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Acessos venosos: quais os tipos, indicações e manejo

No ambiente hospitalar, onde é essencial administrar medicações de forma contínua, obter respostas rápidas, controlar os níveis pressóricos com precisão e coletar amostras de sangue para exames, o acesso venoso é indispensável. Esse procedimento permite a administração ágil e eficaz de medicamentos, soluções hidratantes, hemocomponentes e nutrientes diretamente na corrente sanguínea, garantindo uma resposta terapêutica mais eficiente para os pacientes.

Indicações do acesso venoso periférico

  • Terapêutico: administrar medicações, transfusão sanguínea, infundir soluções, nutrição parenteral prolongada e hemodiálise;
  • Diagnóstico: coleta de sangue;
  • Propedêutico: medir pressões.

Tipos de acesso venoso

  • Venoso periférico;
  • Venoso Central;

A escolha do tipo adequado do acesso deve levar em consideração:

  • estado clínico do paciente;
  • características do seu sistema vascular;
  • drogas a serem infundidas;
  • tempo de terapia proposta.

Acesso venoso periférico

O Acesso Venoso Periférico (AVP) consiste na colocação de um dispositivo intravenoso, conhecido como cateter, em uma veia periférica para a infusão de drogas e fluidos. Trata-se de um procedimento invasivo realizado por profissionais da enfermagem, sendo muito utilizado na assistência à saúde em pacientes com terapia intravenosa.

Conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), as veias de escolha para o AVP em adultos são as das superfícies dorsal e ventral dos antebraços, evitando-se a inserção de cateter em membro comprometido por lesões com veias danificadas e regiões de articulações além do membro dominante ou inferior, neste, devido maior risco de complicações.

Os eventos adversos associados ao uso de cateter periférico podem ser atribuídos a diversos fatores, incluindo a escolha do dispositivo, o preparo adequado do local de inserção, a técnica utilizada, o tipo de infusão, o curativo e o tempo de permanência do cateter. Esses fatores podem levar a complicações como infiltrações, extravasamentos e flebites. Além disso, o sítio de inserção do cateter, por si só, representa uma potencial porta de entrada para microrganismos presentes na pele, que podem alcançar a corrente sanguínea e causar infecções.

O dispositivo a ser escolhido depende do objetivo da punção, do estado dos acessos do paciente e da avaliação do profissional. Para coleta de exames pontuais, é possível escolher seringas ou dispositivos á vácuo. Para administração de medicações de pouco volume, pode-se escolher o cateter agulhado, também conhecido como scalp ou borboleta.

Para a administração de volumes maiores e soroterapia, é recomendado o uso do cateter flexível, comumente conhecido como jelco. Agulhas, cateteres agulhados e cateteres flexíveis estão disponíveis em diversos tamanhos, que devem ser selecionados com base na avaliação clínica e nas necessidades específicas do paciente.

Cuidados com o acesso venoso periférico

  • Lavar as mãos antes de entrar em contato com o paciente;
  • Calçar luvas para fazer curativo ou manipular o acesso;
  • Avaliar se o acesso está bem fixado na pele, se está pérvio, com sujidade ou sinais flogísticos;
  • No momento do banho, proteger o acesso e evitar que caia água no local;
  • Trocar o curativo a cada 12 horas ou se apresentar sujidade; anotar data e hora da troca, nº do dispositivo e data da punção;
  • Trocar o acesso a cada 72h ou 96h dependendo do material do cateter e do protocolo da unidade;
  • Caso o paciente se queixe de dor durante a infusão de alguma medicação ou mesmo em repouso, fechar o registro do equipo imediatamente.

Para uma punção de qualidade e manutenção adequada do AVP é preciso que os profissionais de saúde possuam capacitação técnico-científica, boas medidas de higiene e materiais adequados, de forma a garantir uma assistência segura aos pacientes.

Os eventos adversos são processos infecciosos que podem prolongar o tempo de internação nos serviços de saúde, além de elevar consideravelmente os custos com o cuidado, portanto devem ser evitados.

Acesso venoso central

O cateter venoso central (CVC) é o acessso venoso profundo, onde é possível acessar a veia cava superior ou inferior. É um importante recurso para a sustentação de pacientes dependentes de medicação endovenosa prolongada, sendo um dispositivo largamente utilizado, especialmente em unidades de tratamento intensivo, pois permite a monitoração de pacientes em estado crítico, além de servir como via de acesso para aqueles que necessitam de suporte nutricional venoso.

Principais indicações

  • Pacientes com veias periféricas ruins;
  • Infusão de medicamentos vesicantes, irritantes, hiperosmóticos;
  • Monitorização hemodinâmica invasiva;
  • Acesso vascular de longo prazo, entre outros.

Os locais de inserção incluem as veias jugular, subclávia e femoral, sendo esta última considerada a opção menos prioritária devido à sua proximidade com a região íntima, o que aumenta o risco de infecção.

