Balanço hídrico: o que é e como calcular e registrar?
O balanço hídrico desempenha um papel crucial na manutenção da homeostasia do organismo, sendo essencial para garantir o funcionamento adequado dos sistemas fisiológicos.
Neste contexto, compreender o que é o balanço hídrico e como calcular é fundamental para profissionais da saúde, especialmente enfermeiros, que lidam diretamente com o cuidado e monitoramento dos pacientes.
O que é balanço hídrico?
O corpo humano é composto por aproximadamente 60% de água e eletrólitos, distribuídos entre o líquido extracelular (LEC) e intracelular (LIC). Este equilíbrio dinâmico é regulado por mecanismos adaptativos que envolvem a ingestão, eliminação e distribuição da água no organismo, incluindo as funções renais e pulmonares.
A regulação adequada do balanço hídrico é vital para prevenir distúrbios hidroeletrolíticos, frequentes em pacientes hospitalizados na UTI e associados a um aumento significativo de morbidade e mortalidade em pacientes críticos. A equipe de enfermagem desempenha um papel fundamental na monitorização e registro preciso do balanço hídrico de cada paciente.
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Papel da enfermagem no registro do balanço hídrico
A equipe de enfermagem é responsável por realizar o balanço hídrico anotando todo o líquido que entra e sai do paciente. Essas informações são de extrema importância para a evolução clínica do paciente. O enfermeiro, por sua vez, deve ser capaz de identificar os distúrbios hídricos, os desequilíbrios eletrolíticos e suas possíveis complicações de forma ágil para poder rapidamente atuar junto a equipe multiprofissional em prol do paciente.
O registro adequado é importante para a tomada de decisões terapêuticas e assistenciais. Sendo assim, o enfermeiro precisa estar atento aos resultados do balanço hídrico e saber interferir quando necessário, além de comunicar ao médico responsável sobre sinais de retenção hídrica ou desidratação.
Para isso o enfermeiro deve prover de um raciocínio clínico e crítico, além de ter domínio acerca desse assunto para a avaliação completa do paciente e as principais consequências advindas de registro ou uma análise pouco eficaz do balanço hídrico.
Como fazer o cálculo?
Durante a anotação dos volumes devemos considerar os ganhos: dietas por sonda nasogástrica, enteral , ostomias, ingestão de água, suco, chás, medicações feitas em soro, medicações com diluição, entre outros; e as perdas: eliminações vesicais e intestinais, vômitos, drenagens, etc.
Já no fechamento do balanço hídrico, que ocorre em período de tempo determinado de 24 horas, faz-se um cálculo simples que definirá se o balanço foi positivo (houve ganho de líquidos) ou negativo (houve perda de líquidos). Primeiramente, soma-se todos os ganhos e chama-se esses ganhos de X. Depois disso, soma-se todas as perdas e chama-se essas perdas de Y.
Ao final das duas etapas deve-se subtrair um pelo outro:
X - Y = ?
Exemplo:
considerar que um paciente recebeu 1500 ml de líquidos (entre dietas, medicamentos, etc) em um período de 24 horas e eliminou em torno de 1000 ml (entre eliminações vesicais, intestinais e drenagens) em um período de 24 horas.
1500 - 1000 = 500 ml
Com esse exemplo, pode-se ver que o paciente em questão teve um
BALANÇO HÍDRICO POSITIVO
, pois seus ganhos foram maiores que suas perdas. Esse resultado precisa ser registrado corretamente e é dado importante para a
passagem de plantão
, contemplando a continuidade do cuidado exercido pela enfermagem.
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Como fazer o registro?
Os profissionais precisam usar recipientes com as medidas indicadas para mensurar quantidades específicas, uma vez que, mais frequentemente do que se pensa, os volumes estimados mostram-se imprecisos. Muitas vezes, por falta de material adequado, acaba-se estimando volumes e não medindo de fato, o que gera um balanço hídrico prejudicado.
As bombas de infusão, os copos e sacos graduados e a pesagem do material absorvente são grandes sistemas de medição
O registro do balanço hídrico constitui rotina no pós-operatório, assim como nos pacientes cujo estado é considerado instável, que apresentam febre, que são submetidos à restrição líquida ou estão recebendo tratamento com diurético ou hidratação intravenosa.
O profissional de enfermagem não precisa nem deve esperar pela prescrição médica para dar início ao registro da ingesta e da eliminação de líquidos.
Essas medidas são indicadas também para os portadores de doenças cardiopulmonares crônicas e renais, bem como pacientes com agravamento do estado de saúde. Esse tipo de análise permite uma abordagem quantitativa da correção das anormalidades observadas no volume de líquidos do paciente, possibilitando uma intervenção mais segura e imediata.
Tão importante quanto a medição e o registro correto do balanço hídrico é a aplicação dos resultados para a produção do processo assistencial do enfermeiro, pois esses dados configuram informações importantes para o acompanhamento e a avaliação contínua do equilíbrio hidroeletrolítico, favorecendo a manutenção da homeostasia do paciente.
O enfermeiro tem como função a supervisão de que tais dados estejam sendo corretamente medidos e registrados. Ele é responsável por fazer a equipe técnica entender a importância do balanço hídrico no cuidado do paciente.
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