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Sondas nasogástricas: técnicas e manejo da enfermagem

A sondagem nasogástrica (SNG) é um procedimento comum utilizado para diversas finalidades, incluindo suprir as necessidades nutricionais de pacientes que, embora impossibilitados de ingerir alimentos em quantidade suficiente, ainda conseguem absorver os nutrientes necessários. É um dispositivo comumente utilizado por pacientes que estão impossibilitados de receber alimento, medicação e água por via oral e nos casos em que há necessidade de identificação, drenagem e quantificação do conteúdo gástrico, tanto para fins de tratamento, quanto de diagnóstico.

Essa é a via de mais fácil acesso ao trato gastrointestinal. É a de menor custo e a que mais se aproxima do processo fisiológico, pois permite a atuação das enzimas digestivas habituais. É ideal para pacientes hospitalizados e criticamente doentes, com função gastrointestinal preservada e sem grandes riscos de aspiração e refluxo gastroesofágico.

A sondagem nasogástrica é uma técnica tradicional que exige habilidade e domínio do conhecimento para sua execução segura, pois a realização desse procedimento pode provocar algumas complicações. Dentre essas complicações, podem ocorrer danos, como traumas na inserção, perfuração esofágica e formação de pneumotórax. Também é possível a inserção traqueal com o deslocamento da sonda para os pulmões, promovendo alimentação intrapulmonar, o que pode resultar em pneumonia por aspiração e, consequentemente, óbito. Além disso, podem ocorrer lesões nasais e orofaríngeas, bem como estenose esofágica.

A confirmação do posicionamento da sonda é de extrema importância para a segurança do paciente e vários são os métodos realizados na prática clínica com esta finalidade. Evidências sugerem que a inserção “às cegas” da sonda à beira leito é um risco desnecessário para o paciente.

Ademais, profissionais de saúde, especialmente os da enfermagem, necessitam incorporar avanços tecnológicos que os auxiliem na confirmação do correto posicionamento da sonda. A ausculta abdominal e verificação do conteúdo do potencial hidrogeniônico (pH) gástrico aspirado são fundamentais, porém o método considerado padrão ouro é a radiografia.

De acordo com o
Decreto 94.406/87
, que regulamenta a lei do exercício da enfermagem, a instalaçãoda SNG é atribuição do enfermeiro. Além disso, é ele o profissional responsável pela escolha do método de fixação, monitoramento, manutenção e posterior retirada.

Nesse sentido, é importante que o enfermeiro desenvolva a sua prática baseada nas melhores evidencias, tanto durante a inserção quanto na manutenção.

Indicações

  • Via de escolha em pacientes que necessitem de aporte nutricional e possuem a função gástrica preservada;
  • Drenagem de conteúdo gástrico;
  • Realização de lavagem gástrica;
  • Administração de medicações ou alimentos.

Contraindicações

  • Casos de má formação ou obstrução do septo nasal;
  • Sangramentos gastroesofágicos;
  • Desconforto respiratório importante;
  • Pacientes com traumatismo crânio encefálico (utilizar apenas sonda orogástrica);
  • Má formação ou obstrução do trato gastrointestinal;
  • Hérnia de hiato importante;
  • Pancreatite;
  • Neoplasias de boca, faringe, esôfago ou estômago.

Manutenção e cuidados

  1. Deve-se verificar o posicionamento correto da sonda antes de iniciar qualquer infusão;
  2. Administrar a dieta em temperatura ambiente e não infundi-la rapidamente a fim de minimizar o risco de diarreia ou má absorção do alimento. Respeitar a orientação médica ou do nutricionista;
  3. Manter o paciente em posição sentada ou semisentada durante e após (20 a 30 minutos) o processo de administração da dieta para diminuir risco de aspiração;
  4. Antes de infundir a dieta, observar seu aspecto, detectando alterações como: presença de elementos estranhos, integridade do frasco, data de fabricação/manipulação, volume, fórmula e horário, confirmando estes dados na prescrição. A validade e manutenção da dieta devem seguir a orientação do fabricante;
  5. Ficar atento à fixação da sonda, alternando o local para não lesar a pele das narinas;
  6. Utilizar frascos de até 300 ml;
  7. Os medicamentos devem ser em forma líquida. Devendo-se então macerar e administrar separadamente cada droga;
  8. Lavar com 40 a 60 ml de água filtrada antes e após a administração de medicamentos ou fórmulas alimentares a fim de evitar a obstrução da sonda. No caso de haver mais de uma medicação no mesmo momento, deve-se infundir 10 ml de água entre uma aplicação e outra, sempre respeitando a demanda hídrica do paciente.
  9. Caso a sonda esteja sem fixação e retraída, nunca inserir novamente, devendo-se retirar toda a sonda e realizar nova passagem.

