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Pressão arterial invasiva: indicações, instalação e cuidados pela enfermagem

Os pacientes clinicamente graves internados em Unidade de Terapia Intensiva requerem cuidados especializados, suporte e monitorização hemodinâmica contínuos. No que se refere aos métodos utilizados na monitorização hemodinâmica, a mensuração da pressão arterial ganha destaque pela importância para o paciente crítico.

Na prática clínica da UTI, as mensurações da PA são usualmente obtidas de forma indireta e direta. O método indireto é considerado mais prático e é realizado de forma não invasiva e intermitente, utilizando a técnica oscilométrica. Já o método direto, mensura a PA de modo contínuo e invasivo através de um cateter arterial periférico.

A medida da PA por meio de cateteres arteriais periféricos é considerada padrão ouro no monitoramento da PA em pacientes críticos, uma vez que este método proporciona valores acurados da PA e ritmo cardíaco.

Nos quadros clínicos em que o paciente apresenta extremos de níveis pressóricos e ritmos cardíacos irregulares, como na fibrilação atrial, ou está no intraoperatório e pós-operatório de cirurgias de grande porte, a monitorização da PA através do método indireto se torna menos confiável.

Portanto, os pacientes que apresentam instabilidade hemodinâmica, e que estão em uso de vasopressores, devem ser monitorizados através do método contínuo da pressão arterial invasiva (PAI).

Dentre todos os parâmetros, a pressão arterial e a função cardíaca servem como importantes marcadores do sistema cardiovascular. Portanto, métodos confiáveis de medição desempenham um papel vital.

A pressão arterial correlaciona-se diretamente com a função cardíaca e vascular e pode ser usada para avaliar o débito cardíaco. As flutuações da pressão arterial podem levar a resultados devastadores se não forem bem controladas. A hipotensão tem sido associada a acidente vascular cerebral isquêmico pós-operatório, lesão miocárdica e lesão renal aguda.

O nível adequado de pressão arterial é aquele que proporciona ao sistema circulatório a perfusão adequada dos tecidos e órgãos alvo. Esses parâmetros são regulados localmente, nos órgãos, através da alteração da resistência vascular.

Portanto, o monitoramento contínuo da microcirculação é um elemento indispensável para a determinação da faixa ideal de PA. Lembrando que as metas de PA devem ser ajustadas a cada situação clínica, de acordo com comorbidades, procedimentos cirúrgicos realizados, entre outros.

Indicações

As principais indicações para a pressão arterial invasiva envolvem:

  • instabilidade hemodinâmica;
  • cirurgias de grande porte (cardiopulmonar, vasculares, torácicas, abdominais, cranianas e outras);
  • uso de drogas vasoativas;
  • queda ou aumento brusco no nível de PA;
  • e casos em que necessita de controle rigoroso dos níveis pressóricos.

As medidas de pressão arterial em intervalos espaçados (PNI) podem não ser seguras, pois o paciente pode apresentar mudanças repentinas em seu estado hemodinâmico que podem não ser notadas. Também pode ser utilizada em situações de sobrecarga volêmica, aonde necessita-se de remoção rápida e em grande quantidade de volume sanguíneo.

Embora o monitoramento invasivo da pressão arterial forneça informações valiosas, ele possui algumas contraindicações. A punção arterial não deve ser realizada em locais com sinais flogísticos. Um Teste de Allen positivo indica comprometimento da circulação contralateral, o que também se aplica a casos de insuficiência ou doença vascular arterial periférica, como a arterite de pequenos e médios vasos.

Na atualidade, a PAI significa maior qualidade de assistência a beira leito, pois oferece a equipe multiprofissional parâmetros fidedignos e contínuos, essencial para a tomada de decisões. A punção arterial pode ser realizada pelo profissional médico, e no âmbito da enfermagem, é um procedimento privativo do enfermeiro, observadas as disposições legais da profissão.

Instalação da monitorização invasiva da pressão arterial

Para a instalação da PAI, utiliza-se:

  • monitor que tenha a função de monitorização invasiva;
  • bolsa pressurizadora;
  • frasco de solução fisiológica;
  • equipo macrogotas;
  • circuito de PAI;
  • transdutor para conectar à linha arterial;
  • cabo que irá do transdutor ao monitor;
  • clorexidina alcoólica;
  • gorro;
  • máscara;
  • régua com coluna d’água;
  • luva e gaze estéreis;
  • campos simples e fenestrado estéreis;
  • esparadrapo;
  • capote estéril;
  • kit estéril para antissepsia;
  • e jelco (16 a 20).

Antes da realização do procedimento, é necessário que se faça o Teste de Allen ou de barbeau para avaliação da circulação arterial. Após isso, indica-se que se faça a lavagem das mãos, e paramentação com máscara, gorro, capote estéril e luva estéril.

