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TDAH na adolescência: sintomas, diagnóstico e tratamento

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por um padrão persistente de desatenção, hiperatividade e impulsividade (American Psychiatric Association [APA], 2023).  

Indivíduos com TDAH podem apresentar dificuldades significativas em diversas áreas da vida, como esquecimentos frequentes, perda de objetos e compromissos, dificuldade em se concentrar e falta de atenção a detalhes. Além disso, sintomas relacionados à hiperatividade e impulsividade podem refletir em comportamentos disruptivos, inadequados e dificuldades na regulação emocional (Fuentes et. al., 2014).  

A hiperatividade relaciona-se ao excesso de agitação e inquietação (comportamental ou mental), que se manifesta através de um ritmo acelerado que pode prejudicar o desenvolvimento de tarefas. A impulsividade, por sua vez, caracteriza-se pela baixa capacidade de inibir impulsos e pela falta de autocontrole, o que pode comprometer as interações sociais e os relacionamentos interpessoais.  

Quanto às causas associadas ao surgimento do transtorno, estudos epidemiológicos destacam a base genética do TDAH, indicando que o risco de recorrência do transtorno entre pais e irmãos é cerca de cinco vezes maior do que na população geral (Todd, 2000). Aproximadamente 76% das crianças diagnosticadas com TDAH têm pais com o transtorno (Faraone et al., 2005), e há um risco de 15% entre irmãos (Faraone et al., 1992). 

Principais sintomas
 

Indivíduos com TDAH frequentemente não prestam atenção a detalhes, o que pode levar a erros por descuido em atividades como trabalho, tarefas domésticas ou escolares. Eles podem se esquecer de tarefas cotidianas e ter dificuldade em manter a atenção, mesmo em atividades lúdicas.  

Além do déficit de atenção, o TDAH geralmente envolve déficits significativos nas funções executivas, como dificuldades no gerenciamento do tempo, memória de trabalho, organização, planejamento, resolução de problemas, controle inibitório e regulação emocional. Os sintomas de hiperatividade e impulsividade também podem se manifestar como dificuldade em esperar sua vez, falar em excesso, dificuldade em participar de atividades que exigem paciência e tendência a interromper conversas (American Psychiatric Association [APA], 2023).  

Todos os sintomas devem ser avaliados quanto à sua magnitude, para que se possam identificar a frequência, intensidade e o nível de prejuízo associado.

TDAH na adolescência
 

O TDAH é o transtorno mais comum entre os transtornos psiquiátricos de início na infância (Sharp, McQuillin, & Gurling, 2009). Entretanto, na adolescência, os sintomas podem se manifestar de maneira diferente dos padrões comumente observados na infância ou na vida adulta.  

Embora fatores como hiperatividade física tendam a diminuir na adolescência,
padrões de agitação interna podem aumentar significativamente neste período
, prejudicando a saúde mental e emocional do indivíduo. Da mesma forma,
sintomas relacionados à impulsividade podem encontrar um ambiente mais propício para a manifestação de comportamentos de risco
, como maiores chances de uso de substâncias e dificuldade na previsão de consequências, o que pode aumentar os riscos à segurança (Komatsu et. al., 2018).  

O desenvolvimento do lobo frontal, responsável pelas funções executivas começa na primeira infância e continua, embora em ritmo reduzido, na adolescência até no início da vida adulta (Romine & Reynolds, 2005). Desta forma muitas das características associadas a disfunções executivas, são relativamente esperadas nesta etapa de desenvolvimento, tais como: tendência a teimosia, dificuldade de organização, planejamento, desafios emocionais, impulsividade, dificuldade de tomada de decisão etc. Além disso, por se tratar de uma fase de transição, mudanças importantes acontecem na estrutura das relações sociais e familiares. Os sintomas relacionados ao TDAH podem intensificar algumas dificuldades já esperadas para essa faixa etária.  

Por isso, é fundamental que sejam acompanhados e identificados para que o adolescente possa receber intervenção precoce e tratamento adequado. 

Diagnóstico
 

Segundo o anual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM V-TR (American Psychiatric Association [APA], 2023), a depender da apresentação dos sintomas, o TDAH pode ser subclassificado em três subtipos: predominantemente desatento, predominantemente hiperativo- impulsivo ou apresentação combinada. A classificação do subtipo do transtorno dependerá da manifestação dos sintomas e é determinado no momento da avaliação diagnóstica.  

