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Vias de administração de medicamentos: quais são, diferenças e como escolher

Medicamentos geralmente são usados com base em critérios pré-estabelecidos, empregando a estratégia de “acerto e erro”. Essa abordagem baseada na resposta clínica ou bioquímica em relação à presença do medicamento (como a melhora de uma infecção ou o controle glicêmico com o uso de insulina por um paciente diabético) não é possível em todos os casos, de forma que às vezes é necessário incluir métodos alternativos aplicados à situação individual de cada paciente.

De tal modo, a terapêutica farmacológica é um dos recursos mais utilizados e representa uma ação multiprofissional, tendo em vista que envolve a participação de médicos, farmacêuticos e profissionais da área de enfermagem.

A administração de medicação é uma das práticas mais utilizadas pelos profissionais da saúde, sendo técnico de enfermagem ou enfermeiro, em ambiente hospitalar ou unidades básicas de saúde.

No entanto, é essencial ter um domínio abrangente sobre os fármacos, incluindo conhecimento técnico e científico sobre as drogas prescritas pelos médicos, as vias de administração e os possíveis efeitos de tomá-las de forma incorreta ou em doses elevadas. Afinal, isso pode levar a complicações no organismo, reações adversas e outros problemas.

Principais vias de administração

Enteral

  • Via oral

É a via mais utilizada, segura e econômica, além de ser bastante confortável, sem apresentação de dor, por exemplo. No uso dessa via, os medicamentos podem ter apresentação em comprimidos, cápsulas, pós ou líquidos. Eles se espalham pelo corpo principalmente através do trato gastrointestinal, assim como os alimentos quando comemos.

Porém, a administração de medicamento por via oral não é indicada em pacientes que apresentem náuseas, vômitos, que tenham dificuldade de engolir ou que estejam inconscientes. A via oral pode ser utilizada para um efeito local (trato gastrointestinal) ou sistêmico (após ser absorvida pela mucosa do intestino e atingir o sangue).

A resposta não é tão rápida como nas vias parenterais. Uma desvantagem é a absorção irregular.

  • Via sublingual

Os medicamentos sublinguais são absorvidos rapidamente pela mucosa sublingual. Nessa forma de administração, o medicamento (em comprimidos ou gotas) deve ser colocado embaixo da língua e deve permanecer ali até a sua absorção total. Nesse período, não se deve conversar nem ingerir líquidos ou alimentos.

Os medicamentos administrados por essa via promovem efeito sistêmico em curto espaço de tempo, além de se dissolverem rapidamente, deixando pouco resíduo na boca. Não precisa de metabolização hepática, caindo diretamente na corrente sanguínea.

Essa via é utilizada para administração de medicamentos em algumas urgências, como ataque cardíaco, hipertensão e dor aguda. Nessa situação, o medicamento tem que chegar rapidamente ao local de ação. Entretanto, é importante saber que nem todo medicamento tem características que possibilitem sua utilização por essa via, que é descrita na bula como “sublingual” ou pelo símbolo SL.

  • Via retal

Substitui a via oral em casos de preparações que sejam irritantes para o trato gastrointestinal, que tenham sabor ou odor desagradáveis e condições incapacitantes para deglutição. Quando deseja-se transpor o efeito da metabolização de primeira passagem hepática pode-se usar essa via.

Os medicamentos mais comuns administrados por via retal são os supositórios. São receitados quando a pessoa não pode tomar o medicamento por via oral. Nem todos os medicamentos podem ser administrados por essa via. Eles podem ter efeito local ou sistêmico, entretanto essa via não é bem aceita pelos pacientes sob alegação de incômodo, preconceito, restrições culturais etc. É comumente utilizado em crianças pequenas.

Parenteral

  • Intravenosa/Endovenosa

A via intravenosa é aquela na qual a administração do medicamento é realizada diretamente na corrente sanguínea por uma veia. A aplicação de medicamentos por essa via pode variar desde uma única dose até uma infusão contínua, possibilitando grandes volumes.

Por apresentar efeito mais rápido, é a primeira opção durante emergências e hospitalizações. Outra justificativa para a administração por essa via, além do maior controle infusional, é que muitos fármacos não conseguem ser absorvidos pelo intestino, sendo necessário o uso do acesso venoso.

A via deve ser manipulada com muito cuidado para evitar infecção no local. Alguns medicamentos, como antibióticos ou os usados para o tratamento do câncer, são formulados apenas em apresentações injetáveis.

  • Via intramuscular

A administração via intramuscular permite que o medicamento seja injetado diretamente no músculo. É indicado para medicamentos de aplicação única ou de efeito mais prolongado — de depósito, como o caso de anticoncepcionais injetáveis; devem ter pequeno volume — no máximo 5ml em adultos.

Não tem efeito tão imediato, se comparada com os medicamentos administrados por via intravenosa, mas são bastante eficientes. Cinco músculos são geralmente selecionados como possíveis locais para administração IM de medicamentos, sendo eles:

  • deltóide;
  • dorsoglúteo;
  • ventroglúteo;
  • vasto lateral;
  • e reto lateral.

Alguns cuidados devem ser tomados: higiene das mãos antes da manipulação desses medicamentos e atenção à indicação de uso. Medicamentos contraindicados para via intramuscular, se administrados dessa forma, podem causar danos musculares irreversíveis. Além disso, dependendo do medicamento, a administração por via intramuscular pode causar dor no local de aplicação.

