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Fisioterapia na prevenção de quedas em idosos: técnicas e benefícios

A transição demográfica no Brasil caracteriza-se pela mudança de uma população predominantemente jovem para uma com crescente proporção de idosos. Esse fenômeno resulta da redução das taxas de natalidade e mortalidade, aliado ao aumento da expectativa de vida. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população com 60 anos ou mais tem crescido significativamente nas últimas décadas. Com o envelhecimento populacional, surgem desafios específicos, entre os quais se destacam as quedas entre idosos.

As quedas representam um dos principais problemas de saúde pública nessa faixa etária, sendo a causa mais comum de lesões, hospitalizações e mortes acidentais. Fatores como diminuição da força muscular, alterações no equilíbrio, uso de múltiplos medicamentos e condições ambientais inadequadas aumentam o risco de quedas. Os impactos das quedas na população idosa são significativos. Fisicamente, podem resultar em fraturas, traumatismos cranianos e perda de mobilidade e atraso na retomada da funcionalidade. Emocionalmente, o medo de cair novamente pode levar ao isolamento social, depressão e redução da qualidade de vida. Socialmente, as quedas aumentam a dependência de cuidados de terceiros, sobrecarregando familiares e serviços de saúde. Economicamente, elevam os custos com internações, tratamentos e reabilitação, pressionando o sistema de saúde pública.

A prevenção de quedas é essencial para minimizar esses impactos. Intervenções como programas de exercícios físicos voltados ao fortalecimento muscular e melhoria do equilíbrio, adaptações no ambiente domiciliar para torná-lo mais seguro e revisões periódicas de medicamentos podem reduzir significativamente o risco de quedas. Além disso, campanhas educativas que conscientizem idosos, familiares e cuidadores sobre os riscos e medidas preventivas são fundamentais. 

A transição demográfica que acontece no Brasil impõe a necessidade de políticas públicas e estratégias de saúde direcionadas à população idosa e aos principais agravos decorrentes do processo de envelhecimento. Abordagens multidisciplinares que envolvam profissionais de saúde, familiares e a comunidade são essenciais para promover um envelhecimento saudável e minimizar os impactos negativos das quedas na vida dos idosos.

Técnicas de fortalecimento muscular e equilíbrio

O Protocolo OTAGO é uma intervenção baseada em evidências projetada para reduzir o risco de quedas em idosos por meio de exercícios de fortalecimento muscular, equilíbrio e mobilidade. Desenvolvido na Nova Zelândia, esse programa é frequentemente implementado por profissionais da área da saúde e da reabilitação e é indicado principalmente para idosos com maior risco de quedas. A execução do protocolo geralmente inclui uma combinação de exercícios domiciliares supervisionados e práticas regulares, proporcionando benefícios como melhora do equilíbrio funcional, aumento da força muscular e maior confiança na realização de atividades diárias. 

Os exercícios do protocolo OTAGO focam no fortalecimento dos músculos dos membros inferiores, essenciais para manter a estabilidade e prevenir quedas. Exemplos incluem o fortalecimento dos quadríceps, panturrilhas e glúteos por meio de agachamentos moderados, elevações de pernas em decúbito e exercícios de subir e descer degraus. A prática regular também integra exercícios de equilíbrio dinâmico, como caminhadas em linha reta, transferências e mudanças de peso lateral.

Além do OTAGO, outros exercícios de fortalecimento são fundamentais para idosos. O uso de resistência leve a moderada, como faixas elásticas, pode ajudar a preservar a força muscular. Atividades como o agachamento livre e suas variações, elevações de calcanhar em pé e flexões plantares assistidas são úteis para promover estabilidade articular e funcionalidade. A recomendação é realizar esses exercícios de forma consistente, pelo menos 2 a 3 vezes por semana, com supervisão profissional e posteriormente, para a manutenção, poderá ser realizado sem supervisão. O terapeuta irá avaliar essa conduta junto ao desempenho do paciente.

Os resultados desses programas incluem não apenas a redução do risco de quedas, mas também uma maior independência funcional e qualidade de vida. A adaptação às necessidades específicas de cada idoso é essencial para maximizar os benefícios e minimizar o risco de lesões. 

