Em uma unidade de terapia intensiva, as condições clínicas do paciente oscilam entre limites estreitos de normalidade/anormalidade. Trata-se de um contexto em que pequenas mudanças orgânicas podem levar à deterioração grave da função corporal. 

A expectativa em tais cenários é garantir o melhor resultado dentro das condições clínicas e da gravidade dos pacientes, tendo os menores índices possíveis de complicações decorrentes dos procedimentos realizados.

Assim, a essência da enfermagem em cuidados intensivos não está apenas no ambiente ou nos equipamentos especiais, mas no processo de tomada de decisão. Este processo deve ser baseado na compreensão das condições fisiológicas e psicológicas do paciente, com ênfase em uma assistência segura. 

A ocorrência de eventos iatrogênicos na assistência coloca em risco a vida de pacientes e tem merecido atenção dos enfermeiros na busca por cuidados que assegurem a minimização de tais riscos.

Pensando nisso, neste artigo, falaremos mais sobre o papel da enfermagem na segurança do paciente em UTI.

Medidas recomendadas para garantir a segurança do paciente em uma UTI

As medidas recomendadas são direcionadas aos principais erros cometidos pelos profissionais. O foco é nas práticas assistenciais diárias que podem acometer a segurança do paciente em uma UTI.

A seguir, são destacados conjuntos de intervenções que têm como finalidade a prevenção e a redução de riscos, garantindo ao paciente uma assistência segura e de qualidade durante o atendimento hospitalar.

Aprendizado organizacional e melhoria contínua

  • Criação de um manual sobre a segurança do paciente. 
  • Realização de capacitações e aprimoramento dos funcionários periodicamente.
  • Elaboração de protocolos operacionais padrão (POP), com a finalidade de corrigir e evitar erros.

Percepção geral da segurança do paciente

  • Focar no paciente.
  • Atentar para o horário, dose e diluição correta dos medicamentos. 
  • Conscientizar profissionais, familiares e pacientes sobre riscos de contaminação.
  • Cuidado com a higienização do box e limpeza do ambiente.
  • Atentar-se para trocas de luvas e capotes e descarte correto de perfurocortantes.
  • Reduzir o fluxo de visitas para pacientes em estados críticos ou instáveis.

Lesão por pressão

  • Utilizar protocolos que visem diminuir o aparecimento de lesão por pressão nos pacientes.
  • Realizar a inspeção de pele e a identificação de pacientes que possuem maior facilidade de desenvolver lesão por pressão.
  • Informar à equipe sobre a importância de realizar a mudança de decúbito.
  • Utilizar protetores para articulações e proeminência óssea.

Retirada e manutenção de dispositivos terapêuticos

  • Realizar higienização e troca do dispositivo sempre que necessário.
  • Orientar os familiares e os pacientes sobre a manutenção dos dispositivos.
  • Orientar a equipe de enfermagem sobre as técnicas corretas de inserção e manuseio de dispositivos de cateter e sondas.

Quedas e medidas restritivas

  • Sempre elevar as grades da cama.
  • Realizar campanhas sobre a vigilância e observação dos pacientes. 
  • Adequar a infraestrutura da área hospitalar na UTI.
  • Aplicar corretamente técnicas de contenção de movimento. 
  • Adicionar algodão ortopédico nos punhos para não lesionar a pele do paciente. 

Abertura para comunicações

  • Intensificar o diálogo e a comunicação de forma efetiva entre os profissionais e pacientes. 
  • Realizar reuniões com os profissionais sempre que possível.
  • Realizar levantamentos dos principais eventos adversos que acometem a segurança do paciente e reforçar as medidas preventivas, promovendo discussões de casos clínicos.

Construindo uma cultura de segurança do paciente

Segundo Silva (2011), os erros de medicamentos, por exemplo, podem estar ligados à falha na implementação dos cinco certos: paciente certo, medicamento certo, via certa, dose certa e hora certa. 

Além disso, podem ser decorrentes de falhas no planejamento do aprazamento da prescrição médica, da não realização das medicações, de erros no horário de administração, da falta de monitorização e de erros na preparação da medicação, na via de administração ou na técnica de administração.

Convém ressaltar novamente que os pacientes internados em uma UTI estão mais vulneráveis a possíveis complicações hospitalares, tanto pelo seu estado crítico, como por possíveis infecções ou erros assistenciais. Nesses contextos, erros decorrentes de falta de atenção, como a falha na passagem de plantão ou anotações erradas nos prontuários, podem ter uma influência ainda maior na complicação do quadro. 

Por fim, compreende-se que a construção de uma cultura de segurança do paciente requer o envolvimento de toda a instituição. Isso implica começar pela identificação dos problemas, buscando soluções correspondentes e criando um ambiente no qual os profissionais se sintam capacitados a participar, contribuindo com suas sugestões.

Tudo isso contribui para que se identifique a necessidade de rever o processo de trabalho em prol de uma assistência segura e, consequentemente, de qualidade.

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