Cuidados de enfermagem: como realizar gasometria arterial
Ainda nos primeiros meses de pandemia, os profissionais de saúde perceberam que um dos principais sinais ligados à Covid-19 era a hipóxia silenciosa. A condição derruba os níveis de oxigênio no sangue, mas, em pacientes com coronavírus, não manifestava sintomas. Foi então que a gasometria arterial passou a fazer parte dos exames diagnósticos da doença e da rotina da assistência de enfermagem.
O exame de sangue é capaz de avaliar os níveis de trocas gasosas e condições de perfusão, avaliados pelos enfermeiros. Segundo a
resolução 390/2011 do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen)
, “a punção arterial tanto para fins de gasometria como para monitorização da pressão arterial invasiva é um procedimento privativo do enfermeiro, observadas as disposições legais da profissão”.
Por isso, cabe às equipes de enfermagem, no momento do exame, observar se há condições adequadas para a coleta de sangue. Entre os itens essenciais está a mensuração de materiais e os cuidados na seleção e punção da artéria, acondicionamento e encaminhamento da amostra (que deve atender às evidências científicas), proceder os diagnósticos de enfermagem e manejar possíveis complicações.
Como realizar o exame
A gasometria arterial é realizada por punção na artéria do braço ou perna do paciente. No entanto, a artéria radial tem prioridade para a coleta de sangue. Nesse caso, é preciso realizar a punção da pele e da parede da artéria seguindo seu trajeto. Também é importante manter o bisel da agulha em um ângulo de 30 a 45 graus.
Para maior precisão na escolha da artéria, as evidências mais atuais indicam o
teste de Allen
, que sinaliza a oclusão da artéria radial ou ulnar, distalmente ao punho. Além disso, a punção arterial exige equipamentos próprios (geralmente kits comerciais prontos) ou exige a utilização de seringa e cuba rim com gelo para transportar a amostra. Além disso, agulha e seringa devem ser heparinizadas (quando não vêm prontas), para evitar que a amostra coagule.
Os valores de referência para exame de gasometria utilizam os níveis de pH: 7.35 – 7.45, bicarbonato: 22 – 26 mEq/L e PCO2 (pressão parcial de gás carbônico): 35 – 45 mmHg. No entanto, existem fatores que podem influenciar os resultados.
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) lançou uma
campanha
para conscientizar os profissionais de saúde a respeito da hipóxia silenciosa durante a pandemia. O valor de referência para a oxigenação num adulto saudável é de 95%; abaixo disso, é considerado um quadro de risco.
Interpretação dos resultados
Segundo o artigo
Gasometria Arterial – Evidências para o Cuidado de Enfermagem
, “a punção arterial em pacientes conscientes pode resultar em hiperventilação diante do temor induzido pelo exame; a heparina é um produto considerado ácido que, teoricamente, pode influenciar no resultado e valores do pH, PCO e PO , em amostras pequenas; número aumentado de plaquetas e leucocitose geralmente reduzem a PO gerando falsa impressão de 2 hipoxemia; a queda na PO é negligenciável, caso a amostra tenha sido armazenada em gelo e analisada dentro de uma hora já que o resfriamento aumenta o pH”.
Assim, cabe os enfermeiros a constante atualização para otimizar a prática baseada em evidências.
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