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Carrinho de parada cardiorrespiratória: checklist de itens essenciais

A parada cardiorrespiratória (PCR) é definida como a interrupção inesperada da atividade cardíaca e respiratória, tornando-se a emergência clínica mais grave que o paciente pode apresentar. Durante sua ocorrência, os órgãos e tecidos corporais deixam de receber oxigênio e nutrientes, elementos essenciais para a manutenção da vida. Caso essas funções não sejam restabelecidas rapidamente através de manobras e procedimentos sequenciais, ocorrem danos celulares e cerebrais irreversíveis, podendo ocasionar a morte.

A sobrevida dos pacientes em PCR depende de uma intervenção rápida, segura e eficaz. Para que isso aconteça, é necessário que a equipe multiprofissional tenha constantes treinamentos com foco no atendimento ao paciente durante esse evento.

O enfermeiro na maioria dos casos é o primeiro profissional a identificar a PCR e iniciar a ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Diante desse fato, o mesmo necessita ser um profissional ágil, que possui habilidades técnicas, conhecimento científico, olhar clínico e principalmente controle emocional frente a essas situações. Além disso, o enfermeiro possui a responsabilidade, como líder, de manter a organização, sincronismo, eficiência na comunicação e ser um facilitador de tarefas durante todo o atendimento a PCR.

A presença dos materiais necessários é imprescindível em toda situação de urgência e emergência. Deste modo, o carrinho de emergência é ferramenta fundamental na qualidade do atendimento por conter todos os materiais, medicamentos e equipamentos necessários. É importante que nele contenha as quantidades adequadas, mantendo somente o indispensável a fim de agilizar o atendimento e reduzir o desperdício.

A American Heart Association (AHA) definiu um protocolo de padronização para a organização dos carrinhos de emergência, estruturando-os em quatro prioridades principais: na parte superior, ficam os itens para avaliação diagnóstica; na primeira gaveta, são armazenadas as medicações; na segunda, os materiais para acesso vascular e controle circulatório; na terceira, os dispositivos para manejo das vias aéreas; e, na quarta, os itens de cateterismo e soluções. Essa lógica de organização é amplamente adotada nas unidades hospitalares, promovendo maior eficiência e rapidez no atendimento.

Para facilitar a conferência e garantir que todos os materiais estejam disponíveis no momento em que se tem uma parada cardiorespiratória, as unidades de saúde possuem um checklist como todo o material que deve conter o carro de emergência.

Organização e conferência do carrinho de emergência: o papel do enfermeiro e a importância do checklist

A conferencia sistêmica do carrinho de emergência é obrigatória para garantir o atendimento seguro. Ela é realizada pelo enfermeiro com o auxílio de uma lista onde estão descritos todos os materiais que devem conter no carrinho - o checklis.

Essa conferência é feita diariamente ao receber o planão, em que se confere o lacre, a presença da tábua, das lâminas de intubação orotraqueal e o funcionamento da luz das lâminas, das pilhas no laringoscópio, do desfibrilador, da quantidade de oxigênio na bala e da quantidade de medicações. Mensalmente, são checados todos os materiais, observando a presença, integridade, validade e conformidade com a padronização.

Parte superior e laterias do carrinho

O cardioversor/desfibrilador é a primeira prioridade e deve estar disponível imediatamente para atendimento da parada cardiorrespiratória, pois a desfibrilação precoce é o que pode garantir sucesso na ressuscitação cardiopulmonar. A caixa com os laringoscópios também ficam na parte superior do carrinho. Os impressos de controle também ficam na parte superior, assim como os reanimadores manuais, conhecidos como ambu. Deve haver também gerador de marcapasso e glicosímetro capilar.

A tábua rígida normalmente fica na lateral do carrinho e é importante para que a manobra cardíaca seja efetiva, garantindo uma base rígida para o tórax do paciente. O cilindro de oxigênio fica em um suporte na lateral do carrinho ou na parte superior, assim como um suporte de soro.

É importante ter espaço sobre o tampo do carrinho para o preparo das medicações durante a emergência.

