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PICC: técnicas de inserção e cuidados de enfermagem

O cateter venoso central de inserção periférica (PICC) é um dispositivo inserido por meio de veias periféricas, como a basílica, antecubital, cefálica ou braquial, até alcançar a veia cava, onde sua extremidade fica posicionada. Fabricado em materiais como silicone, polietileno, poliuretano ou carbonato, o PICC possui comprimento variável entre 20 e 65 cm e calibres de 1 a 6 French (Fr).

Ele pode apresentar de um a três lúmens e ser valvulado ou não valvulado. Além disso, trata-se de um cateter flexível, equipado com tecnologia de rastreamento magnético na ponta, que permite verificar sua localização durante e após a inserção, utilizando imagens de raio-X.

O PICC foi introduzido nas unidades de terapia intensiva no Brasil durante a década de 1990 e, desde então, tornou-se amplamente utilizado por enfermeiros, especialmente em grupos como crianças, recém-nascidos, pacientes idosos, oncológicos e aqueles com dificuldade de acesso venoso. Sua principal função é viabilizar a terapia intravenosa de forma prolongada e segura, preservando a rede venosa periférica. Além disso, o uso do PICC reduz o estresse, a dor e o desconforto associados a múltiplas venopunções, contribuindo para a melhora da experiência do paciente.

No Brasil, a inserção do cateter venoso central de inserção periférica (PICC) é uma atividade privativa do enfermeiro, regulamentada pela Resolução n° 258/2001 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), conforme estabelece seu artigo 1°. No entanto, por se tratar de um procedimento de alta complexidade, é imprescindível que o profissional possua capacitação específica. Essa capacitação abrange estudos aprofundados sobre as indicações do uso do PICC, prática na técnica de inserção, além de conhecimentos sobre manuseio, manutenção e retirada do dispositivo.

Uma das principais vantagens do uso do cateter venoso central de inserção periférica (PICC) é a possibilidade de sua implantação rápida, realizada à beira do leito, sem necessidade de deslocar o paciente para outros setores. O procedimento ocorre em área não restrita, com anestesia local e, quando necessário, sedação, proporcionando maior conforto ao paciente e reduzindo o número de punções. Além disso, o PICC é uma via segura para a administração de terapias medicamentosas e nutrição parenteral prolongada (NPT), destacando-se por sua maior durabilidade, menor risco de infecção, preservação dos vasos sanguíneos periféricos e possibilidade de utilização em ambiente domiciliar.

Indicações

O PICC é indicado para pacientes que precisam de:

  • acesso vascular prolongado, por mais de 6 dias;
  • terapia venosa com soluções hiperosmolares, vesicantes ou irritantes, e drogas vasoativas;
  • medicamentos injetáveis em veias difíceis;
  • tratamento prolongado por meio de uma veia;
  • medicamentos irritantes para veia que podem causar inflamação e dor;
  • antibioticoterapia prolongada;
  • nutrição parenteral total;
  • coleta de sangue para exames 3 vezes ou mais ao dia;
  • acesso difícil a rede venosa periférica.

O cateter venoso central de inserção periférica (PICC) é indicado para pacientes que necessitam de assistência intermitente à saúde ou estão hospitalizados devido a condições que demandam técnicas invasivas. Apesar de esses pacientes serem mais vulneráveis a infecções, o uso do PICC contribui significativamente para melhorar a qualidade de vida e o conforto, oferecendo uma alternativa segura e eficiente no manejo terapêutico.

Cuidados pré-inserção de PICC

  • O procedimento deve ser sempre realizado em dupla (enfermeiros e/ou médicos com experiência na execução do procedimento);
  • Eleger a área da punção e a veia de escolha após exame minucioso da rede venosa. Dar preferência para veia basílica direita; quando impossivel, acessar através da mediana cubital, cefálica, jugular ou temporal. Evitar puncionar membros inferiores, mas, quando o fizer, utilizar a safena magna;
  • Separar o material previamente;
  • Solicitar a prescrição de analgesia farmacológica previamente ao procedimento;
  • Posicionar o paciente no leito bem acomodado;
  • Proceder à escovação cirúrgica das mãos com solução antisséptica;
  • Realizar paramentação cirúrgica de barreira máxima com uso de gorro, máscara e capote estéril;
  • Proceder a degermação da pele com antisséptico adequado;
  • Iniciar o procedimento de inserção.

