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Mudança de decúbito: como realizar para prevenção de lesão por pressão?

A compressão da região corporal por longo período causa um processo isquêmico, reduzindo o fluxo sanguíneo para os capilares que circundam o tecido e as adjacências. Essa compressão, consequentemente, dificulta ou impede a chegada de oxigênio e nutrientes.

Além da isquemia local, portanto, tem-se como resultado: a hipóxia, a formação de edema, o endurecimento da área afetada, a elevação da temperatura local decorrente da instalação de um processo inflamatório, o aparecimento de vermelhidão da pele ou eritema e, por fim, a apoptose ou morte celular e a necrose do tecido, caracterizando os estágios da lesão por pressão (LPP).

Neste artigo, falaremos mais sobre a lesão por pressão e a importância da mudança de decúbito para prevenção.

Definição e Causas das Lesões por Pressão (LPP)

A lesão por pressão é a lesão tecidual causada pelo contato, durante longo período, das proeminências ósseas com superfícies rígidas, tais como colchões, cadeiras e macas que, por sua vez, resultarão em diminuição do fluxo sanguíneo.

De origem multicausal, as LPP podem se desenvolver por:

  1. Fatores intrínsecos:
    edema, estado nutricional inadequado, idade avançada, incontinências, inervação sensorial prejudicada, desidratação, hipotensão arterial, morbidades ou patologias associadas, motricidade involuntária excessiva, nível de consciência reduzido, perfusão tecidual reduzida, tonicidade muscular;
  2. Fatores extrínsecos:
    pressão, fricção, força de cisalhamento, imobilização e umidade da pele.

Grupos de risco

Diante de tais fatores, os pacientes com maior risco de desenvolver LPP são:

  • os desnutridos, por apresentarem ossos mais proeminentes;
  • idosos pelo aumento da fragilidade da pele, pela redução da elasticidade e menor resistência às forças de tração e cisalhamento;
  • pessoas com doenças crônicas tais como diabetes mellitus e vasculares, pelas alterações na circulação sanguínea e, consequentemente, na perfusão tissular;
  • os acamados em função de cirurgia de maior porte, traumas ou com deficiência física;
  • e pacientes que fazem uso de alguns anestésicos ou precisam ser sedados, alterando a percepção sensorial.

Estratégias de prevenção

A prevenção das LPP pode ser alcançada através de diferentes estratégias adotadas pelos enfermeiros, tais como:

  • aporte nutricional;
  • tratamento tópico;
  • controle da umidade da pele;
  • e a mudança de decúbito (MD).

Assim, as ações preventivas requerem a participação de uma equipe multiprofissional composta por nutricionistas, fisioterapeutas, profissionais de enfermagem, entre outros.

Diversas tecnologias vêm sendo utilizadas para reduzir o risco de desenvolvimento dessas lesões. O uso de colchão de alternância de ar, de casca de ovo, de coxins viscoelásticos e protocolos de prevenção são exemplos de algumas das tecnologias leves e duras empregadas pela enfermagem.

Importância da mudança de decúbito

Embora existam recursos tecnológicos que aliviam a pressão principalmente sobre as proeminências ósseas, a mudança de decúbito é considerada de grande importância e eficácia, mas também uma medida totalmente dependente da ação humana.

A literatura recomenda a mudança de decúbito do paciente com o intervalo mínimo a cada duas horas. Porém, no cotidiano, esse intervalo normalmente não é seguido por motivos diversos, como, por exemplo, piora da instabilidade hemodinâmica, contenção mecânica, falha da assistência de enfermagem, entre outros.

A mudança de decúbito é um cuidado de alta dependência que tem como objetivos, além da prevenção da formação de lesões por pressão (LPP), o conforto do paciente, a prevenção da síndrome do desuso muscular, o auxílio na drenagem das secreções das vias aéreas inferiores, a otimização da relação ventilação/perfusão pulmonar.

A execução da mudança de decúbito pode ser influenciada por fatores do próprio paciente (atelectasias, pós-operatório de cirurgias plásticas, uso de aminas vasoativas, delírio, entre outros), da estrutura (tipos de colchões disponíveis, carga de trabalho, qualificação profissional, protocolos assistenciais, entre outros) e do processo (aplicabilidade das escalas de avaliação de risco, adaptações feitas para a implementação das medidas de prevenção). Entende-se que esses fatores refletem os indicadores de resultado, especialmente na incidência de LPP na região sacra, causada pela necessidade ou não do paciente permanecer a maior parte do tempo em decúbito dorsal.

Visando tais benefícios, o método comumente utilizado para realização da técnica de MD acontece conforme o funcionamento de um relógio, o qual a cada duas horas a posição do paciente é modificada em decúbito dorsal, decúbito lateral direito e decúbito lateral esquerdo para aliviar a pressão dos tecidos. Ao se realizar a mudança de decúbito, há uma descompressão dos vasos e retorno da circulação sanguínea, mantendo o tecido saudável e impedindo a abertura de lesões.

Como realizar a mudança de decúbito

  1. Higienizar as mãos;
  2. Calçar luvas de procedimento;
  3. Abaixar grades de proteção do leito;
  4. Proceder a liberação dos equipos e equipamentos (cabos de monitor cardíaco, cabo de oximetria de pulso, manguito), traqueias para ventilação, macronebulizadores, drenos e cateteres, etc.;
  5. Trocar as peças de roupa que eventualmente sejam necessárias;
  6. Mudar a posição de paciente no leito;
  7. Recolocar ou reposicionar os equipos e equipamentos removidos antes do manuseio;
  8. Apoiar o paciente com os coxins, deixando-o em posição de conforto;
  9. Verificar estabilidade hemodinâmica após manuseio;
  10. Elevar as grades de proteção do leito;
  11. Retirar as luvas de procedimento;
  12. Higienizar as mãos;
  13. Anotar na evolução ou prontuário.

Pontos de atenção

  • O ideal é que a mudança de decúbito seja feita a cada 2 horas, conforme preconizado;
  • A MD deve ser realizada por dois profissionais, para evitar acidentes;
  • Os movimentos precisam ser precisos e firmes, para diminuir fricção;
  • Todos os dispositivos do paciente devem ser conferidos após a MD;
  • É comum que alguns parâmetros hemodinâmicos se alterem com a movimentação. O enfermeiro só deve sair do leito do paciente após o retorno à normalidade;
  • Os coxins são ferramentas de apoio para garantir conforto e devem ser colocados, principalmente, para apoiar as costas e entre as pernas quando em decúbito lateral.

No que tange especificamente a LPP, a mudança de decúbito é conhecida como um dos métodos mais eficazes para sua prevenção, já que é um evento de grande contribuição para o agravamento de saúde dos pacientes acamados, gerador de elevados custos não somente hospitalares como também familiares, considerando que por diversas vezes o paciente tem alta hospitalar com a presença de tais lesões, acarretando retardo na sua recuperação.

Conclui-se que o papel do enfermeiro na prevenção de lesões por pressão começa já na admissão do paciente, com uma avaliação eficiente dos riscos utilizando a Escala de Braden ou outra ferramenta recomendada pela instituição.

Esse cuidado se estende pela manutenção da saúde da pele durante toda a internação, o que inclui a correta e eficiente mudança de decúbito a cada duas horas, conforme prescrição do enfermeiro e execução pela equipe de enfermagem. Também envolve a hidratação adequada da pele para mantê-la firme, a troca frequente de fraldas ou roupas úmidas para evitar a umidade, o uso de coxins, e a garantia de cuidados multidisciplinares que reduzem os riscos de desenvolvimento de lesões por pressão.