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Oxigenoterapia na fisioterapia: principais dispositivos e indicações

A oxigenoterapia é uma intervenção essencial na fisioterapia respiratória, caracterizada pelo fornecimento suplementar de oxigênio para corrigir a hipóxia e otimizar a oxigenação tecidual. Seu uso é indicado para pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica, incluindo condições como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), fibrose pulmonar, pneumonia grave e síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). Além disso, tem papel fundamental no período pós-operatório, reduzindo o risco de complicações respiratórias e facilitando a reabilitação pulmonar.

A importância da oxigenoterapia dentro da fisioterapia vai além da simples administração de oxigênio. O fisioterapeuta tem um papel ativo na monitorização dos parâmetros ventilatórios, ajustes na administração de oxigênio e na prescrição de técnicas complementares, como reeducação diafragmática e mobilização precoce. Em condições crônicas, o suporte de oxigênio pode ser essencial para melhorar a tolerância ao exercício e a qualidade de vida dos pacientes.

Estudos recentes destacam que a oxigenoterapia adequada pode reduzir a morbimortalidade em pacientes hospitalizados e contribuir para a reabilitação de indivíduos com doenças pulmonares crônicas. No entanto, seu uso excessivo ou inadequado pode levar a efeitos adversos, como hipercapnia em pacientes com retenção de CO₂. Assim, a avaliação criteriosa por profissionais especializados é fundamental para a eficácia e segurança da terapia.

Dispositivos de oxigenoterapia utilizadas na fisioterapia

A oxigenoterapia atua na manutenção dos níveis adequados de oxigenação tecidual em pacientes com disfunções ventilatórias e metabólicas. Diversas modalidades e dispositivos são utilizados para administrar oxigênio suplementar, cada um com indicações específicas e benefícios distintos. O cateter nasal, também conhecido como cânula nasal, é um dispositivo de baixo fluxo bastante utilizado. Ele fornece oxigênio diretamente nas narinas, permitindo que o paciente respire uma mistura de ar ambiente e oxigênio suplementar. É indicado para pacientes com insuficiência respiratória leve a moderada, oferecendo conforto e facilidade de uso.

No entanto, sua capacidade de fornecer altas concentrações de oxigênio é limitada, geralmente alcançando uma fração inspirada de oxigênio (FiO₂) de até 40% com fluxos de até 6 L/min. As máscaras de oxigênio são dispositivos que cobrem o nariz e a boca, permitindo a administração de oxigênio em concentrações mais elevadas do que as fornecidas pelo cateter nasal. Existem diferentes tipos de máscaras, como a máscara simples, a máscara de Venturi e a máscara não reinalante.

A máscara simples oferece concentrações de oxigênio de 40% a 60%, enquanto a máscara de Venturi permite uma FiO₂ mais precisa, sendo útil em pacientes que necessitam de controle rigoroso da oxigenação. A máscara não reinalante, equipada com um reservatório e válvulas unidirecionais, pode fornecer até 100% de oxigênio, sendo indicada em situações emergências ou em pacientes com hipoxemia grave. A ventilação não invasiva (VNI) é uma técnica que fornece suporte ventilatório sem a necessidade de intubação traqueal, utilizando interfaces como máscaras nasais ou oronasais. O CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) mantém uma pressão positiva contínua nas vias aéreas durante todo o ciclo respiratório, sendo eficaz no tratamento de condições como apneia obstrutiva do sono e edema pulmonar cardiogênico.

Já o BiPAP (Bilevel Positive Airway Pressure) oferece dois níveis de pressão: uma pressão inspiratória positiva (IPAP) e uma pressão expiratória positiva (EPAP), auxiliando pacientes com insuficiência respiratória hipercápnica, como aqueles com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) exacerbada.  

Para potencializar os efeitos da oxigenoterapia, algumas estratégias podem ser implementadas como técnicas de reexpansão pulmonar que incluem técnicas como espirometria de incentivo, respiração profunda e tosse assistida, que visam aumentar a capacidade pulmonar, melhorar a ventilação alveolar e prevenir atelectasias.

