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Supervisão em psicologia: o que é, pra quem e como funciona

A prática supervisionada em Psicologia
 

O processo de supervisão em psicologia clínica de maneira bem geral pode ser descrito como um espaço de oferecimento de suporte teórico, suporte técnico e suporte ético de modo que possa promover o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao profissional que realiza atendimento clínico.   

O processo de supervisão clínica torna-se extremamente necessário tanto para o aluno ainda na graduação quanto para o aluno de pós-graduação e também para o profissional já formado que realizada atendimentos clínicos em seu consultório particular (Gliden, et a., 2023; Vieira et al., 2023; Milne & Reiser, 2017; Milne et al., 2010; Milne 2008; Milne & Dunkerley, 2010; Rakovshik et al., 2016).  

Como funciona o processo de supervisão em psicologia
 

O modelo de supervisão tradicional em psicologia clínica trabalha da seguinte forma: o supervisionando descreve o relato de casos para o supervisor, durante um processo de supervisão e faz perguntas relativas às suas dúvidas acerca daquele caso e o supervisor, especialista na área tenta sanar as dúvidas e guiar o aluno no sentido de aprimorar os conhecimentos acerca do caso e da teoria envolvida.  

Já o modelo de supervisão baseado em competências pressupõe que haja uma supervisão totalmente guiada pela avaliação das competências do supervisionando. Esse modelo de supervisão, pressupõe inclusive que um breve relato do caso seja enviado antes da supervisão ao supervisor para que deste modo, a supervisão possa ser guiada por dúvidas e por práticas experienciais.  

Algumas práticas pressupõem também que as sessões de supervisão sejam gravadas para que possam ser reavaliadas e aplicadas medidas de avaliação objetivas sobre a supervisão dada, por exemplo (Milne & Reiser, 2017; Milne et al., 2010; Milne 2008; Milne & Dunkerley, 2010; Rakovshik et al., 2016). 

Existem algumas ferramentas disponíveis para essa avaliação objetiva das competências. Uma escala muito famosa e difundida na literatura é a
Cognitive Therapy Rating Scale”
(CTRS) (Young & Beck, 1980). Essa escala visa avaliar em uma escala likert de 6 pontos (variando de 0 como ruim até 6 como sendo excelente), as principais competências do psicoterapeuta, a saber: 

  • a-) habilidade de propor agenda da sessão, sabendo definir uma agenda apropriada para o tempo disponível e suas prioridades; 
  • b-) habilidade de dar feedback, tantos verbais quando não verbais, verificando a compreensão do paciente ou resumindo os pontos abordados em sessão; 
  • c-) habilidade de compreensão, sendo eficaz em comunicar a compreensão entendida pelo terapeuta ao paciente; 
  • d-) habilidade de efetividade interpessoal, demostrando acolhimento, preocupação, autoconfiança, genuinidade na sessão; 
  • e-) habilidade de colaboração, na qual o terapeuta encoraja o paciente a participar ativamente da sessão; 
  • f-) habilidade de uso eficiente do tempo, pressupõe um uso eficaz do tempo de sessão; 
  • g-) habilidade de descoberta guiada, utilizando o questionamento socrático de modo eficaz e conduzindo o paciente a descobertas guiadas, deixando o paciente chegar em suas próprias conclusões; 
  • h-) habilidade de das foco em cognições e comportamentos chave, oferecendo maiores chance de progresso; 
  • i-) habilidade de estratégia para mudança, uso eficaz de estratégias para mudanças; 
  • j-) habilidade de aplicação de técnicas cognitivo-comportamentais durante a sessão; 
  • k-) habilidade de aplicação do plano de ação da semana de maneira cuidadosa com o objetivo de incorporar novas perspectivas. 

A supervisão por competências também pressupõe que supervisor e supervisionando andem juntos nesse processo de supervisão e desse modo é também recomendado que sejam avaliadas as competências do supervisor e até mesmo realizar metasupervisão, que é a prática da supervisão sobre a supervisão feita ou ainda que essa supervisão seja avaliada por uma terceira pessoal e/ou um supervisor externo, seja por meio da gravação das supervisões ministradas e/ou participação da sessão de supervisão  (Milne & Reiser, 2017; Milne et al., 2010; Milne 2008; Milne & Dunkerley, 2010). 

Avaliar competências do terapeuta cognitivo comportamental em estágio iniciante ou até mesmo avançado é essencial para garantir progressos e ganhos no ensino e aprendizagem dessa habilidade, além de garantir um retorno do um trabalho clínico de excelência.

O estudo sobre a formação e supervisão de psicoterapeutas cognitivo-comportamental (TCC) tem sido investigado pela literatura científica, com o objetivo não só de aprimorar o atendimento oferecido como também de oferecer o melhor tratamento possível ao paciente e que este seja baseado em evidências, ou seja, que outros psicoterapeutas que também utilizem determinado método de maneira sistemática, consiga reproduzir e frente a isso algumas barreiras surgem no caminho, e uma delas pode estar relacionada a formação e supervisão dos psicoterapeutas (Barletta et al., 2012; Velasquez, Thomé & Oliveira, 2015; Scotton, Barletta e Neufeld, 2021). 