Procedimento de inserção

  • Lubrificar e preencher previamente o priming do cateter com soro fisiológico (SF) 0,9%;
  • Garrotear o membro escolhido acima do local de punção;
  • Proceder à inserção da agulha do kit introdutor na veia selecionada com o bisel voltado para cima, introduzindo apenas o bisel no lúmen do vaso;
  • Quando ocorrer refluxo sanguíneo satisfatório, retirar o garrote e introduzir (com auxílio da pinça anatômica, quando aplicável) cerca de 5 cm do cateter no interior do vaso;
  • Retirar a agulha ou cateter introdutor e progredir o cateter percutâneo até a medida mensurada previamente;
  • Testar o fluxo do cateter com solução salina 0,9%;
  • Solicitar a realização da radiografia para confirmar o posicionamento do cateter. Pode-se utilizar a injeção de contraste para facilitar a visualização da ponta do cateter (aspirar com uma seringa de 10 ml o contraste na diluição 1:1 e preencher o priming do cateter durante o disparo do RX. Logo após, aspirar o resíduo de contraste do cateter e infundir SF 0,9%);
  • Confirmar o posicionamento ideal do cateter;
  • Após a confirmação radiográfica, realizar a fixação do cateter com gaze e filme transparente, com identificação da data, hora e responsável pelo procedimento.
  • Registrar em prontuário e POP quando houver;
  • O curativo seguinte deve ser realizado 24h após a inserção, com técnica asséptica e a cobertura indicada é o filme transparente (sem uso de gaze).

Cuidados na manutenção do cateter

  • Infusão contínua de soluções para evitar a obstrução do cateter, caso o paciente não esteja recebendo medicações em infusão contínua, providenciar manutenção com SF 0,9%;
  • Observar diariamente possíveis complicações do sítio de inserção do cateter e realizar registro em formulário próprio;
  • Atentar para refluxo sanguíneo no cateter;
  • Preencher balanço hídrico com horário rigoroso;
  • Não infundir hemoderivados por cateter <3,8 Fr;
  • Evitar testar refluxo constantemente;
  • Atentar para incompatibilidade de soluções;
  • Não infundir medicações que formam cristais no interior do cateter (ex: fenitoína, diazepan);
  • Datar equipos para realizar troca a cada 96h, exceto a NPT cuja troca deve ser realizada a cada 24h, ou a cada nova infusão;
  • Utilizar seringas de 10ml para infusões e/ou flush (risco de rompimento por pressão com seringas menores);
  • Não realizar banho de imersão;
  • Não desconectar o sistema desnecessariamente (ex: colocar roupas);
  • Não tracionar e/ou dobrar o cateter;
  • Não garrotear e/ou aferir pressão arterial no membro onde o cateter está inserido;
  • Realizar troca do curativo com técnica asséptica, em caso de sujidades e/ou má aderência do curativo;
  • Manipular o sistema de infusão de forma asséptica, utilizando três fricções com álcool 70% nas conexões antes de abrir a linha de infusão;
  • Fazer flush com solução salina 0,9% antes e após administrar medicações ou troca de infusões com pressão positiva e a cada 3 horas sendo: adulto -3 ml e neonatos 0,25 ml.

Indicações para retirada

  • Fim de terapia intravenosa;
  • Infecção primária de corrente sanguínea na vigência do cateter;
  • Flebite;
  • Obstrução;
  • Trombose venosa;
  • Eventos decorrentes da má posição do cateter (pneumotórax, tamponamento, perfuração cardíaca);
  • Rompimento do cateter.

Os profissionais de enfermagem têm um papel fundamental na prevenção de infecções e na manutenção do PICC. Para isso, é imprescindível o uso rigoroso da técnica asséptica durante a inserção e os cuidados subsequentes com o cateter. Além disso, os enfermeiros também são responsáveis por orientar e reforçar a importância desses cuidados para outros profissionais que manipulam o paciente e o acesso, contribuindo para a segurança e a qualidade do atendimento.

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