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Fisioterapia respiratória pediátrica: principais dispositivos no tratamento das doenças pulmonares

A atuação de fisioterapeutas especializados em cuidados intensivos pediátricos e neonatais é relativamente recente no Brasil, ganhando maior destaque a partir dos anos 2000, com a expansão de cursos e treinamentos específicos nessas áreas. 

Atualmente, diversas instituições oferecem programas de formação para capacitar fisioterapeutas tanto na prática clínica quanto na pesquisa científica. No início da última década (2010), tornou-se obrigatória a especialização em neonatologia e pediatria para a atuação de fisioterapeutas em ambientes hospitalares. Essa qualificação profissional tem sido fundamental para aumentar a segurança e a qualidade do cuidado prestado em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) pediátricas e neonatais. 

A fisioterapia respiratória pediátrica é uma especialidade que dedica a melhorar parâmetros ventilatórios, como a melhora das trocas gasosas, otimização da relação ventilação-perfusão, uso de técnicas de higiene brônquica com o objetivo de facilitar o
clearance
mucociliar e a remoção de secreções, mantendo assim as vias aéreas pérvias. Diferentes técnicas e dispositivos são frequentemente utilizadas para alcançar esses objetivos. 

A intervenção precoce é crucial para prevenir complicações respiratórias, reduzir o tempo de hospitalização e melhorar a qualidade de vida dos pacientes pediátricos. Dispositivos respiratórios desempenham um papel na melhoria da função pulmonar em crianças. Equipamentos como incentivadores respiratórios são projetados para promover a expansão pulmonar, fortalecer a musculatura respiratória e facilitar a higiene brônquica. 

Esses dispositivos auxiliam na mobilização de secreções e na prevenção de atelectasias, contribuindo para a manutenção de vias aéreas pérvias e para a otimização das trocas gasosas. A escolha e o uso adequado desses dispositivos devem ser individualizados, considerando a idade, a condição clínica e a capacidade de cooperação da criança, sempre sob a supervisão de um fisioterapeuta especializado. 

Principais dispositivos utilizados na fisioterapia respiratória infantil

As alterações que interferem no sistema ventilatório podem ocasionar disfunções com prejuízo das trocas gasosas levando a um possível desconforto respiratório para o indivíduo. Com o avanço da disfunção, há o agravamento da dispneia. Esses fatores levam a um comportamento cada vez mais de sedentarismo e, a longo prazo, a alterações sistêmicas no organismo, aumentando a intolerância ao esforço e com isso aumentando a incapacidade do indivíduo.

As doenças respiratórias estão entre as primeiras causas de hospitalizações, representando atualmente a principal causa de mortalidade em crianças menores de 5 anos de idade. Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 13 milhões de crianças são acometidas por doenças respiratórias, sendo a pneumonia a causa mais comum de hospitalização. 

A organização do plano terapêutico da criança e do neonato difere das práticas realizadas nos adultos em função da faixa etária, aspectos anatômicos e fisiológicos, condições clínicas, cooperação a proposta terapêutica. 

Nesse sentido, diversos recursos terapêuticos convencionais e não convencionais vêm sendo utilizados de forma lúdica com o objetivo de melhorar e até mesmo potencializar o efeito  de  algumas  condutas fisioterapêuticas.

A fisioterapia respiratória inclui outras técnicas como exercícios respiratórios, mobilização, manobras de reexpansão pulmonares associadas com o recurso da ventilação otimizando o conforto do paciente e a preservação e restauração dos volumes e capacidades pulmonares. 

Atualmente, novas tecnologias vêm sendo incorporadas para tornar a terapia mais lúdica e aumentar a adesão ao tratamento com a utilização de realidade virtual e “jogos de respiração” ou
Breathing Games
. São recursos tecnológicos de fácil implementação e adaptação para os diversos casos clínicos pediátricos. Frequentemente são utilizados em associação a técnicas já consolidadas, como o freno labial.

A fisioterapia respiratória pediátrica emprega diversos dispositivos para melhorar a função pulmonar e facilitar a eliminação de secreções. Abaixo, segue a descrição de algumas modalidades: 

Nebulizadores

Nebulizadores são utilizados para administrar medicamentos diretamente nas vias aéreas, convertendo soluções líquidas em aerossóis inaláveis. Isso é especialmente benéfico em crianças, pois facilita a entrega de broncodilatadores, corticosteroides e mucolíticos, promovendo a dilatação brônquica e a fluidificação do muco, o que auxilia na respiração e na expectoração.