  • Via subcutânea

Na via subcutânea, os medicamentos são administrados debaixo da pele, no tecido subcutâneo. Nessa via, a absorção é lenta e o volume máximo é de 1,5ml. As regiões de injeção subcutânea incluem as regiões superiores externas dos braços, o abdome, a região anterior das coxas e a região superior do dorso.

Os locais de administração dessa via devem ser alternados para que haja a absorção necessária do medicamento. É uma via muito utilizada para administração de medicamentos contra trombose (heparina) e para diabetes (insulina). Os pacientes que mais fazem uso dessa via são os bebês e idosos, por dificuldade de punção em suas veias.

  • Intradérmica

Trata-se da administração de medicamentos na derme, é muito usado em testes alérgicos, diagnósticos e vacina. A administração ocorre em pequena quantidade entre a pele e o tecido subcutâneo. É uma via de absorção muito lenta, utilizada principalmente na administração da vacina BCG. O local comumente utilizado é a face anterior do antebraço e o volume máximo é de 0,5 mL.

  • Intratecal

Via intratecal, ou via subaracnóidea, é uma via de administração que consiste na injeção de substâncias no canal raquideano, diretamente no espaço subaracnoide, evitando assim a barreira hematoencefálica atuando no sistema nervoso.

Insere-se uma agulha entre duas vértebras na parte inferior da coluna vertebral dentro do espaço ao redor da medula espinhal. Neste caso, o medicamento é injetado no canal medular. Frequentemente, é utilizada uma pequena quantidade de anestésico local para tornar a zona da injeção insensível.

A via intratecal é empregada quando se deseja efeitos locais e rápidos nas meninges ou no eixo cérebro-espinhal, como na anestesia espinhal ou nas infecções agudas do SNC.

Especiais

  • Inalatória/Respiratória

É a via que se estende desde a mucosa nasal até os pulmões. Pode ser utilizada para efeito local (descongestionante nasal ou medicamento para asma) ou sistêmico (anestesia inalatória). Tem a vantagem de realizar a administração em pequenas doses com rápida absorção.

A administração pode ser na forma de gás ou pequenas partículas líquidas (nebulização) ou sólidas (pó inalatório). Essa via é bastante utilizada para problemas respiratórios. Para esse uso, a administração é feita pela boca, utilizando a comunicação existente entre pulmões e boca. ]

Como o medicamento está em forma de gás ou pó, ao invés de engolir, como a comida, ele percorrerá o trajeto do ar da respiração, passando pela traqueia até chegar aos pulmões.

  • Via transdérmica

A via transdérmica é uma via de administração caracterizada pela aplicação na pele, como um adesivo, para ser absorvida pela circulação. A administração se dá através da absorção cutânea da medicação. Tem a vantagem de não produzir irritação gástrica, evitar a influência da acidez do estômago, dos alimentos, da flora intestinal e evitar também o efeito da primeira passagem hepática. A desvantagem é a possibilidade de provocar alergias e irritações na pele ou sistêmicas, a limitação de dose e o tempo maior para o fármaco agir.

  • Via tópica

Esta via geralmente é utilizada para tratamento de afecções da pele e mucosas. Os medicamentos são apresentados em forma de pomadas, géis ou cremes e devem ser administrados somente no local onde há a lesão.

  • Via ocular, nasal e auricular

Para utilização destas vias, os medicamentos devem ser de aplicação local. Os medicamentos para a via ocular se apresentam sob a forma de colírio ou pomadas. Já os medicamentos utilizados por via nasal se apresentam na forma de solução (como os descongestionantes nasais). Os medicamentos administrados pela via auricular são apresentados na forma de solução otológica.

  • Vaginal

Trata-se da utilização de medicamentos aplicados no canal vaginal, seja como supositório, comprimido, óvulo, lavagem, irrigação, creme ou gel. Para tal é necessário colocar a paciente em posição ginecológica e introduzir o medicamento delicadamente. Utilizado para tratar infecções no sistema reprodutor feminino.

Fatores que orientam na escolha da via de administração

  1. Propriedades físico-químicas da droga — o melhor local de absorção, onde ela é metabolizada, como interage com as células;
  2. Local de ação — trato gastrointestinal, via respiratória, ação sistêmica, ação local;
  3. Velocidade e extensão da absorção da droga — toxicidade, tempo de meia-vida, metabolização;
  4. Efeito do suco digestivo e do metabolismo de 1° passagem;
  5. Rapidez com que se deseja obter resposta;
  6. Estado do paciente — estado de consciência, nível de dor, gravidade, entre outros.

É importante que o enfermeiro conheça as vias de administração possíveis dos fármacos para que se evite erros e eventos adversos. Apesar de normalmente a prescrição medicamentosa já vir com a indicação da via, perceber interações ou particularidades do paciente pode ajudar em uma resposta mais rápida e um cuidado mais humanizado.

No caso da via não vir indicada pelo profissional médico que prescreveu a medicação, a escolha fica sob responsabilidade do enfermeiro, que precisa ter esse conhecimento teórico-prático para garantir um cuidado eficiente aos pacientes.

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