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Jean Piaget: quem foi, teorias e a psicologia do desenvolvimento

Jean Piaget é considerado um dos principais pensadores do século XX.  Nascido em 1896, na Suíça, Piaget estudou biologia, filosofia e psicologia. Ele é conhecido especialmente por suas teorias sobre o desenvolvimento cognitivo infantil e a epistemologia genética. Sua obra é vasta e foi traduzida para o português. Recebeu diversos prêmios e reconhecimentos por sua valiosa contribuição, faleceu em 16 de setembro de 1980, deixando um legado duradouro na psicologia, educação e filosofia.  

Principais contribuições de Jean Piaget

Jean Piaget enfocou seus estudos no desenvolvimento cognitivo do ser humano, buscou compreender como o conhecimento é construído. Sua teoria se baseia na ideia de que “[...] a evolução do conhecimento é um processo contínuo, construído a partir da interação ativa do sujeito com o meio (físico e social)” (Nunes & Silveira, 2015, p. 42). A teoria de Piaget defende que a interação social é fundamental para que o sujeito construa seu conhecimento. Afirma que “[...] a inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo em função de interações sociais que são, em geral, demasiadamente negligenciadas.” (Piaget, 1973).  La Taille, Oliveira & Dantas (1992) acrescentam que “Para Piaget, o “ser social” de mais alto nível é justamente aquele que consegue relacionar-se com seus semelhantes de forma equilibrada”. 

Na teoria de Piaget, existem alguns fatores em permanente interação e que influenciam diretamente o desenvolvimento humano, dentre eles: a hereditariedade, a maturação neurofisiológica e o meio físico e social. Aponta que a maturação neurofisiológica é fundamental para o desenvolvimento intelectual pois é ela que aponta as habilidades necessárias para dominar novos conhecimentos, como a capacidade de falar ou andar, por exemplo. De acordo com as funções cognitivas adquiridas, a criança vai possuindo um crescimento orgânico e passa pelas fases de desenvolvimento, avançando ou não conforme a maturação neurofisiológica (Bock, Furtado, & Teixeira, 2001). 

Teoria do Desenvolvimento Cognitivo
 

É uma das teorias mais influentes no campo da psicologia. Piaget propôs que as crianças passam por quatro estágios de desenvolvimento cognitivo, caracterizados por mudanças qualitativas na forma de pensar e entender o mundo. Os estágios se sucedem com o aparecimento de novas qualidades do pensamento. Cada estágio é marcado por aquilo que de melhor o indivíduo consegue fazer nessas faixas etárias. De acordo com a obra de Piaget, todos os indivíduos passam por todos esses estágios em sequência, mas o início e o término de cada um deles depende das características biológicas do indivíduo, e de fatores sociais e educacionais. A divisão nessas faixas etárias é uma referência, e não uma norma rígida (Bock et al., 2001). Os estágios são divididos em: 

  • 1. Sensório-Motor (0-2 anos):
    a criança conhece o mundo através das percepções e dos movimentos. A criança adquire um domínio maior do ambiente a partir do desenvolvimento físico.  
  • 2. Pré-Operacional (2-7 anos):
    aparecimento da linguagem e do pensamento. Ocorre o desenvolvimento da função simbólica, a criança passa a ter a capacidade de substituir um objeto ou acontecimento por uma representação. Possui características egocêntricas e é centrada em si mesma, não conseguindo se colocar no lugar do outro.  
  • 3. Operações Concretas (7-11 anos):
    Desenvolvimento do pensamento lógico, assim como da reversibilidade e da descentração. A criança consegue perceber pontos de vistas diferentes, surge o domínio das operações e noções de conservação (matéria, peso, volume) e a capacidade de fazer seriação e classificação. 
  • 4. Operações Formais (11 anos em diante)
    :
    as estruturas cognitivas alcançam o nível mais elevado de desenvolvimento, então ocorre o desenvolvimento do pensamento lógico, formal e abstrato. É capaz de resolver problemas abstratos e de tirar conclusões de hipóteses. Desenvolve o pensamento hipotético, dedutivo, capacidade de abstração, deduz e induz de modo sistemático e organizado. 

Em cada estágio aparecem estruturas mentais (esquemas) originais e diferentes, porém interrelacionadas com as anteriores. Os esquemas são padrões de pensamento, comportamento ou ação que são repetidos e adaptados às novas situações. Adquirir um novo conhecimento implica na reorganização de estruturas mentais já existentes, este processo de desenvolvimento envolve a interpretação e reconstrução da realidade. É um movimento que busca sempre alcançar um estado de equilíbrio, havendo uma tendência a uma adaptação cada vez maior à realidade. Este processo foi chamado por Piaget de equilibração.  