O profissional também poderá usar a ventilação controlada com o ajuste preciso dos parâmetros ventilatórios, como volume corrente, frequência respiratória e fração inspirada de oxigênio, para garantir uma ventilação adequada e minimizar o risco de lesão pulmonar induzida pela ventilação. A organização da terapêutica com diferentes estratégias, aliada à escolha adequada do dispositivo de oxigenoterapia, poderá atenuar disfunção de base dos pacientes e melhorar os desfechos clínicos dos pacientes.

Indicações da oxigenoterapia de acordo com as patologias 

A oxigenioterapia é uma alternativa no manejo de pacientes com insuficiência respiratória aguda (IRA), também é utilizada no pós-operatório de cirurgias abdominais e em indivíduos com distúrbios respiratórios neuromusculares. Seu objetivo principal é corrigir a hipoxemia, reduzindo o trabalho respiratório e melhorando a oxigenação tecidual.

Em condições de pós-operatório, especialmente em cirurgias abdominais, a hipoventilação e a disfunção diafragmática podem levar à atelectasia e hipóxia. A administração perioperatória de oxigênio é ainda discutida como forma de otimizar a oxigenação dos tecidos, minimizando os riscos associados à hiperóxia e hipóxia. O uso de oxigênio durante o período perioperatório evoluiu significativamente ao longo do tempo.

Na última década, vários ensaios randomizados demonstraram os benefícios potenciais da administração de oxigênio suplementar perioperatório na melhoria dos resultados após certos procedimentos cirúrgicos. Os estudos mostraram que aumentar a FiO2 pode reduzir o risco de infecções na ferida operatória e outras complicações. Estudos recentes também começaram a explorar as consequências celulares da administração de oxigênio perioperatório, revelando uma falta de pesquisa de alta qualidade nessa área.

O corpo de pesquisa existente não chegou a conclusões consistentes sobre o efeito da alta FiO2 nas complicações pós-operatórias. A oxigenioterapia, associada à exercícios respiratórios contribui para a prevenção de complicações pulmonares e acelera a recuperação. Em pacientes com doenças neuromusculares, a fraqueza da musculatura ventilatória pode resultar em hipoventilação e retenção de CO₂, tornando a suplementação de oxigênio importante para garantir a oxigenação adequada. O uso da oxigenioterapia deve ser ajustado conforme a necessidade individual do paciente, com monitoramento da saturação periférica de oxigênio (SpO₂) e gasometria arterial para evitar hipercapnia, especialmente em pacientes com controle ventilatório comprometido.

Em uma revisão sistemática e meta-análise recente que tinha como objetivo avaliar a eficácia clínica da oxigenoterapia nasal de alto fluxo e ventilação não invasiva em pacientes com exacerbação aguda de doença pulmonar obstrutiva crônica após extubação, foram incluídos 8 estudos com um total de 612 pacientes (297 no grupo HFNC e 315 no grupo NIV).

O uso de oxigenoterapia nasal de alto fluxo reduziu significativamente a taxa de complicação em comparação com NIV enquanto na mortalidade e tempo de internação na UTI, os resultados da análise mostraram que as duas terapêuticas não apresentaram diferença. Sendo assim, as evidências disponíveis mostram que a oxigenoterapia nasal de alto fluxo pode ser usada como um tratamento alternativo para ventilação não-invasiva após extubação em pacientes com exacerbação aguda de doença pulmonar obstrutiva crônica com hipercapnia.

Conclusão

A oxigenoterapia é um suporte terapêutico de uso em unidades hospitalares e no domicílio do paciente além de integrar as estratégias terapêuticas do profissional da fisioterapia. Comi diversas indicações para condições agudas ou crônicas, o uso adequado melhora a saturação de oxigênio, reduz a dispneia e favorece a restauração da funcionalidade do paciente. No entanto, seu manejo requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo fisioterapeutas, médicos e enfermeiros para ajuste preciso dos fluxos, monitoramento da resposta clínica e prevenção de complicações.