Tipos de cateteres venosos centrais

  • CVC Semi-Implantado de Curta Permanência:
    inserido através de punção percutânea, indicado para utilização por dias ou semanas, máximo de 4 - 6 semanas.
  • CVC Semi-Implantado de longa permanência (Tunelizado)
    : inserido pelo tecido subcutâneo, possui cuff que auxilia na fixação. Indicado para terapia de longa duração. Ex: Perm-CathⓇ.
  • CVC Totalmente Implantado:
    cateter tunelizado conectado a dispositivo oco (port) implantado em tecido subcutâneo, permite punção através da pele diretamente no port. Ex: Port-a-cath, PortocatⓇ.
  • Cateter Central de Inserção Periférica (PICC)
    : cateter de longa permanência inserido através de veia periférica.

A punção percutânea é frequentemente utilizada em situações de emergência ou quando outras técnicas não estão disponíveis. Essa técnica envolve a inserção direta de uma agulha na veia alvo, seguida pela introdução do cateter através da agulha. É indicada em pacientes com boa visualização das veias superficiais e quando é necessária uma inserção rápida do cateter. No entanto, pode estar associada a um maior risco de complicações, como hematoma e lesão vascular.

Existem diferentes tipos de acesso venoso central, cada um com suas indicações específicas e considerações técnicas. O cateter venoso central de inserção periférica (PICC), por exemplo, é um dispositivo inserido em uma veia periférica, geralmente no braço, e avança até as veias centrais. Ele é indicado para terapias intravenosas de longa duração e oferece menor risco de complicações em comparação com outras técnicas.

Já o cateter venoso central de inserção percutânea (CVC), é inserido diretamente em uma veia central, como a jugular interna ou subclávia, e é utilizado principalmente em unidades de terapia intensiva para monitoramento hemodinâmico e administração de medicamentos vasoativos.

Além disso, o cateter totalmente implantável, como o Port-a-Cath, é colocado sob a pele e conectado a uma veia central, proporcionando acesso venoso de longo prazo com menor risco de infecção e maior conforto para o paciente.

A técnica mais comumente utilizada para punção venosa profunda é a Técnica de Seldinger, que envolve a inserção de uma agulha longa de baixo calibre, através da qual é passado um fio-guia. Após a remoção da agulha, o cateter é inserido sobre o fio-guia, permitindo um acesso venoso central seguro e eficaz. O fio-guia possui um dilatador que facilita a passagem e o posicionamento correto do cateter. Essa técnica é amplamente utilizada devido à sua simplicidade relativa e ao baixo risco de complicações, sendo indicada em diversas situações clínicas e considerada o padrão para a inserção de cateteres venosos centrais.

A técnica de cut-down é menos comum e envolve a dissecção cirúrgica da veia alvo para a inserção do cateter. É indicada em situações em que as técnicas percutâneas não são viáveis ou quando há necessidade de acesso a veias profundas. No entanto, é mais invasiva e está associada a um maior risco de complicações, como sangramento e infecção.

Contraindicações para o acesso venoso central

Pacientes com distúrbios de coagulação, infecções locais ou anormalidades anatômicas podem apresentar maior risco de complicações durante o procedimento.

Principais riscos

  • Complicações mecânicas:
    incluem lesões vasculares como hematomas, extravasamento de sangue e pneumotórax, que podem ocorrer durante a inserção do cateter ou manipulação inadequada do mesmo. Essas complicações podem levar a complicações graves e até mesmo fatais se não forem diagnosticadas e tratadas precocemente.
  • Complicações infecciosas:
    colonização bacteriana da pele no local de inserção do cateter que pode levar à formação de biofilme e subsequente infecção do cateter, resultando em bacteremia ou sepse. A sepse relacionada ao cateter é uma complicação potencialmente fatal e requer tratamento imediato com antibioticoterapia adequada e, em alguns casos, remoção do cateter.
  • Aumento do risco de trombose venosa profunda (TVP) e tromboembolismo venoso (TEV).
    A presença de um cateter venoso central pode levar à lesão endotelial e estase sanguínea, favorecendo a formação de coágulos sanguíneos. A TVP pode levar a complicações graves, como embolia pulmonar, que podem ser fatais se não forem tratadas adequadamente.

O acesso venoso profundo é procedimento realizado pelo profissinal médico, onde o enfermeiro prepara o material e auxilia durante o procedimento. O enfermeiro não está legalmente habilitado para inserção de cateter venoso central, com exceção do cateter central de inserção periférica, uma vez que a jugular externa é classificada como veia periférica.

No caso do cateter central de inserção periférica (PICC), a inserção, retirada e troca da fixação são procedimentos exclusivos do enfermeiro. No entanto, a permeabilização e a administração de medicamentos podem ser delegadas a técnicos de enfermagem, desde que esses profissionais sejam capacitados, treinados e atuem conforme os protocolos institucionais.

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