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Ultrassom terapêutico: princípios, efeitos fisiológicos e aplicação

O ultrassom terapêutico é uma modalidade utilizada na fisioterapia que aplica ondas sonoras de alta frequência para promover efeitos terapêuticos nos tecidos biológicos. As frequências mais comuns variam entre 1 e 3 MHz, permitindo tanto efeitos térmicos quanto não térmicos. 

Os efeitos térmicos incluem o aumento da circulação sanguínea, relaxamento muscular e melhora da elasticidade tecidual. Já os efeitos não térmicos, como a cavitação e a microcorrente acústica, favorecem a regeneração tecidual e o processo de cicatrização. A versatilidade do ultrassom terapêutico torna essa técnica útil no tratamento de lesões musculoesqueléticas, tendinites, contraturas e processos inflamatórios. 

A relevância do ultrassom na fisioterapia se destaca pela sua capacidade de atingir tecidos mais profundos de forma não invasiva, facilitando a recuperação e reduzindo o tempo de reabilitação. Além disso, sua aplicação é ajustável, permitindo que o fisioterapeuta personalize os parâmetros conforme o objetivo terapêutico e a condição clínica do paciente. 

Essa técnica é frequentemente utilizada em conjunto com outras abordagens, como terapia manual e exercícios, potencializando os efeitos de reabilitação. O uso do ultrassom na reabilitação remonta à década de 1940, sendo inicialmente empregado na medicina para fins diagnósticos e terapêuticos. 

Com o passar dos anos, avanços tecnológicos permitiram a miniaturização dos equipamentos e a diversificação das suas aplicações. Nos últimos anos, novas pesquisas têm explorado o potencial do ultrassom em áreas como a terapia regenerativa e o alívio da dor neuropática, ampliando sua importância na prática fisioterapêutica moderna.

Princípios do ultrassom terapêutico

O ultrassom terapêutico é amplamente utilizado na reabilitação por sua capacidade de promover reparação tecidual e modular dor. A frequência de 1 MHz é indicada para tecidos mais profundos, enquanto 3 MHz é utilizada para estruturas superficiais. 

A intensidade do ultrassom (0,1 a 3 W/cm²) influencia diretamente os resultados terapêuticos. Os efeitos térmicos ocorrem com maior intensidade em tecidos ricos em colágeno, resultando no aumento da extensibilidade, relaxamento muscular e vascularização. 

Por outro lado, os efeitos não térmicos envolvem cavitação e as vibrações acústicas, promovendo alterações na permeabilidade da membrana celular, estimulando reparo e regeneração tecidual. Fatores que afetam a propagação das ondas incluem a densidade e composição dos tecidos (como músculos e tendões), a uniformidade da aplicação e a necessidade de um meio condutor (como gel ou água) para minimizar a dispersão e absorção inadequada das ondas. Além disso, a velocidade de aplicação e o ângulo de contato influenciam a eficácia do tratamento.

Efeitos fisiológicos

Os efeitos sobre tecidos moles, inflamação e cicatrização envolvem uma sequência complexa de eventos celulares e moleculares. O processo de cicatrização é dividido em três fases: inflamação, proliferação e remodelamento. 

A fase inicial inflamatória é essencial para proteger o tecido lesionado de infecções e remover células danificadas, enquanto as fases subsequentes buscam restaurar a integridade do tecido. Durante a fase inflamatória, células imunológicas, como neutrófilos e macrófagos, são recrutadas para o local da lesão, liberando citocinas e fatores de crescimento que estimulam a migração de fibroblastos e queratinócitos. 

Essas células contribuem para a formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese) e produção de matriz extracelular, essencial para a regeneração do tecido. 

Na fase de proliferação, fibroblastos depositam colágeno e outros componentes estruturais, enquanto células endoteliais promovem angiogênese para suprir o tecido em regeneração. A produção controlada de espécies reativas de oxigênio (ROS) pelas células inflamatórias também participa da sinalização para a proliferação e migração celular. 

Finalmente, durante o remodelamento, ocorre a reorganização da matriz extracelular e substituição do colágeno inicial por um mais maduro e resistente. A atividade dos macrófagos é crucial nesse estágio para regular o equilíbrio entre inflamação e reparo, prevenindo o desenvolvimento de cicatrizes excessivas ou lesões crônicas. 

O controle adequado desse processo é fundamental para evitar que a inflamação persista, o que pode comprometer a cicatrização e levar ao desenvolvimento de feridas crônicas, como ocorre em algumas condições metabólicas ou imunológicas.

Aplicação clínica

O ultrassom terapêutico é utilizado na reabilitação para promover analgesia, aumentar a circulação local e acelerar a regeneração tecidual. Ele é indicado para condições como tendinites, capsulite adesiva, lesões musculares e fascite plantar. 

As contraindicações incluem presença de tumor, trombose, infecções locais, fraturas não consolidadas e gravidez. Os parâmetros variam conforme o objetivo, abaixo estão algumas sugestões para o uso:

  • Frequência:
    1 MHz para tecidos profundos (até 5 cm) e 3 MHz para tecidos superficiais (até 2 cm).
  • Modo de emissão:
    contínuo para efeitos térmicos (aumento da extensibilidade do tecido) e pulsado para efeitos não térmicos (estimulação da reparação tecidual).
  • Intensidade:
    entre 0,5 a 2,0 W/cm², ajustada conforme a tolerância do paciente e o objetivo terapêutico.
  • Duração:
    5 a 10 minutos por área tratada, dependendo do tamanho da lesão e da profundidade do tecido alvo.
  • Número de sessões:
    geralmente, 2 a 3 vezes por semana, totalizando 6 a 12 sessões, conforme a resposta clínica.

É fundamental que o profissional ajuste os parâmetros de acordo com a avaliação individual do paciente, considerando fatores como estágio da lesão, sensibilidade e objetivos terapêuticos. A aplicação inadequada pode resultar em efeitos adversos ou ineficácia do tratamento.

Conclusão

O ultrassom terapêutico é uma modalidade amplamente utilizada na fisioterapia devido aos seus efeitos terapêuticos sobre tecidos musculoesqueléticos. Sua aplicação promove a aceleração do processo de cicatrização, alívio da dor e melhora na mobilidade, especialmente em condições inflamatórias e lesões crônicas. 

Os efeitos térmicos e mecânicos, como a cavitação e a vibração, facilitam a reparação tecidual e a regeneração celular. Além disso, é uma ferramenta valiosa para complementar programas de reabilitação ao otimizar os benefícios dos exercícios terapêuticos e das técnicas manuais. 

No entanto, sua eficácia depende de uma aplicação correta e ajustada às necessidades específicas do paciente, incluindo parâmetros como frequência, intensidade e duração. Estudos sugerem que, quando associado a outras intervenções fisioterapêuticas, o ultrassom pode potencializar os resultados. Assim, o ultrassom terapêutico permanece como uma técnica eficaz e segura, desde que utilizado com critério e base em evidências atualizadas.