Avaliação funcional e identificação de fatores de risco

A identificação precoce do risco de quedas em idosos é fundamental para a implementação de medidas preventivas eficazes. Diversos testes são utilizados para avaliar esse risco, destacando-se alguns entre os mais empregados:

  • Escala de Equilíbrio de Berg:
    avalia o equilíbrio funcional por meio de 14 tarefas comuns do cotidiano, como levantar-se de uma cadeira e permanecer em pé sem apoio. Cada item é pontuado de 0 a 4, totalizando até 56 pontos; pontuações mais baixas indicam maior risco de quedas.
  • Timed Up and Go
    : mede a mobilidade e o equilíbrio. O idoso deve levantar-se de uma cadeira, caminhar três metros, retornar e sentar-se novamente. O tempo gasto na tarefa é registrado; tempos superiores a 20 segundos sugerem risco elevado de quedas.
  • Short Physical Performance Battery
    : avalia o desempenho físico por meio de testes de equilíbrio, velocidade da marcha e força dos membros inferiores. A pontuação varia de 0 a 12; escores mais baixos estão associados a maior risco de quedas.
  • Teste de Alcance Funcional (TAF):
    mensura a estabilidade postural. O idoso, em pé, estende o braço à frente o máximo possível sem perder o equilíbrio. Alcances menores que 15 centímetros indicam risco aumentado de quedas.
  • QuickScreen Clinical Falls Risk Assessment:
    instrumento multifatorial que avalia diversos fatores de risco, como histórico de quedas, uso de medicamentos, déficits sensoriais e força muscular. Identifica idosos com maior probabilidade de quedas futuras, permitindo intervenções direcionadas.

A aplicação destes testes permite uma avaliação abrangente do risco de quedas, auxiliando na elaboração de programas de prevenção personalizados para a população idosa. 

Benefícios da fisioterapia preventiva

As quedas representam um dos principais riscos à saúde dos idosos, podendo levar a fraturas, hospitalizações e até óbito. A implementação de ações preventivas é fundamental para reduzir a incidência de quedas, preservando a autonomia e melhorando a qualidade de vida nessa população. Intervenções multifatoriais, que incluem exercícios físicos voltados ao fortalecimento muscular e ao equilíbrio, adaptações no ambiente domiciliar para torná-lo mais seguro e programas educacionais sobre prevenção de quedas têm se mostrado eficazes. Essas medidas não apenas diminuem o risco de quedas, mas também promovem a independência funcional dos idosos.

Estudos indicam que a atuação de profissionais de saúde, como fisioterapeutas e enfermeiros, é crucial na identificação de fatores de risco e na implementação de estratégias preventivas personalizadas. A avaliação clínica detalhada permite identificar déficits de equilíbrio, mobilidade reduzida e outros fatores intrínsecos que podem predispor o idoso a quedas. Além disso, a orientação sobre o uso correto de dispositivos de auxílio à marcha e a modificação de comportamentos de risco são componentes essenciais das ações preventivas.

A adaptação do ambiente domiciliar, eliminando obstáculos e garantindo boa iluminação, é outra estratégia eficaz. A instalação de barras de apoio em banheiros e a remoção de tapetes soltos podem prevenir acidentes. Programas comunitários que incentivam a atividade física regular e a participação social também contribuem para a redução do isolamento e da depressão, fatores que podem influenciar negativamente o equilíbrio e a mobilidade.

A abordagem deve ser multifatorial, envolvendo a avaliação individualizada, intervenções no ambiente e educação em saúde, sempre com a participação ativa dos profissionais de saúde e da comunidade. 

Conclusão

A prevenção de quedas em idosos é fundamental para preservar a funcionalidade, a autonomia e a qualidade de vida dessa população. A fisioterapia desempenha um papel central nesse processo ao identificar fatores de risco e implementar programas personalizados de exercícios de fortalecimento, equilíbrio e mobilidade. 

Além disso, o fisioterapeuta orienta adaptações ambientais e promove a educação sobre estratégias preventivas. Esses cuidados integrados não apenas reduzem a incidência de quedas, mas também diminuem o impacto de eventuais lesões, favorecendo um envelhecimento mais saudável e ativo.

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