Incentivadores respiratórios

Incentivadores respiratórios são dispositivos que incentivam inspirações profundas, aumentando a capacidade pulmonar e prevenindo atelectasias. Eles fornecem
feedback
visual ou auditivo, motivando as crianças a atingirem volumes inspiratórios maiores, o que é crucial na reabilitação pulmonar e na prevenção de complicações respiratórias.

Dispositivos de ventilação não invasiva (VNI)

Dispositivos de ventilação não invasiva (VNI) fornecem suporte ventilatório sem a necessidade de intubação traqueal. Utilizando interfaces como máscaras nasais ou faciais, a VNI auxilia na manutenção da oxigenação e na redução do trabalho respiratório. É indicada em casos de insuficiências respiratórias agudas ou crônicas, como em crianças com doenças neuromusculares ou apneia obstrutiva do sono. Estudos demonstram que a VNI pode melhorar a troca gasosa e reduzir a necessidade de ventilação mecânica invasiva, contribuindo para uma melhor qualidade de vida.

Recentemente, durante a pandemia de COVID-19, muito foi discutido sobre o manejo de crianças contaminadas. Os sinais e sintomas de COVID-19 em crianças são semelhantes aos de infecções respiratórias virais comuns ou qualquer outra doença da infância, e o tratamento clínico dos casos suspeitos de COVID-19 está fundamentado nas manifestações de gravidade. A necessidade de oxigenoterapia nas infecções respiratórias infantis é frequente e no cenário da COVID-19 algumas recomendações foram feitas, especialmente para evitar a dispersão de aerossóis no ambiente, protegendo as equipes interprofissionais e demais pacientes durante a condução destes casos. O uso de oxigênio suplementar (cateter nasal ou máscara não reinalante), VNI e cânula de alto fluxo e até a ventilação mecânica invasiva foram estratégias adotadas nos pacientes para minimizar as disfunções causadas pelo coronavírus.  

Em crianças com paralisia cerebral, melhorar a função pulmonar pode melhorar significativamente a funcionalidade na vida diária dessas crianças com a inclusão de dispositivos de treinamento respiratório na prática clínica. Em uma revisão sistemática com metanálise, envolvendo um total de 321 crianças com idades entre 6 e 18 anos, os dispositivos de feedback mostraram-se mais eficazes na melhoria da pressão expiratória máxima, fluxo expiratório de pico, volume expiratório forçado no primeiro segundo e capacidade vital forçada. 

Os dispositivos de treinamento da musculatura inspiratórios apresentaram melhor efeito na pressão inspiratória máxima demonstrando os efeitos desses dispositivos na função pulmonar em crianças com paralisia cerebral. No entanto, mais ensaios clínicos de alta qualidade deverão ser realizados para determinar a dosagem ideal e o tipo de dispositivo mais benéfico para cada parâmetro de função pulmonar. 

Cuidados no uso de dispositivos e adaptações para diferentes faixas etárias

A seleção e o uso adequados desses dispositivos são fundamentais para o sucesso da fisioterapia respiratória em pediatria. A escolha deve ser individualizada, considerando as necessidades específicas de cada criança, a patologia presente e a capacidade de cooperação durante o tratamento. A integração desses recursos na prática clínica contribui significativamente para a reabilitação respiratória e a promoção da saúde infantil.

Conclusão

O uso de dispositivos na fisioterapia respiratória pediátrica desempenha um papel essencial na melhoria da função pulmonar, prevenção de complicações e promoção da qualidade de vida em crianças. Ainda, cada técnica tem sua indicação precisa, na qual deve ser considerado o diagnóstico disfuncional realizado mediante avaliação da função pulmonar para assim escolher a técnica que seja eficaz para determinada disfunção. 

A escolha do dispositivo adequado depende da condição clínica do paciente e das necessidades terapêuticas específicas, sendo fundamental o acompanhamento por fisioterapeutas capacitados. Esses recursos, aliados a abordagens baseadas em evidências, reforçam a importância de tecnologias no cuidado pediátrico, destacando a relevância de práticas atualizadas para a otimização dos resultados clínicos e reabilitação. 

A literatura ainda apresenta resultados controversos quanto a variáveis clínicas e funcionais e os desfechos estudados. A maioria dos estudos envolvem avaliações de desfechos a curto prazo. Entretanto, os achados na literatura mostram que os recursos são seguros, melhoram a disfunção sem riscos e eventos adversos. 

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