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Cateterismo vesical: tipos e técnicas

Cateterismo vesical é a introdução de um cateter (sonda) através da uretra até a bexiga. A finalidade é remover a urina ali existente. É indicado antes das cirurgias que necessitam de um esvaziamento completo da bexiga, quando há retenção de urina ou obstrução de trato urinário, para lavagem da bexiga, para monitoramento de débito urinário, quando o paciente é incontinente e, em alguns casos, após cirurgias.

É um dos procedimentos mais realizados dentro de um hospital, tanto em setores como CTI, como na clínica médica, emergência, pré-operatório e pós-operatório.

Neste artigo, falaremos mais o cateterismo vesical, incluindo os tipos e técnicas envolvidos nesse procedimento. Confira!

Uretra feminina e masculina

A urina é eliminada através da uretra. A feminina possui aproximadamente 3 a 4 cm, enquanto a masculina possui de 18 a 20 cm.

O trato urinário é estéril (exceto na porção do óstio externo da uretra, que é colonizada por microrganismos presentes na região do períneo), por isso a técnica de inserção do cateter deve ser estéril, para evitar contaminação.

As mulheres possuem maior risco de infecção do trato urinário (ITU), devido à proximidade com a área perineal que possui grande quantidade de bactérias.

Tipos de cateteirsmo vesical

Há 4 tipos de sondagem vesical: intermitente ou de alívio, de demora, irrigação vesical e cistostomia.

Cateter vesical de alívio ou intermitente

É utilizado para o esvaziamento momentâneo da bexiga e é realizado através de um cateter sem cuff, que possui menor risco de infecção, pois o cateter é introduzido e retirado assim que a bexiga é esvaziada.

Cateter vesical de demora

É realizado através de um cateter com balonete (sonda de Foley) e é utilizado para drenagem permanente de urina com sistema fechado, onde a urina fica armazenada em uma bolsa, podendo ser mensurada e avaliada quanto a cor, volume e densidade.

Irrigação vesical

Em geral é utilizado em pós-operatório de cirurgia urológica através de um cateter Three Way ou Owen, onde um lúmen é utilizado para drenar a bexiga. O segundo lúmen é utilizado para inflar o balonete, e o terceiro lúmen para irrigar a bexiga com soro fisiológico 0,9%, geralmente gelado para evitar a formação de coágulos e consequentemente obstrução ureteral.

Cistostomia ou cateterismo supra púbico

Inserção cirúrgica de um cateter diretamente na bexiga, utilizado quando há um bloqueio na uretra.

Tipos de cateteres

Os cateteres se diferenciam pelo material, número de lúmens, presença ou não de cuff, formato e sistema de drenagem.

Os cateteres de demora podem ser de látex ou de silicon. Os de látex reduzem a irritação uretral, e os cateteres de silicone possuem um diâmetro interno maior, sendo muito utilizados em pacientes que necessitam de trocas frequentes devido ao acúmulo de bactérias no cateter que formam um incrustado.

Os cateteres intermitentes são retos, não possuem balonete e podem ser de borracha ou de polivinil cloreto (PVC). Os cateteres para irrigação vesical possuem luz tripla e cuff.

Cateter de Foley

Cateter de Foley

Cateter de Alívio

Cateter de alívio

Cateter Foley 3 vias

Cateter Foley 3 vias

Tamanhos dos cateteres

Os tamanhos dos cateteres são medidos através da Escala French (FR), que é a medida do diâmetro interno do cateter. A indicação é utilizar o menor diâmetro necessário para reduzir o risco de infecção. Crianças geralmente utilizam cateteres de 8 a 10 Fr, mulheres de 14 a 16 Fr e homens de 16 a 18 Fr.

Os cateteres de Foley possuem cuff que pode ir de 3 a 30 ml. O tamanho geralmente vem descrito na própria sonda, como na imagem a seguir:

Tamanhos dos cateteres

Observação importante:
De acordo com a nova bibliografia, NÃO é mais recomendado a testagem do balonete ou cuff antes da inserção, pois sua prática pode favorecer a formação de vincos no balão que podem causar trauma ao cateterizar.

Contraindicações:
trauma uretral, estenose uretral, ITU em curso, entre outros.

Considerações sobre o procedimento

Técnica de cateterismo de demora

  1. Separar o material;
  2. Realizar a degermação das mãos;
  3. Preparar o ambiente, aumentar iluminação do local e colocar biombo;
  4. Explicar o procedimento ao paciente e verificar cateterização prévia;
  5. Fazer ou encaminhar o cliente para realizar a higiene íntima;
  6. Preparar o material junto ao cliente, em cima de mesa acessória, posicionando-se do lado apropriado;
  7. Prender o saco plástico para resíduos em local de fácil acesso;
  8. Colocar o paciente na posição correta para o procedimento (Feminino: colocar o cliente em posição ginecológica, protegida com lençol. Caso esteja impossibilitada, manter em decúbito dorsal com pernas entre abertas; Masculino: colocar o cliente em decúbito dorsal, com as coxas levemente afastadas, protegido com o lençol).
  9. Abrir o pacote de material estéril em cima de mesa auxiliar ou sobre o leito, entre as pernas do paciente;
  10. Colocar o antisséptico na cúpula;
  11. Abrir o material descartável com técnica estéril sobre o campo (sonda, o sistema coletor fechado, seringas, agulhas, gaze estéril);
  12. Aspirar com seringa de tamanho próprio para o volume do balonete o volume indicado de água destilada, mantê-la dentro do invólucro da seringa, ao lado do campo estéril ou dentro da bandeja;
  13. Calçar as luvas estéreis;
  14. Conectar a sonda Folley ao coletor de urina, fechando a extremidade final do coletor;
  15. Colocar água destilada na seringa com ajuda do colega, de acordo com o cuff;
  16. Colocar o lubrificante anestésico estéril na seringa, com auxílio de um colega (10ml);
  17. Com a pinça montada com a gaze embebida com antisséptico, fazer a antissepsia do local:

Feminino

  • Grandes lábios até o ânus: (1ª e 2ª gaze, uma para cada lábio);
  • Pequenos lábios até o ânus (antes deve-se afastar os grandes lábios com a mão não dominante e gaze IV - 3ª e 4ª gaze, uma para cada lábio);
  • Meato uretral até o ânus (antes deve-se afastar os pequenos lábios com a mão não dominante e gaze – 5ª gaze);
  • Meato uretral até a vagina (manter os pequenos lábios entre abertos até a introdução da sonda – 6ª gaze);

Observação:
o fechamento dos grandes lábios durante a limpeza requer que o procedimento seja repetido, pois a área se contaminou.

Masculino

  • Toda região peniana, com movimento circulares, no sentido do prepúcio para a raiz do pênis, sem afastamento do prepúcio: (1ª e 2ª gaze);
  • Com o polegar e o indicador da mão não dominante, com gaze afastar o prepúcio que recobre o meato urinário, fazer nova antissepsia de toda a região peniana com movimentos circulares, no sentido da glande para a raiz do pênis, mantendo o prepúcio sempre tracionado (3ª e 4ª gaze);
  • Fazer antissepsia do meato em sentido do meato para fora, ou com movimentos circulares (5 e 6ª gaze);
  • Continuar segurando corpo peniano até a colocação do campo fenestrado colocar o campo fenestrado;

18. Lubrificar a sonda com xilocaína: na mulher de 2,5 a 5 cm, no homem, caso não tenha auxílio de um colega poderá lubrificar a sonda de 5 a 7 cm ou elevar o pênis perpendicularmente ao corpo, para colocar a uretra em linha reta; com a mão dominante, injetar xilocaína gel – 10ml que está na seringa dentro do meato uretral;

19. Pegar a sonda com a mão dominante, deixando a ponta ser introduzida presa nos dedos polegar e indicador e, com os outros dedos, segurar a parte restante. Deixar apenas a extremidade distal da sonda solta, perto do dedo mínimo. Paciente feminino: solicitar que faça força para baixo como se fosse urinar;

20. Introduzir a sonda Folley pelo meato urinário (Feminino: 5 a 8 cm ou até que a urina flua, mais 2 cm; Masculino: 15 a 20 cm ou até que urina flua, mais 2 cm);

21. Libere os grandes lábios, ou abaixe o pênis, e segure firmemente o cateter com a mão não dominante;

22. Insuflar o balão da sonda com a seringa (contendo a quantidade indicada na sonda de água destilada);

23. Tracionar a sonda levemente para certificar-se que está fixa à bexiga;

24. Fixar a sonda na coxa da paciente com esparadrapo, deixando entre a fixação e o meato uma sobra para não lesionar internamente por tração; em paciente de sexo masculino, fixar o esparadrapo na coxa ou na parede do baixo ventre, com o pênis votado para cima em direção ao tórax;

25. Lavar com 100ml de água a região que está com anti-séptico;

26. Retirar as luvas;

27. Prender o coletor de urina a lateral da cama (facilita a drenagem da urina e impede o fluxo contrário da mesma);

28. Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem;

29. Providenciar a limpeza e a ordem do material encaminhando-o para o expurgo;

30. Higienizar as mãos;

31. Fazer os
registros de enfermagem
(registrar o tamanho do cateter introduzido, a quantidade de líquido que usou para encher o balonete, a quantidade de urina removida durante o procedimento, descrever características da mesma, reação do paciente ao procedimento) e checar a prescrição médica.

Cuidados de enfermagem

  • O cateter de demora deve ser conectado a um sistema de drenagem para coleta da urina drenada da bexiga, esse sistema de drenagem deve permanecer fechado para evitar a contaminação por microrganismos.
  • Em casos de necessidade de coleta de amostra de urina, deve-se realizar o procedimento pelo coletor específico localizado na bolsa.
  • A bolsa de drenagem deve estar sempre abaixo do nível da bexiga e nunca deve tocar no chão.
  • Deve-se sempre observar se há presença de dobras nos tubos para evitar o refluxo da urina, bem como inspecionar a presença de coágulos ou sedimentos que possam impedir o fluxo correto da urina.
  • Não se deve deixar a bolsa muito cheia pois pode causar lesão uretral.

A assistência de enfermagem na eliminação urinária visa:

  • ajudar, quando houver prejuízo das funções renais, a reduzir o trabalho dos rins até que eles voltem a atividade normal a fim de minimizar ou diminuir os efeitos sobre o corpo;
  • facilitar a eliminação da urina na bexiga quando o problema for de interferência com a eliminação da urina.

A assistência da enfermagem torna-se bastante útil se, além de aplicar os conhecimentos específicos, proporcionar conforto emocional e físico ao paciente.

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