Após aberto o kit estéril, depositar os itens necessários para a antissepsia e punção, isolar a área com os campos estéreis e realizar antissepsia do local da punção. Depois, fazer a localização da artéria e inserir o cateter. Após o procedimento, deve-se conectar o equipo macrogotas já preenchido de solução fisiológica, com a bolsa pressurizadora já insuflada a 300 mmHg.

A leitura fidedigna da variável fisiológica depende da correta instalação, posicionamento do paciente e nivelamento do sistema. Na PAI, o sistema deve ser nivelado no eixo flebostático, com a utilização de uma régua de nível. O ponto é definido pela intersecção de uma linha vertical traçada a partir do quarto espaço intercostal, na borda direita ou esquerda do esterno, com uma linha horizontal traçada no ponto médio axilar. Esse ponto será nivelado com a dânula que fica acoplada com o transdutor.

No que tange a instalação da PAI, alguns fatores são essenciais para garantir a segurança do procedimento. A antissepsia das mãos e do local de inserção do cateter, sempre abrangendo uma maior área, não somente o local da inserção, aliado ao isolamento do sítio de inserção do cateter e aos cuidados diários com o sítio de inserção, são a garantia de um procedimento livre de infecções.

No que se refere aos termos legais que envolvem a PAI, a resolução COFEN Nº 390/2011 reflete sobre a realização da punção arterial tanto para fins de gasometria como para monitorização da PAI como um procedimento privativo do enfermeiro no âmbito da equipe de enfermagem, reforçando a importância do desenvolvimento de competências e habilidades que busquem garantir o rigor técnico-científico aos procedimentos (COFEN, 2011).

Cuidados de enfermagem com o paciente

  • Manter membro aquecido e em posição funcional;
  • Realizar curativo com inspeção da inserção;
  • Avaliar sistemática da perfusão do membro;
  • Observar presença de sangramento;
  • Remover o acesso o mais rápido possível após estabilização.

Cuidados de enfermagem com o sistema

  • Manter permeabilidade do cateter;
  • Realizar a troca da solução salina a cada 24 horas;
  • Trocar o sistema a cada 96 horas;
  • Flush e zeramento do sistema a cada medição ou a cada 2 horas;
  • Orientar equipe em relação ao cuidado com o dispositivo.

Realização de teste de fluxo ou lavagem do sistema

O sistema de lavagem do sistema deverá ser ativado em todos os casos de identificação de parâmetro não fidedigno no monitor. Deve-se atentar para a pressurização da bolsa (300 mmHg em adultos) após a realização do procedimento.

A avaliação criteriosa da curva de pressão e a compreensão da sua morfologia normal são elementos necessários para entender o funcionamento do sistema de monitorização e detectar alterações nas condições do cateter arterial e do sistema de zeragem. É igualmente importante entender os efeitos da fisiologia e do local de medição, pois estes fatores podem modificar a aparência morfológica da onda de pressão e interferir na sua interpretação.

A falta do ajuste ou o ajuste incorreto do zero hidrostático, assim como o nivelamento incorreto do transdutor arterial e inconformidades na bolsa pressurizada, são fontes de medições incorretas da PAI. Por isso, torna-se essencial a realização da técnica de medição correta a fim de evitar interpretações equivocadas sobre a condição clínica do paciente e o tratamento incorreto por falsos valores da PA.

Atenção quanto aos riscos

É importante atentar-se quanto a presença de ar dentro do sistema. Dentre as complicações possíveis estão a embolização arterial, obstrução do circuito e, consequentemente, isquemia distal. Dentre as consequências, está o risco de necrose e gangrena dos membros. Importante orientar a equipe e identificar a via corretamente para que se evite a administração de medicações

Os locais disponíveis para a colocação do cateter compreendem a artéria radial, braquial, femoral e axilar, sendo a artéria radial comumente mais utilizada, devido aos baixos índices de complicações e ao seu fácil acesso. Embora as taxas de complicações relacionadas a PAI sejam baixas, este método de avaliação da PA pode gerar respostas adversas, como isquemia, infecção, hemorragia e trombose.

Assim, é crucial que os profissionais que manuseiam este sistema possuam conhecimento suficiente sobre o que está executando, afim de minimizar erros e complicações ao paciente crítico, especialmente no ambiente de UTI, local onde mais se realiza este procedimento técnico e onde é imperativo o conhecimento adequado do profissional de enfermagem ao manusear este sistema de monitorização.

No que tange ao profissional enfermeiro intensivista, é indispensável o domínio da monitorização invasiva para a sua implementação. Isso inclui a avaliação completa do quadro geral do paciente e levantamento de possíveis empecilhos na instalação da mesma, bem como avaliação pós inserção, para que se identifique precocemente reações adversas ao procedimento.

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