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Livros de psicologia: principais obras e indicações

A psicologia possui um campo amplo de atuação, sendo considerada interdisciplinar, por abranger temáticas as quais envolvem o desenvolvimento humano, os processos cognitivos, os aspectos sociais do comportamento e a saúde mental de modo geral, por exemplo. Encontra-se na área das ciências humanas e é uma das ciências mais importantes na construção do futuro da humanidade (Cassepp-Borges, 2013). Neste contexto, a definição contemporânea de psicologia vai além do estudo individual, abrangendo as interações entre indivíduos e seu ambiente, bem como as complexidades envolvidas nesta relação. 

Esta ciência possui uma diversidade de objetos de estudo, sendo justificada pelo fato de os fenômenos psicológicos serem muito diversos, não sendo possível acessá-los em um mesmo nível de observação. Portanto, não podem ser analisados pelos mesmos padrões de descrição, medida, controle e interpretação (Bock et al., 2001). A matéria-prima da psicologia é, portanto, o homem em todas as suas expressões, sendo considerados seus comportamentos, sentimentos, traços de personalidade, subjetividades e sintomatologias.  

De modo geral, a psicologia estuda o comportamento humano e os processos mentais, abordando aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Seu desenvolvimento histórico consolidou diversas áreas de atuação, permitindo uma aplicabilidade em contextos clínicos, educacionais, organizacionais e sociais. Desse modo, o objetivo deste artigo é apresentar indicações de obras clássicas no âmbito da psicologia, considerando seus principais contextos de atuação profissional. 

A psicologia na perspectiva clínica
 

No âmbito clínico, a psicologia desempenha um papel essencial na promoção da saúde mental. O psicólogo atua procedendo à avaliação de pessoas que apresentam dificuldades intra e interpessoais, de comportamento familiar ou social, ou mesmo de transtornos mentais, visando respectivo diagnóstico e terapêutica (CBO, 2024). Para a prática profissional em um ambiente clínico, diversas abordagens psicológicas podem ser utilizadas para compreensão do indivíduo e para guiar o tratamento. 

Entre as principais obras que marcaram o início do pensamento psicológico e do desenvolvimento de abordagens, destaca-se
A Interpretação dos Sonhos
, de Sigmund Freud, publicado pela primeira vez em 1900. Neste livro, Freud aborda os fundamentos da psicanálise, bem como a natureza e os significados dos sonhos, e propõe um modelo do inconsciente humano (Freud, 1976). Outra contribuição essencial é
O
Homem e seus Símbolos
, 1964, de Carl Jung, que introduz o conceito de arquétipos e o inconsciente coletivo, aprofundando sobre a compreensão da psique humana.  

Por outro lado, na abordagem comportamental,
Walden Two
, de 1948, escrito por Burrhus Skinner, considerado um livro de ficção em que ilustra os princípios do behaviorismo em uma sociedade baseada no reforço positivo. Na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a obra
Terapia Cognitiva da Depressão
, de Aaron Beck, estabelece as bases teóricas e de atuação da TCC para o tratamento da depressão. Publicado em 1967, o livro explora os processos cognitivos subjacentes aos estados depressivos, identificando a influência de padrões de pensamento disfuncionais e crenças negativas sobre as emoções e comportamentos do indivíduo. 

Por fim, em uma perspectiva existencial e humanista, destaca-se o livro
Em Busca de Sentido
, de Viktor Frankl, que é uma obra de 1946 marcante na psicologia existencial, que ressalta o significado da vida e a resiliência diante do sofrimento (Frankl, 1991). Ainda neste âmbito, o livro
Tornar-se Pessoa
, de Carl Rogers
, lançado em 1961, é relevante para a área humanista, apresentando o conceito da terapia centrada no cliente e o potencial humano (Rogers, 1977).  

