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Consulta de puericultura pela enfermagem: etapas e cuidados

A Enfermagem consolidou-se por meio da Consulta de Enfermagem (CE), especialmente quando esta se tornou obrigatória em todos os níveis de assistência à saúde, conforme estabelecido pela Resolução nº 159/COFEN. Esse processo fortaleceu a profissão cientificamente. A CE integra o conjunto de tecnologias voltadas para o cuidado, sendo uma assistência individual que une o conhecimento científico e empírico, promovendo estratégias de cuidado baseadas na prevenção e promoção da saúde.

Dentre as aplicações da CE,
destaca-se seu papel na puericultura, cujo objetivo é potencializar o desenvolvimento infantil desde a vida intrauterina
. A consulta de puericultura é uma ferramenta essencial para garantir a saúde dos infantes, reunindo procedimentos que proporcionam um cuidado integral. Seu propósito é
acompanhar de forma regular e sistemática o crescimento, desenvolvimento, imunização, aleitamento materno, alimentação e prevenção de acidentes
.

A puericultura é uma especialidade da pediatria voltada à promoção e proteção da saúde de crianças e adolescentes, do nascimento aos 19 anos. No Sistema Único de Saúde (SUS), é ofertada nas Unidades Básicas de Saúde e Clínicas da Família. Na rede privada, é de cobertura obrigatória pelos planos de saúde.

Segundo o Ministério da Saúde (2009), a infância é um período fundamental para o desenvolvimento das habilidades e potencialidades do indivíduo. No âmbito da Estratégia de Saúde da Família, foi criado um programa de puericultura que segue um calendário de consultas preconizado pelo Ministério da Saúde. Esse protocolo abrange crianças de 0 a 6 anos e recomenda pelo menos sete consultas no primeiro ano de vida, duas no segundo ano e uma consulta anual a partir do terceiro ano até os seis anos completos.

O cronograma das consultas é distribuído da seguinte forma:

  • No primeiro ano de vida: sete consultas de rotina, nos seguintes meses: 1ª semana, 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês;
  • No segundo ano de vida: duas consultas de rotina, nos meses 18 e 24;
  • A partir do terceiro ano de vida: consultas anuais, próximas ao mês de aniversário.

Todas as informações coletadas durante as consultas devem ser registradas na Caderneta de Saúde da Criança, incluindo avaliação do peso, altura, desenvolvimento, vacinação e intercorrências. Também devem ser registradas informações sobre estado nutricional, orientações à família/cuidador sobre alimentação, higiene, vacinação e estimulação. Além disso, é fundamental que a equipe de saúde esteja preparada para identificar fatores de risco, realizar busca ativa de crianças faltosas, acompanhar a situação vacinal e monitorar crianças hospitalizadas.

Primeira consulta

A primeira consulta deve ocorrer na primeira semana de vida do bebê, um momento essencial para orientar e apoiar a família em relação ao aleitamento materno exclusivo, esclarecer dúvidas, realizar imunizações e verificar a realização da triagem neonatal (teste do pezinho). Além disso, essa consulta permite identificar possíveis riscos e vulnerabilidades, avaliar a saúde da puérpera e reforçar a rede de apoio familiar. Também é fundamental revisar a Caderneta de Saúde da Criança para garantir que todas as informações e exames necessários estejam atualizados.

Anamnese

A avaliação inicial deve incluir:

  • Histórico do nascimento:
    Tipo de parto, local, peso ao nascer, idade gestacional, índice de Apgar e possíveis intercorrências clínicas durante a gestação, o parto ou o período neonatal.
  • Antecedentes familiares:
    Condições de saúde dos pais e irmãos, histórico de gestações anteriores e número de irmãos.

Exame físico completo

O exame físico deve abranger os seguintes aspectos:

  • Medidas antropométricas:
    peso, comprimento e perímetro cefálico.
  • Desenvolvimento social e psicoafetivo:
    observação da interação mãe-bebê.
  • Estado geral:
    postura, nível de vigília, diurese, sinais de desidratação e letargia.
  • Cabeça e face:
    assimetrias, malformações, aparência sindrômica, edema, icterícia e avaliação da fontanela.
  • Olhos:
    reflexo fotomotor, teste do reflexo vermelho e presença de estrabismo.
  • Orelhas e audição:
    inspeção anatômica e testes auditivos.
  • Nariz, boca e pescoço:
    avaliação de possíveis malformações ou alterações.
  • Tórax e abdome:
    inspeção e palpação para identificar anormalidades.
  • Genitália e ânus:
    verificação de anomalias congênitas.
  • Sistema osteoarticular:
    avaliação da mobilidade, resistência dos membros e possíveis anormalidades, como pé torto (posicional ou congênito grave).
  • Coluna vertebral:
    investigação de deformidades congênitas.
  • Avaliação neurológica:
    reflexos primitivos (sucção, preensão palmar e plantar, reflexo de Moro).

Avaliações e orientações

  • Identificação de situações de vulnerabilidade
    e orientação sobre sinais de alerta em bebês com menos de 2 meses, destacando quando buscar atendimento de emergência.
  • Promoção e apoio ao aleitamento materno exclusivo
    , auxiliando na pega correta e observando a eficácia da sucção.
  • Cuidados gerais:
    Importância da lavagem das mãos por todos que têm contato com o bebê, orientações sobre o banho e os cuidados com o coto umbilical (que deve cair até as duas primeiras semanas de vida).
  • Prevenção de acidentes
    no ambiente domiciliar.

Teste do pezinho

O teste deve ser realizado a partir do 3º dia de vida, quando a ingestão de proteínas já está estabelecida, permitindo uma análise mais precisa do metabolismo da fenilalanina e reduzindo o risco de falsos negativos para fenilcetonúria.

Imunizações

Verifique se o recém-nascido recebeu a
1ª dose da vacina contra hepatite B e a BCG
na maternidade. Caso contrário, encaminhe para aplicação na unidade de saúde.

Acompanhamento e próximas consultas

Oriente a família sobre o retorno do bebê para uma nova consulta ao completar 30 dias de vida. Ajuste a periodicidade dos atendimentos conforme os critérios de risco e o calendário recomendado para o acompanhamento infantil.

Consultas subsequentes

A cada consulta, realiza-se nova anamnese, exame físico completo, monitoramento antropométrico, rastreamento para displasia evolutiva do quadril, avaliação da visão e audição, orientação sobre hábitos alimentares e esclarecimento de dúvidas da família.

Por meio da Consulta de Enfermagem em puericultura, o enfermeiro exerce a vigilância do crescimento e desenvolvimento infantil, promovendo a saúde e prevenindo doenças. Essa consulta representa um momento valioso para construir vínculos, trocar saberes, realizar educação em saúde e orientar a família, auxiliando no cuidado cotidiano e na maximização das potencialidades da criança.