Existem inúmeras ferramentas objetivas disponíveis para essa avaliação, e gostaria de destacar uma dessas escalas que é a Escala
Supervision: Adherence & Guidance Evaluation’ (SAGE) Instrument
, a qual foi proposta originalmente no idioma inglês por Reiser, Cliffe & Milne (2017), e objetiva mensurar tanto se o terapeuta segue uma estrutura na supervisão quando o mensura o processo de supervisão em sí, avaliando o impacto da supervisão na aprendizagem do supervisionando, focando no processo de supervisão formativa.

Existem duas versões da escala uma longa e composta por 23 itens e uma versão curta composta por 14 itens, ambas as escalas são avaliadas com base em uma escala likert de 0 a 6 pontos (supervisor não competente até supervisor expert). Na versão curta do instrumento, os dez primeiros itens avaliam a adesão, ou seja, avaliam se o supervisor está realizando a supervisão conforme os itens básicos e necessários para uma condução de excelência (liderança, estabelecimento de agenda, formulação, questionamento, realiza solicitações e oferece dicas, demonstra competência de modelagem, ensina e discute, facilita aprendizagem experiencial, oferece e pede feedback aos supervisionados) e os quatro últimos itens se referem ao efeito da supervisão no supervisionado (capacidade de refletir, capacidade de conceitualizar, capacidade de planejar e experienciar autoconsciência).  

Em suma, para proporcionar um processo de supervisão baseado em evidências e que garanta o alcance dos objetivos de aprendizagem voltados aos conhecimentos, habilidades e atitudes gerais e específicas que tanto o supervisionando quanto o supervisor precisa praticar em cada sessão de supervisão clínica, é possível garantir mais ganhos na sessão de supervisão.  

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Como citar este artigo:
Donadon, M. F., Lobo, B. O. M., & Neufeld, C. B. (2024, 15 jul). Supervisão em Psicologia: o que é, pra quem e como funciona. Artmed.

Autoras

  • Mariana Fortunata Donadon
     

Possui Graduação em Psicologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP- USP); Licenciatura em Psicologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP- USP); É Bacharela em Psicologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP- USP); Possui Bacharelado Especial em Pesquisa em Psicologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP- USP). Fez Mestrado em Saúde Mental pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto na Universidade de São Paulo (USP); Doutorado em Saúde Menta pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto na Universidade de São Paulo (USP). É Especialista em Clínica com enfoque em Psicoterapia Cognitivo comportamental pelo Centro de Terapias Cognitivas para atendimento de crianças, adolescentes e adultos (CTC-VEDA). Possui certificação internacional em Psicoterapia cognitivo comportamental (União Europeia - DGERT internacional); É Membra da Comissão de Artigos Científicos do Centro de Terapias Cognitivas de Ribeirão Preto (CTC VEDA). É Professora conteudista de material didático e instrucional para o curso de Psicologia do Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto. Atualmente é Psicóloga clínica com enfoque de atendimento em crianças, adolescentes e adultos e docente de cursos Pós-Graduação em Psicologia na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), no Centro de Terapias Cognitivas (CTC VEDA), Faculdade Psicologia (FAPSI) a qual atua como supervisora clínica e no Centro Universitário Unifafibe. É autora de inúmeros livros na área da saúde mental e psicoterapia cognitivo comportamental. Atua principalmente nos seguintes linhas de pesquisa: Instrumentos de avaliação em saúde mental; psicopatologia; saúde mental; avaliação psicológica; psicoterapia cognitivo comportamental; tradução e adaptação de escalas de avaliação em saúde mental; supervisão de estágios e Psicologia Clínica. É Terapeuta associada à Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC) e a Associação de Ensino e Supervisão Baseados em Evidências (AESBE). Psicóloga associada à Associação de Psicologia Americana (APA). Atua em clínica particular como Terapeuta Cognitivo-Comportamental atendendo crianças, adolescentes e adultos.  

  • Beatriz de Oliveira Meneguelo Lobo
     

Psicóloga e Mestra em Psicologia (área de concentração Cognição Humana) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Doutoranda em Psicologia em Saúde e Desenvolvimento pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP), com bolsa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais e com Formação em Terapia do Esquema. Pesquisadora e Supervisora no Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental - LaPICC-USP da Universidade de São Paulo (USP). 

SOBRE A EDITORA-CHEFE

Carmem Beatriz Neufeld:
 Psicóloga. Pós-Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenadora do Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental – LaPICC-USP. Professora Associada do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – USP. Presidente da Associação Latino-Americana de Psicoterapias Cognitivas - ALAPCO (2019-2022). Presidente da Associação de Ensino e Supervisão Baseados em Evidências - AESBE (2020-2023).