Reabilitação de crianças com cardiopatias congênitas: papel da fisioterapia
A cardiopatia congênita (CC) é uma anormalidade estrutural que constitui uma das principais causas de morbidade e mortalidade infantil. Tem forte impacto no cotidiano da criança principalmente na capacidade funcional e na qualidade de vida. Em grande parte dos casos, o tratamento cirúrgico é necessário.
A fisioterapia desempenha um papel importante na reabilitação de pacientes com cardiopatias congênitas, tanto no período pré-operatório quanto no pós-operatório das cirurgias. O profissional da fisioterapia é responsável por avaliar e gerenciar deficiências físicas e funcionais, limitações de atividades e limitações de participação devido ao comprometimento da função do corpo e das estruturas dos sistemas cardiovascular e pulmonar devido a doenças, lesões ou outras condições.
No pré-operatório, a intervenção fisioterapêutica visa preparar o paciente para o procedimento cirúrgico, otimizando a função respiratória e a capacidade física geral. Isso é alcançado por meio de exercícios que fortalecem a musculatura inspiratória, técnicas de higiene brônquica para a remoção de secreções e atividades que melhoram a resistência cardiovascular. Essas medidas são fundamentais para reduzir o risco de complicações pulmonares no pós-operatório e para acelerar a recuperação.
No período pós-operatório, a fisioterapia segue com o objetivo de minimizar complicações respiratórias e promover a reabilitação funcional o mais rápido possível. As intervenções incluem técnicas de reexpansão pulmonar, como exercícios de inspiração profunda e uso de dispositivos incentivadores, além de mobilização precoce para prevenir atelectasias e pneumonias. A mobilização precoce também contribui para a melhora da perfusão tecidual, reduzindo o risco de tromboses e acelerando o retorno às atividades habituais. Além disso, a fisioterapia auxilia no desmame da ventilação mecânica, quando necessário, e na restauração da função respiratória normal.
Abordagens de fisioterapia na reabilitação cardiopulmonar pediátrica
A reabilitação cardiopulmonar em crianças com cardiopatia congênita é fundamental para melhorar a capacidade funcional, reduzir complicações e promover o desenvolvimento saudável. Os protocolos de reabilitação englobam mobilização precoce, exercícios respiratórios e treinamento físico, adaptados às necessidades individuais de cada paciente.
É importante ressaltar que crianças com cardiopatia congênita raramente são totalmente sedentárias. No entanto, os níveis de atividade física são baixos, sendo considerado um fator de risco. A avaliação do nível de funcionalidade da criança é importante para projetar o programa de reabilitação. Estratégias como a mobilização precoce são importantes para iniciar no período pós-operatório para prevenir complicações como atelectasias, fraqueza muscular e tromboses. Atividades terapêuticas progressivas, como exercícios motores no leito, sedestação e deambulação assistida, são implementadas conforme a tolerância da criança. Essa abordagem contribui para a recuperação funcional mais rápida e reduz o tempo de internação.
Os exercícios respiratórios são técnicas de fisioterapia respiratória essenciais no manejo pré e pós-operatório de crianças com cardiopatias congênitas.
No pré-operatório, utilizam-se técnicas de reexpansão pulmonar e estimulação muscular respiratória para preparar o paciente para a cirurgia. No pós-operatório, são aplicadas manobras como drenagem postural, pressão positiva e higiene das vias aéreas para prevenir complicações pulmonares e melhorar a função respiratória. A reabilitação cardiovascular inclui exercícios aeróbicos personalizados, treinamento de força, alongamentos e exercícios de equilíbrio.
Essas intervenções visam melhorar a capacidade cardiovascular, promover o desenvolvimento motor e aumentar a resistência física. A implementação de técnicas lúdicas, como o uso de videogames ativos, pode aumentar a adesão das crianças ao programa de reabilitação. Ainda, a colaboração entre fisioterapeutas, cardiologistas pediátricos, enfermeiros, psicólogos e outros profissionais de saúde é essencial para uma abordagem ampla no paciente pediátrico.
Reuniões regulares da equipe permitem revisar o progresso da criança e ajustar os planos de tratamento conforme necessário, garantindo a integração dos cuidados e o suporte adequado à família.
Benefícios a longo prazo para a qualidade de vida da criança
A reabilitação cardiopulmonar desempenha um papel crucial na melhoria da qualidade de vida de crianças com cardiopatia congênita. Programas estruturados de exercícios físicos, adaptados às necessidades individuais, promovem benefícios significativos em diversos aspectos da saúde física e mental desses pacientes.
Estudos indicam que a participação em programas de reabilitação cardiopulmonar resulta em melhorias na capacidade funcional, aumento da força muscular e aprimoramento da função pulmonar. Esses avanços permitem que as crianças realizem atividades cotidianas com maior facilidade e participem de brincadeiras e exercícios físicos de forma mais ativa, contribuindo para um desenvolvimento mais saudável.
Além dos benefícios físicos, a reabilitação cardiopulmonar tem um impacto positivo na saúde mental e emocional. A participação em programas de exercícios está associada à redução de sintomas de ansiedade e depressão, bem como à melhoria da autoestima e da imagem corporal. Esses fatores são essenciais para o bem-estar psicológico e social das crianças, facilitando sua integração em atividades escolares e sociais.
A adesão a programas de reabilitação também contribui para a prevenção de complicações futuras, como o desenvolvimento de doenças cardiovasculares na vida adulta. Ao incentivar hábitos saudáveis desde a infância, como a prática regular de exercícios físicos, estabelece-se uma base sólida para a manutenção da saúde cardiovascular ao longo da vida. É importante destacar que a reabilitação cardiopulmonar deve ser conduzida por uma equipe multidisciplinar, incluindo fisioterapeutas, cardiologistas e psicólogos, garantindo uma abordagem integral e personalizada para cada paciente.
A participação ativa da família também é fundamental, fornecendo suporte emocional e encorajando a continuidade das atividades propostas. De fato, a reabilitação cardiopulmonar oferece benefícios substanciais a longo prazo para a qualidade de vida de crianças com cardiopatia congênita, englobando melhorias físicas, emocionais e sociais, além de contribuir para a prevenção de complicações futuras.
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Conclusão
A reabilitação cardiopulmonar em crianças com cardiopatia congênita deve ser individualizada, considerando as especificidades de cada paciente. A mobilização precoce, os exercícios respiratórios e o treinamento físico são componentes fundamentais para a recuperação e melhoria da qualidade de vida dessas crianças. A participação ativa da família e a educação sobre os cuidados necessários são igualmente importantes para o sucesso do tratamento.
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