A psicologia na perspectiva educacional 
 

No contexto educacional, o psicólogo atua na elaboração de estratégias para melhorar a aprendizagem e o bem-estar dos estudantes, contribuindo para a construção de ambientes escolares mais inclusivos. A atuação do psicólogo nesta área, também é ampla e multifacetada, havendo como foco o desenvolvimento integral dos estudantes e a criação de ambientes escolares que favoreçam o processo educacional. Desse modo, o psicólogo pode realizar pesquisas, diagnósticos e intervenções psicopedagógica em grupo ou individual, por exemplo (CBO, 2024). 

Na construção da ciência psicológica e a sua atuação na área educacional, dois autores foram importantes para a consolidação da prática profissional: Lev Vygotsky e Jean Piaget. Dentre as diversas obras de grande contribuição de Vygotsky, cita-se
A Formação Social da Mente
.
Esta obra explica como o desenvolvimento cognitivo humano é mediado pela interação social e pelas ferramentas culturais, havendo destaque para a linguagem (Vygotsky, 1988). 

Quanto ao Piaget, destacam-se suas obras intituladas
A Formação do Símbolo na Criança
e
Psicologia e Pedagogia
,
no qual o primeiro
aborda como as crianças desenvolvem a capacidade de criar e utilizar símbolos, explorando a construção do pensamento simbólico durante a infância, e examinando como atividades como o brincar, a linguagem e o desenho refletem as capacidades cognitivas emergentes (Piaget, 1978). Já o segundo, há a descrição da relação entre psicologia e pedagogia, propondo que o desenvolvimento cognitivo da criança segue estágios específicos, além de enfatizar a importância de respeitar o ritmo de desenvolvimento cognitivo de cada criança no ensino (Piaget, 1970). 

A psicologia na perspectiva organizacional
 

A psicologia organizacional é outro campo de relevância, voltado para o estudo do comportamento no trabalho, incluindo liderança, motivação e bem-estar ocupacional. Exerce atividades as quais envolve recrutamento, seleção, orientação e treinamento profissional, realizando a identificação e análise de funções, além de promover bem-estar no ambiente de trabalho, por exemplo (CBO, 2024). 

Neste contexto, a obra
Motivação e Personalidade
, de 1954, escrita por Abraham Maslow, apresenta a Teoria da Hierarquia das Necessidades, um importante modelo para compreender a motivação no trabalho. Esta descreve como diferentes níveis de necessidade influenciam o comportamento humano. Em outra perspectiva, Idalberto Chiavenato traz contribuições para o estudo do comportamento organizacional em sua obra de 2000, intitulada
Comportamento Organizacional: A Dinâmica do Sucesso nas Organizações
.
Esta obra explora conceitos de motivação, liderança, poder e comunicação dentro das organizações.  

Conclusão
 

A psicologia é uma ciência que abrange diversos contextos de atuação, cada um com especificidades e contribuições para a compreensão e promoção do desenvolvimento humano. No decorrer da história, obras clássicas colaboraram na construção e consolidação de conhecimentos que norteiam a prática profissional e o avanço teórico da área. 

A partir das obras apresentadas, reafirma-se a relevância da psicologia como campo interdisciplinar e que está em constante crescimento. Entretanto, é necessário apontar que o objetivo deste artigo não foi reduzir as áreas da prática, tampouco diminuir a vastidão de livros clássicos da psicologia. Buscou-se levantar obras que marcaram algumas áreas, visto que esses livros, entre outros, não apenas definiram as bases da psicologia como ciência, mas também continuaram a influenciar práticas clínicas, de pesquisas e de ensino.

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Autoras:
 

  • Fabíola Rodrigues Matos
     

Doutora em Processos Psicossociais pela Universidade Federal do Espírito Santo (2021). Mestre em Processos Cognitivos pela Universidade Federal de Uberlândia (2018). Graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia (2015). Atualmente é professora do adjunta do departamento de psicologia da Universidade Federal Fluminense.  

  • Beatriz de Oliveira Meneguelo Lobo
     

Psicóloga e Mestra em Psicologia (área de concentração Cognição Humana) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Doutoranda em Psicologia em Saúde e Desenvolvimento pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP), com bolsa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais e com Formação em Terapia do Esquema. Pesquisadora e Supervisora no Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental (LaPICC) da Universidade de São Paulo (USP). Associada à Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC).