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Abordagens da psicologia: conheça as principais

A Psicologia é uma área do conhecimento que estuda o comportamento e os processos mentais (Morris & Maisto, 2004), sob diferentes perspectivas metodológicas e teóricas. Ao longo da história, diversas abordagens foram desenvolvidas para explicar os processos mentais e comportamentais. Neste texto, serão apresentadas algumas das principais abordagens da Psicologia, destacando suas características e contribuições para a área.

No início do séc. XX são lançados os fundamentos da ciência da psicologia, que torna-se oficialmente ciência em 1879, ano em que Wilhem Wundt fundou o primeiro laboratório de psicologia na Universidade de Leipzig, na Alemanha (Morris & Maisto, 2004). A partir desse marco histórico, diferentes escolas de conhecimento e pesquisa ocorrem.

No presente artigo, direcionaremos luz à algumas das abordagens estudadas na atualidade, como a abordagem psicanalítica, abordagem comportamental, abordagem humanista e terapia cognitivo-comportamental.

Abordagem psicanalítica 

Desenvolvida por Sigmund Freud, a Psicanálise baseia-se na ideia do inconsciente e na influência dos instintos e experiências precoces na formação da personalidade.  

Somos motivados por impulsos e instintos que não estão disponíveis na parte consciente e racional da nossa mente. Embora  reprimidos, ou seja, não disponíveis à percepção, os conteúdos inconscientes exercem pressão sobre a mente consciente e se expressam de maneiras disfarçadas ou alteradas, como através de sonhos, atos falhos, e sintomas de doenças mentais, bem como através da arte e da literatura (Morris & Maisto, 2004). 

O termo psicanálise é usado para se referir a uma teoria, a um método de investigação e a uma prática profissional. A Psicanálise, como método de investigação, caracteriza-se pelo método interpretativo, que busca o significado oculto daquilo que é manifestado por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginárias, delírios, associações livres. A prática profissional refere-se à forma de tratamento – a análise – que busca o autoconhecimento ou a cura, que ocorre por meio desse processo de investigação (Bock, 2018). 

Abordagem Comportamental 

A Psicologia Comportamental enfatiza a observação e análise do comportamento humano, considerando-o como resultado de estímulos ambientais e aprendizado. Desenvolvida por pesquisadores como Ivan Pavlov, John B. Watson e B. F. Skinner, esta abordagem destaca a importância do condicionamento e da aprendizagem na modificação do comportamento.

Os estudos behavioristas partiram dos trabalhos do fisiologista russo Ivan Pavlov sobre o condicionamento, processo em que há o pareamento e associação entre estímulos que resultam em uma aprendizagem. John B. Watson, fundador do behaviorismo radical, considerava que as experiências mentais — como pensamento, sentimento, percepção do self — são mudanças fisiológicas em resposta a experiências acumuladas de condicionamento (Morris & Maisto, 2004).  

B. F. Skinner, behaviorista radical, defende a ideia de estudar apenas o comportamento mensurável e observável (Morris & Maisto, 2004). Ao trabalhar em pesquisas com animais não humanos e rejeitar os mecanismos mentais, Skinner introduz o conceito de condicionamento operante, que envolve o fortalecimento ou enfraquecimento do comportamento, conforme a ausência ou presença de um reforço (recompensa) ou punição, e propõe que essa forma de aprendizagem pudesse explicar todas as formas do comportamento humano.

Skinner também aplicou sua análise experimental do comportamento para muitos fenômenos psicológicos como aprendizagem, aquisição da linguagem e a resolução de problemas (Sternberg, 2015).  

Abordagem humanista 

A Psicologia Humanista destaca a importância da experiência subjetiva e do crescimento pessoal, e é referida como uma terceira força (historicamente, além da psicanálise e do behaviorismo) da psicologia.

Abraham Maslow e Carl Rogers são dois dos principais representantes dessa abordagem, que enfatiza conceitos como autorrealização, autoconhecimento e a valorização do potencial humano. A abordagem Humanista enfatiza o potencial humano, a importância do sentimento de pertencimento, da autoestima, da expressão pessoal e da auto atualização (a espontaneidade e criatividade resultam do ato de se concentrar em problemas externos ao self de uma pessoa e de olhar além das convenções sociais). O humanismo, ao invés de enfatizar o adoecimento mental, salienta a saúde mental, o bem-estar, a autocompreensão e o auto-aperfeiçoamento (Morris & Maisto, 2004). 

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) 

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
é descrita como um termo usado para descrever uma família de intervenções terapêuticas em focam na relação entre três instâncias indissociáveis: processos cognitivos, emocionais e comportamentais.

O foco principal da TCC é facilitar a conscientização do papel dos pensamentos nas emoções e nos comportamentos. Os estudos da TCC partem dos achados da psicologia comportamental, com enfoque na relação entre comportamentos e emoções.

Através da aprendizagem, novos comportamentos podem ser aprendidos para substituir os comportamentos disfuncionais, ou seja, que trazem prejuízo ao indivíduo. Em seguida, a TCC passa a incorporar os significados e as interpretações subjetivas que são atribuídas aos eventos que ocorrem. Em terapia, a dupla paciente-terapeuta testa e desafia diretamente o conteúdo das tendências subjacentes aos pensamentos e cognições mais profundas, buscando maneiras alternativas mais úteis, funcionais e equilibradas de pensar.

Essa fase da TCC foi influenciada fortemente pelo trabalho pioneiro de Albert Ellis (1962) e Aaron T. Beck (1964; 1964) (Stallard, 2021).  

Mais recentemente, diferentes abordagens da TCC têm sido propostas, ampliando a ênfase no processamento cognitivo e introduzindo conceitos como aceitação, compaixão e mindfulness.

O princípio é que podemos mudar a natureza da relação que temos com nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos, ao invés de mudá-los diretamente. Alguns modelos dessa abordagem incluem:
Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)
[do inglês
acceptance and commitment therapy
]),
Terapia Focada na Compaixão (TFC)
,
Terapia Comportamental Dialética
(DBT [do inglês
dialectical behavior therapy
]) e
Terapia Cognitivo-Comportamental Baseada em Mindfulness
(MBCT [do inglês
mindfulness based cognitive therapy
). Um dos principais pressupostos da TCC é que ela é focada nos aspectos do presente e baseada em evidências, sendo constantemente testada em estudos e ensaios clínicos randomizados (Stallard, 2021).  

Conclusão

O presente artigo perpassou algumas das diferentes abordagens da psicologia, área do conhecimento marcada pelas diferentes vertentes e múltiplos olhares para os aspectos do comportamento e da mente humana.

Foram discutidas características principais da Psicanálise, com seu foco no inconsciente, a Psicologia Comportamental, com sua ênfase na observação e no condicionamento, a Psicologia Humanista, que valoriza a experiência subjetiva e o crescimento pessoal, e a Terapia Cognitivo-Comportamental, que enfoca na relação entre processos cognitivos, emocionais e comportamentais, bem como oferece ferramentas de mudanças para cada uma dessas inseparáveis instâncias.  

São abordagens que não apenas ampliam o entendimento sobre a complexidade humana, mas também enriquecem as práticas terapêuticas, proporcionando ferramentas diversas para o tratamento e promoção da saúde mental. Assim, o conhecimento dessas teorias e abordagens de compreensão da mente e comportamento humanos evidencia a multiplicidade e complexidade da ciência psicológica.