Técnica de sondagem nasogástrica

Material

  1. Sondas nasogástricas.
  2. Lubrificante hidrossolúvel.
  3. Aspirador, quando prescrito.
  4. Toalha, lenço de papel.
  5. Cuba rim.
  6. Copo de água.
  7. Esparadrapo hipoalergênico.

Procedimento

  • Explicar ao paciente o procedimento.
  • Colocar o paciente em posição de Fowler.
  • Solicitar ao paciente a respirar pela boca e engolir.
  • Remover próteses dentárias se necessário; colocar cuba rim e toalhas de papel ao alcance do paciente.
  • Selecionar o número da sonda de acordo com o diâmetro da narina do paciente.
  • Lavar as mãos e calçar as luvas descartáveis.
  • Medir a sonda: deve-se medir a distância do lóbulo da orelha até a ponta do nariz e, em seguida, até o apêndice xifoide, marcando a sonda nesse local.
  • Lubrificar a ponta da sonda com lidocaína geléia.
  • Solicitar ao paciente que permaneça com o queixo próximo ao peito, se necessário, auxiliá-lo.
  • Introduzir a sonda pela narina do paciente fazendo movimentos para cima e para trás.
  • Após a sonda passar pela orofaringe, solicitar ao paciente que faça movimento de deglutição.
  • Introduzir delicadamente a sonda até a marcação realizada anteriormente.
  • Comprovar localização da sonda pela injeção de ar (cerca de 20 ml no adulto e 5 a 10 ml na criança) realizando ausculta da região epigástrica, com objetivo de ouvir ruído brusco e borbulhante, também se pode confirmar o posicionamento da sonda aspirando-se o conteúdo gástrico.
  • Fechar a conexão da sonda.
  • Fixar a sonda no nariz ou maxilar do paciente.
  • Retirar as luvas.
  • Lavar as mãos.
  • Realizar anotação de enfermagem, assinar e carimbar.
  • Registrar o procedimento em planilha de produção e prontuário.
  • Manter a sala em ordem.

A explicação do procedimento para diminuir o desconforto e promover a cooperação é importante. O paciente deve ser informado sobre o desconforto nasal, náuseas e lacrimejamento que poderá sentir, além da forma como poderá cooperar com o procedimento por meio da respiração bucal e deglutição, o que facilitará o avanço da sonda. Dessa forma, a comunicação terapêutica deve estar presente nas interações diárias nas instituições de saúde, garantindo uma assistência integral.

As formas de alimentação por sonda são divididas, de acordo com a origem do preparo em artesanais ou industriais. As nutrições artesanais são produzidas em casa com os alimentos na sua forma natural, liquidificados e coados. É necessário seguir a dieta orientada pelo nutricionista a fim de proporcionar alimentação equilibrada e que respeite as necessidades nutricionais do paciente. É importante salientar que medidas de higiene como lavagem das mãos e alimentos deve ser rigorosamente realizada a fim de evitar contaminações.

A dieta industrializada vem pronta, contendo todos os nutrientes necessários. Esta pode ser vendida em pó, devendo, nesse caso, ser misturada com água para administração, ou sob a forma líquida, que já vem pronta para uso.

A infusão do alimento pode ser de forma contínua ou intermitente. A administração contínua utiliza bomba alimentar externa para regular o fluxo da fórmula, possibilitando a introdução gradual da alimentação no trato gastrointestinal e promovendo a máxima absorção. No entanto, esse tipo de administração pode causar refluxo e aspiração.

Outra forma de aplicação seria a administração intermitente, na qual a alimentação é infundida em intervalos regulares através da gravidade. Quando administrada na forma intermitente, é importante injetar água destilada ou filtrada pela sonda após cada alimentação para evitar que resíduos alimentares cristalizem no interior da sonda e a obstruam.

Percebe-se, então, que não apenas a inserção da sonda nasogástrica, mas também o cuidado na manutenção e em cada infusão, bem como a retirada da sonda, são responsabilidades do enfermeiro. Portanto, é crucial conhecer todo o procedimento e registrar todas as informações no prontuário para evitar eventos adversos.