Expansão pulmonar em neonatos e crianças: estratégias de manejo fisioterapêutico
A expansão pulmonar em neonatos e crianças é fundamental para assegurar uma ventilação alveolar eficaz, otimizar as trocas gasosas e prevenir complicações respiratórias, como a atelectasia.
Técnicas de fisioterapia respiratória, como a hiperinsuflação manual (HM) associada a manobras torácicas e drenagem postural, são empregadas para aumentar o volume inspirado e a pressão positiva inspiratória (PPI), promovendo o recuo elástico pulmonar e facilitando a mobilização de secreções ao longo do trato respiratório.
O manejo adequado das vias aéreas em neonatos é igualmente importante, devido às particularidades anatômicas e fisiológicas dessa faixa etária, que tornam o procedimento desafiador. A preparação cuidadosa dos equipamentos de via aérea antes da intubação é essencial, considerando o curto tempo de apneia e a rápida dessaturação observados em neonatos. Diferenças anatômicas, como a proporção maior do crânio em relação ao corpo e a língua relativamente grande em comparação com a cavidade oral, podem dificultar o alinhamento dos eixos laríngeo, faríngeo e oral durante a intubação orotraqueal.
Além disso, neonatos apresentam volumes pulmonares desproporcionalmente menores em relação ao tamanho corporal e à taxa metabólica, resultando em maior demanda ventilatória por unidade de volume pulmonar e aumento da frequência respiratória para atender a essas demandas. Essas características fisiológicas aumentam a suscetibilidade a episódios de apneia e hipoxemia durante procedimentos de manejo das vias aéreas.
Portanto, a expansão pulmonar adequada e o manejo preciso das vias aéreas em neonatos e crianças são essenciais para garantir uma ventilação eficaz, prevenir complicações respiratórias e promover a recuperação e o bem-estar dos pacientes pediátricos.
Técnicas de expansão pulmonar usadas na fisioterapia
Dentre as técnicas empregadas, destacam-se as manobras de insuflação manual, a ventilação não invasiva (VNI) e o
Continuous Positive Airway Pressure
(CPAP). As manobras de insuflação manual envolvem a aplicação de volumes controlados de ar nos pulmões, facilitando a reexpansão alveolar e a mobilização de secreções.
Ventilação não invasiva (VNI)
A VNI utiliza dispositivos como máscaras nasais ou faciais para fornecer suporte ventilatório sem a necessidade de intubação traqueal, sendo eficaz na redução do trabalho respiratório e na melhora da troca gasosa.
Continuous Positive Airway Pressure (CPAP)
O CPAP, por sua vez, mantém uma pressão positiva contínua nas vias aéreas durante todo o ciclo respiratório, prevenindo o colapso alveolar e melhorando a oxigenação.
A mobilização torácica e os exercícios de respiração assistida são componentes essenciais da fisioterapia respiratória em neonatos. Essas intervenções incluem técnicas como a percussão torácica, vibração e drenagem postural, que auxiliam na mobilização de secreções e na melhoria da complacência pulmonar.
Os exercícios de respiração assistida, por sua vez, visam estimular a musculatura respiratória e promover padrões respiratórios mais eficazes, contribuindo para a reexpansão pulmonar e a prevenção de complicações respiratórias.
Cuidados em neonatos críticos e ventilação mecânica
Em neonatos críticos submetidos à ventilação mecânica, os cuidados devem ser individualizados, considerando as particularidades anatômicas e fisiológicas dessa população. A monitorização contínua dos parâmetros ventilatórios e hemodinâmicos é crucial para ajustar as intervenções terapêuticas conforme necessário.
Além disso, a utilização de modalidades ventilatórias menos invasivas, quando possível, pode reduzir o risco de lesão pulmonar associada à ventilação mecânica. Abordagens específicas para neonatos em ventilação mecânica incluem a utilização de ventilação de alta frequência, que permite a manutenção de volumes correntes baixos e pressões de vias aéreas médias elevadas, promovendo a reexpansão alveolar com menor risco de barotrauma.
A administração de surfactante exógeno também é uma estratégia utilizada para melhorar a complacência pulmonar e facilitar a reexpansão alveolar em neonatos com síndrome do desconforto respiratório.
Conclusão
Em conclusão, a aplicação de técnicas de expansão pulmonar em neonatos e crianças internadas em UTI neonatal é importante para otimizar a função respiratória e prevenir complicações associadas à ventilação mecânica.
A individualização das intervenções, baseada nas necessidades específicas de cada paciente, aliada à monitorização contínua, é fundamental para o sucesso terapêutico. A integração de diferentes modalidades terapêuticas, como manobras de insuflação, VNI, CPAP, mobilização torácica e administração de surfactante, contribui para a melhoria dos desfechos clínicos nessa população vulnerável.