Segundo Fuentes et. al., 2014, a Avaliação Neuropsicológica mostra-se extremamente valiosa para auxiliar no diagnóstico de indivíduos que tem suspeita de TDAH. De modo geral, este exame é realizado com baterias de testes neuropsicológicos que envolvem uma variedade de funções, tais como memória, atenção, velocidade de processamento, raciocínio, julgamento, funções da linguagem e funções visuoespaciais. 

Os resultados obtidos nos testes são considerados conjuntamente com dados de observação clínica, entrevista, escalas de avaliação de sintomas, queixa principal, história clínica, evolução de sintomas e conhecimento de psicopatologia. Além da avaliação neuropsicológica é importante que o processo de fechamento diagnóstico seja complementado por avaliação médica e que no processo seja incluídos dados sobre histórico educacional e funcionamento psicossocial do indivíduo.   

Tratamento
 

O tratamento do TDAH deve envolver uma equipe multidisciplinar, incluindo médicos (neurologistas ou psiquiatras), neuropsicólogos, psicólogos e pedagogos. A intervenção deve ser personalizada, considerando as necessidades específicas de cada indivíduo. Com base na avaliação médica, pode-se recomendar intervenção medicamentosa; contudo, cada caso deve ser analisado individualmente.  

A terapia comportamental também é recomendada no tratamento do TDAH, podendo auxiliar na melhora da organização, implementação de estratégias para melhorar a gestão do tempo, resolução de problemas e o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. A terapia cognitivo-comportamental, em particular, tem se mostrado eficaz na modificação de padrões de pensamento e comportamento disfuncionais.  

Além disso, o apoio educacional é essencial, com pedagogos e psicopedagogos trabalhando junto aos professores e pais para adaptar o ambiente de aprendizagem e criar planos educacionais individualizados. O envolvimento da família é essencial para o sucesso do tratamento, pois uma melhor compreensão dos sintomas permite tomar decisões mais assertivas para fornecer um suporte adequado.  

Além disso, os pais e outros familiares podem se beneficiar de programas específicos de treinamento. O tratamento eficaz do TDAH requer uma abordagem integrada, que pode incluir ou não o uso de medicação, em combinação com terapias comportamentais, suporte educacional e envolvimento familiar, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e a autonomia do indivíduo. 

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Como citar este artigo:
Wada e Pucci, I., Lobo, B. O. M., & Neufeld, C. B. (2024, 27 jul).
TDAH na adolescência: sintomas, diagnóstico e tratamento.
Artmed.

Autoras
 

  • Isabella Wada e Pucci 
     

Doutoranda e Mestre em Psicobiologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto- FFCLRP-USP. Especialista em Neuropsicologia pela Universidade São Franscisco-USF. Formação em Terapia do Esquema pela Wainer Psicologia Cognitiva e pelo NYC Institute for Schema Therapy. Especializanda em Terapia Cognitivo Comportamental pela PUC-PR. Formação em supervisão de terapeutas Cognitivo Comportamentais (TCC) na modalidade individual e em grupal pelo LaPICC-USP (2022). Graduada em Psicologia pelo Centro Universitário Barão de Mauá- RP- SP e intercâmbio acadêmico na Universidade do Porto- PT. Atualmente é pesquisadora e integrante do Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental (LaPICC-USP) e do Laboratório de Neusopsicofarmacologia das doenças Neurodegenerativas (LNDN-USP). Também atua com Psicologia Clínica em Avaliação Neuropsicológica e Psicoterapia na abordagem da Terapia do Esquema, na cidade de Ribeirão Preto, SP.  

  • Beatriz de Oliveira Meneguelo Lobo
     

Psicóloga e Mestra em Psicologia (área de concentração Cognição Humana) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Doutoranda em Psicologia em Saúde e Desenvolvimento pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP), com bolsa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais e com Formação em Terapia do Esquema. Pesquisadora e Supervisora no Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental - LaPICC-USP da Universidade de São Paulo (USP). 

 
SOBRE A EDITORA-CHEFE

Carmem Beatriz Neufeld:
 Psicóloga. Pós-Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenadora do Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental – LaPICC-USP. Professora Associada do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – USP. Presidente da Associação Latino-Americana de Psicoterapias Cognitivas - ALAPCO (2019-2022). Presidente da Associação de Ensino e Supervisão Baseados em Evidências - AESBE (2020-2023).