Mobilização articular: abordagens e benefícios para reabilitação física

A mobilização articular é uma técnica terapêutica muito utilizada na fisioterapia com o objetivo de restaurar a mobilidade e a funcionalidade das articulações comprometidas. Baseada em movimentos passivos aplicados de forma controlada e em diferentes amplitudes, a mobilização articular visa minimizar a rigidez articular, aliviar a dor e melhorar o desempenho funcional. Essa abordagem é especialmente valiosa no manejo de condições como artrose, lesões esportivas, pós-operatórios e patologias ortopédicas, além de contribuir para a reabilitação neurológica.
O conceito de mobilização articular está intrinsecamente ligado aos princípios da biomecânica e da cinesiologia. Os movimentos realizados durante a técnica seguem padrões específicos que respeitam a anatomia e a fisiologia articular, o que potencializa os benefícios terapêuticos sem causar danos aos tecidos. As técnicas de mobilização podem variar desde graus leves de deslizamento articular, utilizados para aliviar dor, até mobilizações mais intensas que visam ganhos de amplitude de movimento.
A mobilização articular como ferramenta na reabilitação atua também nas complicações secundárias, como aderências teciduais e contraturas, frequentemente observadas em períodos de imobilização prolongada. Além disso, a técnica melhora a nutrição da cartilagem articular ao promover a circulação do líquido sinovial, fundamental para o funcionamento articular. Estudos também destacam sua influência na modulação da dor, atuando através de mecanismos neurofisiológicos que inibem os estímulos nociceptivos.
Outro aspecto relevante é a sua aplicação como complemento a outras modalidades terapêuticas, como exercícios de fortalecimento e alongamento, potencializando os resultados globais da reabilitação. Dessa forma, a mobilização articular atua como uma ferramenta adjuvante para o fisioterapeuta contribuindo para o restabelecimento funcional e qualidade de vida dos pacientes.
Abordagens e técnicas de mobilização
A mobilização articular pode ser realizada de maneira passiva, quando o movimento é induzido pelo terapeuta sem a contração muscular (colaboração do paciente), ou ativa, quando o próprio paciente realiza os movimentos de forma controlada, podendo incluir assistência mínima do terapeuta.
A mobilização passiva é amplamente empregada no manejo de condições como rigidez articular, pós-operatórios e lesões que limitam o movimento ativo. Exemplos incluem a mobilização passiva contínua, frequentemente utilizada em reabilitação pós-artroplastia, e técnicas manuais como deslizamentos e oscilações para promover relaxamento muscular e hidratação articular. Essas intervenções são eficazes para reduzir aderências e manter a mobilidade articular em casos em que o movimento ativo é contraindicado.
Já a mobilização ativa é aplicada quando o paciente é capaz de executar movimentos voluntários. É frequentemente usada para fortalecer musculaturas enfraquecidas e promover coordenação motora. Técnicas incluem exercícios isotônicos e isométricos controlados, progressões com faixas elásticas ou carga leve e movimentos funcionais, que simulam atividades diárias. Essa abordagem é indicada em fases mais avançadas da reabilitação, como em recuperação de lesões musculoesqueléticas e condições neurológicas.
A escolha entre as técnicas depende do estágio da reabilitação, da condição clínica do paciente e dos objetivos terapêuticos. A combinação de ambas as modalidades é frequentemente utilizada para maximizar os benefícios funcionais, promover a independência do paciente e prevenir complicações secundárias como contraturas e perda de força muscular. Algumas técnicas são descritas na literatura com benefícios já estabelecidos, como:
Técnica de Mobilização Oscilatória de Maitland
Técnica que utiliza movimentos oscilatórios passivos em diferentes graus (I a IV) para restaurar a amplitude de movimento e reduzir a dor. Os graus I e II são mais superficiais e usados para alívio da dor, enquanto os graus III e IV são realizados com maior amplitude para melhorar a mobilidade articular. Indicado para tratamento de articulações com limitação de movimento, como no caso de osteoartrite, capsulite adesiva ou pós-imobilização.
Técnica de Mobilização de Mulligan
Consiste na aplicação de uma mobilização passiva acessória realizada pelo terapeuta enquanto o paciente executa um movimento ativo na articulação. Enfatiza a restauração da função sem dor. Utilizado em casos de dor ou restrição de movimento em condições como tendinopatias, dores no joelho, ombro congelado ou epicondilite.
Mobilização por Tração Articular
Técnica que utiliza forças perpendiculares à superfície articular para separar as superfícies das articulações, aliviando a compressão e facilitando o movimento. Utilizada no tratamento de dores relacionadas a compressão articular, como em osteoartrite do quadril ou joelho, além de dores em coluna vertebral.
Mobilização Passiva de Kaltenborn
Envolve técnicas passivas e sustentadas com ênfase em movimentos lineares para melhorar a mobilidade articular e aliviar dor. É classificada em três graus: I (redução de compressão), II (mobilização sem tensão completa) e III (tensão para alongamento de tecidos). Frequentemente usada para melhorar a mobilidade em articulações rígidas, como o ombro, tornozelo ou quadril.
Benefícios na recuperação física
Entre os principais benefícios da mobilização articular na reabilitação, destacam-se:
- Redução da dor:a mobilização articular pode aliviar a dor nas articulações, especialmente quando esta é causada por problemas de mobilidade. Ao promover movimentos controlados, a técnica estimula a liberação de endorfinas e melhora a circulação sanguínea na região afetada, contribuindo para o alívio da dor.
- Aumento da amplitude de movimento:a técnica auxilia na restauração da amplitude de movimento das articulações, essencial para a realização de atividades diárias e para a recuperação funcional. Isso é particularmente importante em casos de rigidez articular decorrente de lesões ou condições crônicas, como a osteoartrite.
- Prevenção de rigidez articular:a mobilização articular é eficaz na prevenção de rigidez, mantendo ou melhorando a flexibilidade das articulações. Isso é fundamental para evitar limitações funcionais e promover a independência do paciente em suas atividades cotidianas.
- Melhora do fluxo sanguíneo:os movimentos realizados durante a mobilização articular aumentam o fluxo sanguíneo na área tratada, o que facilita a nutrição dos tecidos e a remoção de metabólitos, acelerando o processo de cicatrização e recuperação.
- Aprimoramento da propriocepção:a técnica também contribui para a melhora da propriocepção, que é a capacidade do corpo de perceber a posição das articulações no espaço. Isso resulta em melhor controle motor e equilíbrio, reduzindo o risco de novas lesões.
É importante ressaltar que a mobilização articular deve ser realizada por profissionais qualificados, que possam avaliar a condição específica de cada paciente e adaptar as técnicas conforme necessário. A aplicação adequada dessa intervenção, aliada a outras modalidades terapêuticas, pode otimizar os resultados da reabilitação e promover uma recuperação mais eficiente.
Conclusão
A mobilização articular é uma abordagem que pode ser usada dentro da conduta terapêutica do fisioterapeuta, proporcionando benefícios significativos em diversos desfechos clínicos. Essa técnica é amplamente utilizada para tratar disfunções musculoesqueléticas, promovendo a hidratação articular, redução de aderências e estímulo proprioceptivo.
Adaptada às necessidades de cada paciente, contribui para o equilíbrio entre estabilidade e mobilidade articular, favorecendo a recuperação funcional e prevenindo certas complicações. Quando integrada a outras intervenções, como exercícios terapêuticos e fortalecimento muscular, potencializa os resultados, garantindo um tratamento mais eficaz e centrado no paciente.
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