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Escalas TDAH: quais são e como utilizar

A utilização de escalas para rastreio de sintomas é uma prática comumente adotada em contextos clínicos e educacionais. O objetivo é identificar precocemente sinais de condições como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou outros aspectos de saúde mental, captando informações relevantes de forma rápida e eficaz (Benczik, 2018).

No contexto do TDAH, as escalas visam avaliar e discriminar comportamentos associados aos principais sintomas, como desatenção, hiperatividade, impulsividade, entre outras disfunções executivas e prejuízos em aspectos emocionais relacionados ao transtorno (American Psychiatric Association [APA], 2023). 

Quais são as escalas disponíveis para rastreio de TDAH?
 

Entre as escalas mais conhecidas estão as escalas: 

  • A
    SNAP- IV – Rating Scale Teacher and Parent:
    validada para uso no Brasil, pode ser preenchida por pais, cuidadores e professores de crianças e adolescentes com suspeitas de TDAH.  
  • A
    Escala de Autoavaliação de Sintomas de TDAH em Adultos (ASRS):
    validada para o Brasil, (Mattos et. al., 2006) é uma ferramenta amplamente utilizada que oferece um processo de triagem rápido para TDAH em adultos.  
  • As
    Escalas de Avaliação de TDAH em Adultos de Conners (CAARS):
    foi desenvolvida para identificar sintomas e comportamentos associados ao TDAH em adultos. 
  • Wender Reimherr Adult AttentionDeficit Disorder Scale 
    (WRAADDS):
    baseada nos critérios de Wender-Utah, é utilizada para auxiliar na investigação do diagnóstico de TDAH em adultos. 
  • ETDAH- PAIS (
    Escala de Avaliação de Comportamentos Infantojuvenis no Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade em ambiente familiar): versão para pais (Benczik, 2018), foi desenvolvida para avaliar os comportamentos em crianças e adolescentes em ambiente familiar. O instrumento pode ser preenchido pelos pais na tentativa de avaliar possíveis prejuízos de atenção, hiperatividade e impulsividade, dificuldades emocionais e comportamentais, assim como a intensidade do prejuízo existente (moderado e grave). 
  • ETDAH Criad
    (
    Escala de Autoavaliação do TDAH – Versão para Crianças e Adolescentes) (Benczik, 2018): foi desenvolvida como um autorrelato que a própria criança (ou adolescente) responde, fornecendo informações sobre sua compreensão dos possíveis prejuízos de atenção e hiperatividade/impulsividade. Além disso, fornece uma indicação sobre a intensidade desses prejuízos, classificando-os como moderados ou graves. 
  • ETDAH- AD (
    Escala de Transtorno do Déficit de atenção e Hiperatividade) (Benczik, 2013): auxilia no processo diagnóstico do TDAH em adolescentes e adultos, com a possibilidade de distinguir a apresentação do transtorno, a intensidade e o nível de prejuízo existente (leve, moderado ou grave). 
  • Escala de Avaliação de Disfunções Executivas de Barkley (BDEFS):
    avalia os possíveis déficits das Funções Executivas (FE) nas atividades do cotidiano em adultos. As funções avaliadas nesta escala são: Gerenciamento de tempo; Organização e resolução de problemas; Autocontrole; Automotivação e Autorregulação de emoções. A escala também permite correlacionar as respostas do examinando com o TDAH. 

Como as escalas devem ser utilizadas?
 

Atualmente, diversas escalas são utilizadas para auxiliar no levantamento de informações para o diagnóstico de TDAH; entretanto, é recomendável que seu uso seja restrito a profissionais com competência adequada para a aplicação. A utilização de escalas não substitui a avaliação clínica, sendo importante ressaltar sua função como uma ferramenta de triagem preliminar.

Além disso, a maioria dos instrumentos não são gratuitos e requerem treinamento para administração e interpretação adequada. A utilização de instrumentos de rastreio parte do princípio de que profissionais da saúde e da educação possuem o treinamento necessário para interpretar corretamente os resultados e tomar decisões clínicas ou educacionais informadas (Benczik, 2018). 

Somente um profissional com a formação necessária pode avaliar a necessidade de utilizar o instrumento, pois o uso indiscriminado de testes pela população em geral e a autoaplicação podem prejudicar a avaliação diagnóstica, já que o contato prévio com os instrumentos pode gerar vieses nas respostas.

É importante ressaltar que, se o paciente já teve algum tipo de contato com o instrumento, é recomendado esperar um período apropriado antes de reaplicá-lo, garantindo que isso seja feito em condições adequadas e com o devido acompanhamento profissional.  

Outro ponto fundamental é que os resultados das escalas, isoladamente, não são suficientes para um diagnóstico conclusivo (Benczik, 2018). Assim, o uso indevido do instrumento (quando aplicado de forma isolada ou sem real necessidade) e situações de autoaplicação, não só pode gerar um viés de resposta por parte do paciente, como também pode levar a impressões erradas sobre o caso.

Um diagnóstico seguro deve incluir uma avaliação neuropsicológica abrangente (a ser realizada com um neuropsicólogo), juntamente a avaliação médica, em um processo que inclua a análise de diferentes funções cognitivas, história clínica e de vida, desenvolvimento acadêmico, relato de outros informantes, de aspectos emocionais e de personalidade, além de investigações sobre o nível de prejuízo, frequência e intensidade das queixas apresentadas (Fuentes et. al., 2014). 

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Como citar este artigo:
Wada e Pucci, I., Lobo, B. O. M., & Neufeld, C. B. (2024, 27 jul). Escalas TDAH: quais são e como utilizar. Artmed.

Autoras 

  • Isabella Wada e Pucci 
     

Doutoranda e Mestre em Psicobiologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto- FFCLRP-USP. Especialista em Neuropsicologia pela Universidade São Franscisco-USF. Formação em Terapia do Esquema pela Wainer Psicologia Cognitiva e pelo NYC Institute for Schema Therapy. Especializanda em Terapia Cognitivo Comportamental pela PUC-PR. Formação em supervisão de terapeutas Cognitivo Comportamentais (TCC) na modalidade individual e em grupal pelo LaPICC-USP (2022). Graduada em Psicologia pelo Centro Universitário Barão de Mauá- RP- SP e intercâmbio acadêmico na Universidade do Porto- PT. Atualmente é pesquisadora e integrante do Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental (LaPICC-USP) e do Laboratório de Neusopsicofarmacologia das doenças Neurodegenerativas (LNDN-USP). Também atua com Psicologia Clínica em Avaliação Neuropsicológica e Psicoterapia na abordagem da Terapia do Esquema, na cidade de Ribeirão Preto, SP.  

  • Beatriz de Oliveira Meneguelo Lobo
     

Psicóloga e Mestra em Psicologia (área de concentração Cognição Humana) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Doutoranda em Psicologia em Saúde e Desenvolvimento pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP), com bolsa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais e com Formação em Terapia do Esquema. Pesquisadora e Supervisora no Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental - LaPICC-USP da Universidade de São Paulo (USP). 

 
SOBRE A EDITORA-CHEFE

Carmem Beatriz Neufeld:
 Psicóloga. Pós-Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenadora do Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental – LaPICC-USP. Professora Associada do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – USP. Presidente da Associação Latino-Americana de Psicoterapias Cognitivas - ALAPCO (2019-2022). Presidente da Associação de Ensino e Supervisão Baseados em Evidências - AESBE (2020-2023).