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Espondiloartrose: avaliação, tratamento e intervenções fisioterapêuticas

A espondiloartrose, também conhecida como osteoartrose da coluna vertebral, é uma condição degenerativa que afeta as articulações intervertebrais e os discos intervertebrais, resultando no desgaste das estruturas da coluna vertebral.

Esse processo degenerativo leva a alterações como formação de osteófitos (popularmente conhecidos como bicos de papagaio), redução do espaço discal, inflamação e dor. Embora possa afetar qualquer parte da coluna, a espondiloartrose é mais comum na região cervical e lombar, áreas sujeitas a maior carga e movimento ao longo da vida.

Epidemiologicamente, a espondiloartrose é uma das principais causas de dor e limitação funcional em adultos e idosos, sendo prevalente a partir dos 40-50 anos, com aumento progressivo da incidência em populações mais idosas. Estudos apontam que aos 65 anos cerca de 85% dos indivíduos apresentam algum grau de degeneração da coluna vertebral, independentemente de sintomas. Os fatores de risco incluem envelhecimento, predisposição genética, sobrepeso, sedentarismo e sobrecarga mecânica crônica.

Para fisioterapeutas, a espondiloartrose é um tema de grande relevância, pois o tratamento conservador é a primeira linha de abordagem na maioria dos casos. A fisioterapia visa reduzir a dor, melhorar a mobilidade articular, fortalecer a musculatura de suporte da coluna e educar o paciente sobre posturas adequadas e técnicas de proteção articular.

O conhecimento detalhado da patologia permite intervenções baseadas em evidências, visando melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Avaliação funcional da espondiloartrose

O exame clínico para espondiloartrose envolve uma avaliação detalhada para identificar os sinais e sintomas característicos da condição, como dor, rigidez e limitação funcional. Um dos principais objetivos é determinar o impacto da espondiloartrose na mobilidade articular e na força muscular, bem como nos padrões posturais e de movimento.

Os testes específicos incluem a palpação para identificar áreas de dor, além de manobras que avaliam a amplitude de movimento (ADM) das articulações afetadas, especialmente na coluna vertebral. A flexão, extensão, inclinação lateral e rotação da coluna são comumente verificadas, usando um goniômetro ou inclinômetro para medir a ADM.

Testes como o Teste de Schober, para avaliar a mobilidade da coluna lombar, e o Teste de Patrick (FABER) podem ser utilizados para verificar o comprometimento de articulações sacroilíacas e outras estruturas relacionadas. Na avaliação da força muscular, testes de força manual (Manual Muscle Testing - MMT) podem ser aplicados, com o objetivo de identificar fraquezas musculares específicas, especialmente nos músculos paravertebrais e estabilizadores da coluna.

A identificação de assimetrias de força entre os lados do corpo também pode fornecer pistas sobre desequilíbrios musculares que contribuem para a patologia. A análise postural é fundamental para identificar padrões de movimento compensatórios.

Pacientes com espondiloartrose frequentemente apresentam posturas antálgicas, com encurtamento de cadeias musculares e perda da lordose fisiológica da coluna, o que pode influenciar na biomecânica global do corpo. A avaliação pode incluir o uso de software de análise postural ou ferramentas simples como o fio de prumo para identificar desalinhamentos e padrões disfuncionais.
 

Estratégias de tratamento para espondiloartrose

As modalidades terapêuticas no manejo da espondiloartrose combinam intervenções físicas e farmacológicas para otimizar a função e reduzir a dor. Algumas abordagens como a terapia manual, eletroterapia e termoterapia são usadas no tratamento do paciente.

Terapia Manual

Envolve técnicas como mobilizações e manipulações articulares, frequentemente aplicadas para melhorar a mobilidade e aliviar o desconforto. Essas técnicas visam reduzir a rigidez articular, melhorar a circulação local e reequilibrar padrões de movimento. Diversos estudos mostram que a combinação de manipulações com exercícios de fortalecimento pode ser eficaz na melhora da dor e funcionalidade em pacientes com espondiloartrose.

Eletroterapia

A eletroterapia, como o uso de correntes de baixa frequência, como TENS (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea), é uma prática comum para o alívio da dor.

A eletroterapia estimula fibras nervosas, inibindo sinais de dor e promovendo analgesia, permitindo que o paciente participe mais ativamente da reabilitação.