Primeira gaveta (identificação vermelha)

A primeira gaveta deve conter os medicamentos utilizados em um atendimento emergencial. Estes devem estar organizados por ordem alfabética e em quantidade estipulada pelo protocolo da unidade. São medicações indispenáveis:

  • Adrenalina 1mg/ml
  • Atropina 0,25 mg/ml
  • Amiodarona 50mg/ml
  • Aminofilina 24 mg/ml
  • Adenosina 3 mg/ml
  • Água destilada 10 ml
  • Bicarbonato de sódio 8,4% 10 ml
  • Deslanosídeo 0,2/ml
  • Efedrina 50mg/ml
  • Prometazina 25 mg/ml
  • Glicose 50% 10 ml
  • Gluconato de cálcio 10 ml
  • Isossorbida 5mg, Isossorbida 10 mg/ml
  • Furosemida 10 mg/ml
  • Nipride 50 mg
  • Noradrenalina 2 mg/ml
  • Propatilnitrato 10 mg
  • Dexametasona 100 mg
  • Dexametasona 500 mg
  • Sulfato de magnésio 10% 10 ml
  • Terbutalina 0,5 mg/ml
  • Xilocaína injetável SV 2% 20 ml
  • Diazepam 5 mg/ml
  • Fentanil 0,25 mg/ml
  • Fenitoina 50mg/ml
  • Midazolan 5 mg/ml
  • Propofol 10 mg/ml

Segunda gaveta (identificação amarela)

Os materiais para punção venosa e monitoramento cardíaco se encontram na segunda gaveta:

  • seringa 0,5 ml
  • seringa 10 ml
  • seringa 20 ml, eletrodos
  • equipo macrogotas simples
  • equipo para bomba fotossensível
  • equipo bomba transparente
  • polifix
  • cateter flexível de inserção periférica (nº 16, 18, 20, 22 e 24)
  • agulha 13x4,5
  • agulha 25x7
  • agulha 40x12
  • máscara descartável
  • micropore pequeno
  • garrote
  • gel eletrocardiograma
  • lâmina de bisturi n º 23
  • gaze estéril

Terceira gaveta (identificação verde)

Na terceira gaveta, estão os materiais para vias aéreas:

  • cânula intubação orotraqueal (nº 6,5, 7,0, 7,5, 8,0, 8,5, 9)
  • cânula de Guedel nº 4
  • filtro eletroestático adulto
  • luvas estéreis (6,5, 7,0, 7,5, 8,0, 8,5)
  • xilocaína gel 30 g
  • fio guia
  • sonda de aspiração nº 12
  • sonda de aspiração nº 14
  • sonda de aspiração nº 16
  • pilha média
  • luvas de procedimento
  • cadarço
  • óculos de proteção

Quarta gaveta (identificação azul)

A última gaveta é composta por material para cateterismo vesical e gástrico, soros e outras soluções:

  • cateter nasogástrico (nº 12, 14, 16)
  • soro fisiológico 0,9 % (1000 ml, 500 ml, 250 ml, 100 ml)
  • soro glicosado 5% (1000 ml, 500 ml, 250 ml)
  • Ringer Lactato 500 ml
  • Bicarbonato de sódio 8,4% 250ml
  • Manitol
  • Voluven
  • água destilada 100 ml
  • umidificador
  • nebulizador
  • válvula ar comprimido
  • válvula O₂,
  • bifurcador de ar comprimido
  • cobertura para óbito

É indicado que o carro de emergência esteja bem localizado, ou seja, em uma área ampla com fácil acesso e facilitando o seu deslocamento com o menor tempo possível, pois quanto antes se inicia o atendimento ao paciente em parada cardiorrespiratória, maiores são as chances de sobrevida.

Situações de emergência exigem que o tempo de resposta do processo a ser executado seja curto, reforçando a necessidade de padronização das ações, treinamento, segurança na disponibilidade de materiais, equipamentos e medicamentos e determinação clara das responsabilidades. Diante disso, é essencial o comprometimento dos profissionais envolvidos e a participação dos mesmos nas discussões de melhoria dos processos.

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