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Consulta de pré-natal pela enfermagem: passo a passo

O pré-natal (PN) consiste no acolhimento e acompanhamento de gestantes, que tem como finalidade promover atenção à saúde das mesmas e do feto, através de consultas clínicas e exames periodicamente.

Para garantir sua eficácia foi instituído o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) pela portaria GM/MS Nº559/GM, de 1º de junho de 2000, com intuito de melhorar o acesso e a qualidade da assistência. O PN deve ser iniciado a partir do momento em que se descobre a gestação, sendo preconizado o número mínimo de 6 consultas até o parto.

Como funciona a consulta de pré-natal pela enfermagem?

A
consulta de enfermagem
é uma atividade independente, realizada privativamente pelo enfermeiro, e tem como objetivo propiciar condições para a promoção da saúde da gestante e a melhoria na sua qualidade de vida, mediante uma abordagem contextualizada e participativa.

O profissional enfermeiro pode acompanhar inteiramente o pré-natal de baixo risco na rede básica de saúde, de acordo com o Ministério de Saúde e conforme garantido pela Lei do Exercício Profissional, regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87.

Na Atenção Básica, o enfermeiro é capacitado e possui autonomia, tendo respaldo legal para realizar consulta de enfermagem, prestar assistência de enfermagem e também realizar as consultas de pré-natal, onde é feito o exame físico e avalição obstétrica, como:

  • medição da circunferência abdominal;
  • altura do fundo de útero;
  • ausculta dos batimentos cardíacos fetais;
  • e percepções de movimentos de acordo com a idade gestacional, além de exames laboratoriais e de imagem que também são prescritos.

Durante a consulta de enfermagem, além da competência técnica, o enfermeiro deve demonstrar interesse pela gestante e pelo seu modo de vida, ouvindo suas queixas e considerando suas preocupações e angústias. Para isso, o enfermeiro deve fazer uso de uma escuta qualificada, a fim de proporcionar a criação de vínculo. Assim, ele poderá contribuir para a produção de mudanças concretas e saudáveis nas atitudes da gestante, de sua família e comunidade, exercendo assim papel educativo.

As consultas devem seguir um cronograma, de acordo com a idade gestacional (IG): até 28 semanas, mensais; de 28 à 39 semanas, quinzenais; de 36 à 41 semanas e 6 dias, semanais.

Elas devem ser consultas investigativas com intuito de correlacionar agravos às condições estruturais de cada gestante de forma holística e deve ter a garantia de identificar disfunções patológicas que evoluem de forma não explicita.

É necessário compreender que à assistência ao PN feito por enfermeiros na Atenção Básica é de extrema importância, pois o pré-natal é responsável por prevenir e detectar patologias como:

  • hipertensão arterial;
  • diabetes gestacional;
  • anemia;
  • sífilis;
  • malformações fetais;
  • e etc.

Passo a passo das consultas de pré-natal

O acolhimento é fundamental para o estabelecimento e fortalecimento do vínculo entre a gestante e o profissional enfermeiro. Com o vínculo estabelecido, o cuidado se expande de forma que não apenas se limita às consultas e pedidos de exames, ma, também possibilita ao enfermeiro atentar-se às questões subjetivas das gestantes, de modo que identifique problemas durante o pré-natal.

Após a confirmação da gravidez, em consulta médica ou de enfermagem, dá-se início ao acompanhamento da gestante. Os procedimentos e as condutas que se seguem devem ser realizados sistematicamente e avaliados em toda consulta de pré-natal.

As condutas e os achados diagnósticos sempre devem ser anotados na Ficha de Pré-Natal e no Cartão da Gestante. A partir desse momento, a gestante deverá receber as orientações necessárias referentes ao acompanhamento de pré-natal:

  • sequência de consultas;
  • visitas domiciliares;
  • e grupos educativos.

Deverão ser fornecidos:

  • o Cartão da Gestante, com a identificação preenchida, o número do Cartão Nacional da Saúde, o hospital de referência para o parto e as orientações sobre este;
  • o calendário de vacinas e suas orientações;
  • a solicitação dos exames de rotina;
  • as orientações sobre a participação nas atividades educativas (reuniões e visitas domiciliares).

Duas informações essenciais devem constar explicitamente no Cartão da Gestante: as relacionadas ao nome do hospital de referência para o parto e as relativas às intercorrências durante a gestação. Se, no decorrer da gestação, surgir alguma situação que caracterize risco gestacional, com mudança do hospital ou da maternidade de referência, isso também deve estar escrito no cartão. Esta informação é considerada fundamental para que a mulher e seu companheiro ou familiares possam reivindicar o direito de atendimento na respectiva unidade de saúde.

Desde o acolhimento deve-se atentar para situações que possam tornar a gestação de alto risco, como por exemplo:

  • doenças crônicas;
  • doenças infecciosas;
  • idade materna abaixo de 15 anos ou acima de 35 anos;
  • obesidade;
  • entre outros.

Uma gravidez pode se tornar de risco em qualquer fase, inclusive durante o parto. Se identificado que a gestação é de alto risco, encaminha-se para acompanhamento médico. Se mantiver o baixo risco, o enfermeiro continua o fluxograma instituído pelo Ministério da Saúde.

Durante a primeira consulta, o enfermeiro deve iniciar o
diálogo com a gestante
, para colher dados sobre antecedentes obstétricos, doenças pregressas, as condições e o estilo de vida da gestante, a condição social em que ela vive e a sua história clínica atual, para então dar continuidade à assistência de pré-natal.

Destaca-se ainda a importância de se atentar ao
exame físico
. Nele, o enfermeiro deve coletar dados sobre o peso materno, a altura uterina e os batimentos cardíacos fetais. Com essas informações, juntamente com os dados coletados durante a anamnese, é possível realizar a classificação de risco da gestante e guiar a conduta clínica a ser realizada.

A consulta de enfermagem de pré-natal é orientada por um
roteiro de entrevista
que busca coletar dados que compreende desde o planejamento da gravidez até aspectos da história pregressa, história familiar, história de doença atual, histórico socioeconômico, nutricional, dados vitais, antropometria, estilo de vida, relacionamento com parceiro e queixas da gestante.

A consulta de enfermagem de pré-natal ocorre subsidiada por linhas guia do Ministério da Saúde brasileiro e instrumento próprio para anamnese. O registro das consultas é realizado no prontuário, na caderneta das gestantes e em planilhas digitais que colaboram no monitoramento e pronto acesso aos dados da gestante e da gestação.

Nas consultas subsequentes, a enfermeira acompanha a evolução da gestação através de exames de imagens, ausculta cardíaca fetal e exames laboratoriais, garantindo que qualquer acontecimento fora do esperado seja tratado o mais breve possível.

Portanto, a atuação do enfermeiro durante o pré-natal
engloba atividades de promoção, prevenção, além de atividades diagnósticas e curativas para proporcionar a redução da morbimortalidade no ciclo gravídico puerperal
. O pré-natal conduzido de maneira correta tem vantagens que podem favorecer a saúde da mulher não só no período gravídico, mas por vários anos.

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