Transtorno de personalidade paranoide: como utilizar técnicas da terapia cognitivo-comportamental
Os
transtornos de personalidade
são um espectro das doenças mentais que definem a desarmonia do plano intrapsíquico e das relações interpessoais. Embora os transtornos impactem todos os setores da vida do indivíduo, as vivências do paciente não são suficientes para modificar seus comportamentos.
Um dos transtornos mais complexos nesse sentido é o da personalidade paranoide (TPP). As terapias cognitivo-comportamentais (TCC) são as únicas que dispõem de modelo clínico específico para problemas dessa natureza. Indivíduos com paranoia desenvolvem suspeitas infundadas acerca da honestidade das outras pessoas. Por isso, percebem a realidade de forma distorcida. Fatores como abandono, abuso e negligência são os mais recorrentes nos pacientes com TPP.
O escopo das TCCs reúne uma gama de técnicas de psicoterapia breve, mas bem estruturada, com foco no presente. Assim, as sessões são direcionadas à resolução de questões focais e à modificação dos pensamentos e comportamentos disfuncionais, o que beneficia pacientes de TPP.
Inicialmente, Aaron Beck criou a
terapia cognitivo-comportamental
para o tratamento da depressão e ansiedade. No entanto, devido à sua versatilidade, a prática foi adaptada e ganhou diversas subtécnicas baseadas nas teorias do autor.
Terapia do esquema e transtorno de personalidade paranoide
No caso do transtorno de personalidade paranoide, a terapia do esquema é a mais utilizada. Trata-se de uma adaptação da TCC feita por Jeffrey Young. Na prática, a técnica preconiza ferramentas para o trabalho com padrões de pensamentos e comportamentos inflexíveis. Os esquemas são estruturas que compõem o processamento cognitivo da informação e da personalidade.
Juntas, essas condições organizam a percepção baseadas nas experiências interpessoais do passado – pois é com elas que os indivíduos resolvem situações do dia a dia. Ou seja, um paciente com histórico de abandono, por exemplo, tende a desenvolver esquemas de rejeição, sensação de ameaça, etc.
Como aplicar a terapia do esquema
O objetivo da terapia é a flexibilização do esquema. Aqui, o paciente precisa aprender a substituir esquemas desadaptativos por comportamentos mais adequados. No entanto, um dos principais desafios para o terapeuta é que os pacientes de TPP têm dificuldade de interação pela falta de confiança.
A crença de que serão enganados ou maltratados nas suas relações interpessoais faz com que eles se tornem furtivos – inclusive do tratamento. Pessoas com transtorno paranoide estão no perfil de indivíduos que mais abandonam a psicoterapia. Uma saída pode ser o trabalho com sessões espaçadas, para que o sujeito não se sinta pressionado.
Além disso, o terapeuta passa a ser parte do tratamento. Ou seja, o foco na relação terapêutica e no estabelecimento da confiança é essencial para que o paciente possa reproduzir o mesmo comportamento com outros indivíduos.
O TPP não tem cura, e o diagnóstico muitas vezes é difícil, já que o paciente dificilmente reconhece seus comportamentos. Paranoides têm ainda mais dificuldade em se expressar, pela falta de confiança no outro e por medo de que, ao demonstrar suas fraquezas, seja vítima de algo.
Nesse caso, o terapeuta deve ser capaz de compreender as expectativas da pessoa e o medo incutido nesse sentimento. Com a terapia do esquema, é possível mobilizar os pensamentos automáticos do indivíduo – como medo e desconfiança – e adaptá-los para traços de personalidade mais saudáveis. Além disso, o paciente passa a ter autonomia sobre seus pensamentos e aprende a reconhecer quando deve refletir sobre empatia e impacto das suas ações.
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