Hemodiálise: a importância da assistência de enfermagem
Quando os rins deixam de funcionar adequadamente, a hemodiálise costuma aparecer como principal opção de tratamento. O procedimento, que consiste na filtração artificial do sangue, ajuda a tirar do organismo resíduos prejudiciais à saúde, como o excesso de sal e de líquidos.
O processo é indicado a pacientes com insuficiência renal aguda ou crônica graves, comprometimento reversível ou não. Outros benefícios decorrentes do tratamento com hemodiálise são o controle da pressão arterial e a manutenção do equilíbrio de substâncias como sódio, potássio, ureia e creatinina.
A decisão de iniciar o tratamento deve ser tomada em conjunto entre paciente e médico nefrologista. A avaliação acontece através de dosagens no sangue, quantidade de urina produzida durante 24 horas, cálculo da porcentagem de funcionamento dos rins (
clearance de creatinina
e ureia), avaliação de anemia (hemograma, dosagem de ferro, saturação de ferro e ferritina) e presença de doença óssea.
Requisitos
A execução da hemodiálise requer dos profissionais de enfermagem em observação constante dos sinais e dos sintomas apresentados pelo paciente. No processo, a obtenção de uma via de acesso à circulação sanguínea e o correto funcionamento dos materiais e equipamentos são imprescindíveis.
Esse cenário só é possível em locais com infraestrutura adequada e a presença de pessoal especializado – que sigam as resoluções estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Por meio de programas de capacitação, os profissionais de enfermagem desenvolvem competências técnico-científicas que permitam realizar julgamentos. Assim, eles podem direcionar ações a fim de reduzir riscos, evitar ocorrências iatrogênicas e garantir melhores resultados na manutenção da qualidade de vida do paciente.
A quantidade de sessões de hemodiálise depende da gravidade apresentada pela insuficiência renal. Uma pessoa que tem falência completa dos rins, por exemplo, exige entre duas e quatro sessões por semana, com duração que varia de três a quatro horas. A alta do programa, em geral, acontece diante de três diferentes situações. Uma delas, quando o paciente apresenta melhora da função renal. Outra, quando há indicação de mudança na modalidade de tratamento dialítico. E, por fim, quando é feito um transplante renal.
Um fator importante a ser considerado no tratamento diz respeito ao controle periódico da qualidade da água utilizada para diálise. Isso porque o paciente é exposto, em média, a 360 litros de água por semana. Aqui, diferentes recursos utilizados pelos sistemas de tratamento de água para torná-la potável adicionam fatores potencialmente tóxicos – e que, quando entram em contato com a corrente sanguínea do paciente, podem ocasionar danos até mesmo letais.
Orientações e cuidados
Apesar de possibilitar a melhora da condição física, a hemodiálise é considerada um tratamento difícil, de longo prazo e que causa tensão e ansiedade em pacientes e familiares. Por isso, é fundamental que o enfermeiro elabore um plano de cuidados de enfermagem de acordo com as condições físicas, emocionais e cognitivas da pessoa em tratamento.
Pela
lei que regulamenta a diálise no Brasil
, as três terapias associadas obrigatórias nas unidades de diálise são psicologia, nutrição e assistência social. A terapia ocupacional e a fisioterapia podem entrar em cena, mas como complementos não obrigatórios. Em relação à psicologia, deve haver pelo menos uma avaliação a cada paciente, mas há casos em que a assistência acontece durante todo o período de diálise.
No artigo Perspectivas da assistência de enfermagem no cenário da hemodiálise, as enfermeiras Ana Melo, Natália Pinho e Sandra Fuzii, e o diretor do Serviço de Hemodiálise da Divisão de Enfermagem Clínica do Hospital Universitário da USP, Antônio Fernandes Costa Lima, observam que as restrições decorrentes da doença e de seu tratamento são rigorosas.
“O grau de assimilação e de adesão às orientações é diversificado, sendo influenciado pelo valor que o indivíduo atribui a si próprio e a sua vida, pelo modo como as pessoas que integram sua rede familiar e social encaram a condição e pelo apoio que lhe oferecem.”
Essa conjuntura faz com que a sistematização da assistência de enfermagem seja fundamental, proporcionando ao paciente a explicitação dos diagnósticos, dos resultados esperados e das intervenções necessárias. Recomenda-se, ainda, que no início da hemodiálise seja agendada uma consulta para levantar o histórico de enfermagem (HE) do paciente. Assim será possível buscar informações iniciais e orientar sobre as rotinas do tratamento.
As principais intervenções de enfermagem na hemodiálise:
- Manutenção do equilíbrio hidroelétrico;
- Ingestão nutricional adequada;
- Preservação do acesso vascular;
- Redução de fadiga;
- Diminuição de déficits de conhecimento sobre a doença;
- Fornecimento de apoio emocional.
Assim, as atividades de enfermagem devem guiar a pessoa para que ela se adapte às mudanças de atitudes e comportamentos que implicam na manutenção adequada do tratamento e a melhora da qualidade de vida. Ao participar de decisões sobre cuidados, o paciente torna-se mais adepto a atitudes positivas em relação à doença e ao alcance de resultados em favor de sua própria saúde.
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