Termoterapia

A termoterapia, que inclui o uso de calor ou frio, também é amplamente utilizada. O calor é aplicado por equipamentos específicos ou, em casos em que os equipamentos não estão disponíveis, através do uso de bolsas térmicas. O objetivo é relaxar músculos e tecidos moles, melhorar a flexibilidade e reduzir a rigidez articular.

O frio, por outro lado, é útil em fases agudas para reduzir inflamações e aliviar a dor. As abordagens farmacológicas, em combinação com a fisioterapia, incluem o uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), relaxantes musculares e analgésicos.

A combinação de medicação e fisioterapia maximiza o controle da dor, permitindo que o paciente participe de forma mais eficaz em programas de reabilitação. Programas de reabilitação e fortalecimento são essenciais.

Exercícios específicos visam fortalecer a musculatura ao redor das articulações afetadas, melhorar a estabilidade e reduzir a carga sobre as articulações. Exercícios aeróbicos de baixo impacto, como caminhadas e hidroterapia, também são recomendados para melhorar a condição física geral e reduzir a dor.

Intervenções fisioterapêuticas

Os exercícios físicos desempenham um importante no manejo da espondiloartrose, visando tanto a melhora da função quanto a redução da dor. A prática regular de exercícios pode promover o fortalecimento muscular, melhorar a flexibilidade e aumentar a mobilidade articular, fatores essenciais para manter a qualidade de vida de pacientes com essa condição.

Os exercícios de fortalecimento muscular são frequentemente recomendados para estabilizar a coluna vertebral e aliviar a pressão nas articulações afetadas. O fortalecimento dos músculos do core (abdômen, lombar e músculos paravertebrais) pode fornecer suporte adicional à coluna, reduzindo a sobrecarga nas estruturas articulares e ajudando a aliviar a dor.

Métodos com o pilates pode contribuir para o fortalecimento, estabilização melhora da funcionalidade dos pacientes. As técnicas de alongamento contribuem para quebrar o padrão antálgico e para melhorar a flexibilidade dos músculos ao redor da coluna e das articulações periféricas.

Alongamentos regulares dos músculos isquiotibiais, quadríceps e lombares ajudam a aumentar a amplitude de movimento e reduzir a rigidez articular, que é uma característica comum da espondiloartrose. Programas de alongamento dinâmico e estático, realizados de forma gradual e controlada, podem minimizar a dor e facilitar a realização de atividades diárias.

O uso de órteses e dispositivos de suporte também podem ser incluídos no manejo da espondiloartrose. Órteses lombares, por exemplo, podem ser utilizadas para fornecer suporte adicional à coluna, especialmente durante atividades que envolvem maior carga ou movimento, como levantar pesos ou permanecer em pé por longos períodos. Esses dispositivos podem ajudar a reduzir o risco de exacerbação da dor e contribuir para a correção de posturas inadequadas.

Outra modalidade que pode ser um auxiliar no atendimento ao paciente com espondiloartrose é a realidade virtual (RV). Implementar a RV como uma técnica de distração e incentivo à reabilitação pode melhorar o envolvimento do paciente enquanto coleta simultaneamente dados de mobilidade. Além disso, implementar a reabilitação de RV usando tecnologia de smartphone oferece um método barato de exercício e reabilitação eficaz.

Conclusão

A reabilitação do paciente com espondiloartrose tem como objetivo minimizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida, focando principalmente na preservação da mobilidade, controle da dor e manutenção da funcionalidade.

O tratamento deve ser multidisciplinar, englobando tanto a intervenção fisioterapêutica quanto o uso de modalidades complementares, como a eletroterapia e a termoterapia, além de, em alguns casos, abordagens farmacológicas para alívio da dor.

As técnicas de terapia manual e exercícios específicos são eficazes na mobilização articular, promovendo alívio da rigidez e melhora da amplitude de movimento. O fortalecimento muscular e as técnicas de alongamento ajudam a equilibrar a biomecânica corporal, prevenindo a sobrecarga articular e promovendo maior estabilidade.

Além disso, o uso de órteses e dispositivos de suporte auxilia na correção postural e no alívio da dor durante atividades diárias. Por fim, a educação do paciente sobre a autogestão da condição e a manutenção de hábitos saudáveis são fundamentais para garantir os resultados a longo prazo.

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