A inteligência é entendida por Piaget como uma adaptação do indivíduo e das suas estruturas cognitivas ao meio. A adaptação é um equilíbrio entre o sujeito e o meio através dos processos de assimilação e acomodação. A assimilação é o processo cognitivo pelo qual o sujeito compreende uma nova informação com base nos conhecimentos que já possui. A acomodação acontece quando o sujeito não consegue assimilar uma nova informação e diante disso, modifica suas estruturas mentais. Após a mudança causada pela acomodação, o sujeito consegue se adaptar aquela nova informação. (Nunes & Silveira ,2015).

Contribuições de Piaget para a Psicologia do Desenvolvimento e Educação
 

Piaget utilizou e destacou a importância da abordagem descritiva para estudar o desenvolvimento, enfatizando a observação e descrição dos comportamentos. Seu legado ainda influencia a Psicologia do Desenvolvimento, trouxe contribuições para a Educação, inspirou teorias posteriores, além do reconhecimento como um dos principais psicólogos do desenvolvimento. 

As principais contribuições de Piaget estão focadas, como citado anteriormente, nos Estágios de Desenvolvimento Cognitivo e na defesa que o conhecimento é construído ativamente pela criança, por meio de experiências e interações com o ambiente. Destacou a importância do desenvolvimento cognitivo na infância e adolescência.  

As contribuições de sua teoria também influenciaram a educação através: da aprendizagem por descoberta; no foco no desenvolvimento cognitivo; pelo uso de materiais e recursos educacionais específicos; e na Abordagem Construtivista. Piaget inspirou mudanças na abordagem educacional, enfatizando a importância da aprendizagem ativa e da resolução de problemas.  

Conclusão

De forma resumida, podemos dizer que Piaget introduziu conceitos-chave em sua teoria: "esquemas" (estruturas mentais que organizam o conhecimento); “desequilíbrio” (situação que estimula a aprendizagem e o desenvolvimento); e “abstração” (processo de extrair conceitos gerais de experiências específicas). Identificou três processos fundamentais para o desenvolvimento cognitivo: "acomodação" (adaptação dos esquemas à nova informação); “assimilação” (integração da nova informação aos esquemas existentes) e “equilibração” (processo de ajuste entre os esquemas e a realidade). 

Outra contribuição importante é a defesa que o conhecimento é construído ativamente pela criança, por meio de experiências e interações com o ambiente. A aprendizagem ocorre por descoberta, ou seja, a criança aprende melhor quando descobre conceitos por si mesma. 

As teorias de Piaget influenciaram significativamente a educação, psicologia e filosofia, e continuam a ser estudadas e aplicadas atualmente. Apesar da grandiosidade de sua obra, Piaget recebeu críticas em relação à linearidade e a universalidade dos estágios. Ainda assim, sua obra impactou na compreensão do desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças e adolescentes e continua a ser estudada e aplicada atualmente, influenciando a compreensão do desenvolvimento humano, a prática educacional e o desenvolvimento de teorias alternativas, como a Teoria da Mente e a Teoria da Aprendizagem Social. 

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Como citar este artigo: Seabra, K. C., Lobo, B. O. M., & Neufeld, C. B. (Nov., 2024).
Jean Piaget: quem foi, teorias e a psicologia do desenvolvimento
. Blog da Artmed. 

Autoras

  • Karla da Costa Seabra
     

Doutora e mestre em psicologia pela UERJ. Professora Associada do Departamento de Estudos da Infância, Faculdade de Educação, UERJ/Maracanã. Psicóloga clínica e escolar, especialista em TCC na infância e adolescência. Professora nos cursos de pós graduação do Intcc-Rio e Puc/Artmed. 

  •  
    Beatriz de Oliveira Meneguelo Lobo
     

Psicóloga e Mestra em Psicologia (área de concentração Cognição Humana) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Doutoranda em Psicologia em Saúde e Desenvolvimento pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP), com bolsa pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais e com Formação em Terapia do Esquema. Pesquisadora e Supervisora no Laboratório de Pesquisa e Intervenção Cognitivo-Comportamental (LaPICC) da Universidade de São Paulo (USP). Associada à Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC).